Empatia: o que é isso de neurônios espelho?

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Empatia

A bailarina girava y girava enquanto centenas de olhos atentos a observavam.

A bailarina saltava e saltava, enquanto centenas de corações  saltavam com ela.

Todos desejosos de sentir a mesma liberdade, a mesma destreza e o mesmo controle sobre seu próprio corpo.

A bailarina dançava conduzindo a plateia a dançar com ela.

A bailarina caiu, torcendo o pé e chorando de dor.

Mas ela não estava só, centenas de lágrimas caíram compartindo a sua dor.

(Claudine Bernardes)

Nos últimos dias a palavra “empatia” permeia a minha mente, como se me buscasse constantemente (que dramática essa frase – risos)

A EMPATIA é

“a capacidade de dar-se conta do que as outras pessoas estão sentindo e compartilhar esses sentimentos em algum grau”.

López, F., Carpintero, E., Campo, A., Soriano, S. y Lázaro, S. (2006). La empatía y el corazón social inteligente. Cuadernos de pedagogía nº 356.

Hoje não vou falar como desenvolver a empatia, nem nada pelo estilo (talvez fale sobre isso em outro post). Quero falar sobre algo que li hoje mesmo, e que chamou a minha atenção: Os Neurônios Espelho e a conexão com a empatia.

O texto abajo é da Psicóloga Gema Sánches Cueva, publicado no site La Mente es Maravillosa e eu tomei a liberdade de traduzi-lo. 

“Ao observar um espetáculo de música ou um teatro, as vezes experimentamos a necessidade de realizá-lo, inclusive sentimos sensações derivadas ao observá-lo. Segundo estudiosos isso acontece porque enquanto observamos o espetáculo, no nosso cérebro se ativam uns neurônios especiais, chamados neurônios espelho.

Os neurônios espelho são um grupo de células que foram descobertas pela equipe do neurobiólogo Giacomo Rizzolatti e que parece que estão relacionadas com os comportamentos empáticos, sociais e imitativos. Sua missão é refletir a atividade que estamos observando.

Foram realizados inúmeros estudos e se comprovou que existe um grupo de células que se ativam no cérebro quando um animal ou ser humano realiza uma atividade, e quando se observa a outros executando uma ação, produzindo uma representação mental da mesma. É daí que surge a palavra “espelho”.

Um neurônio espelho, por tanto, é uma célula nervosa que se ativa em duas situações:
1. Ao executar uma ação;
2. Ao observar a execução de uma ação.

Curiosidades sobre os neurônios espelho:

Este tipo de células se encontram na corteza frontal inferior do cérebro, próximas a zona da linguagem, permitindo que os pesquisadores estudassem a relação existente entre a linguagem e os gestos e sons.

Os neurônios espelho são as células encarregadas de fazer-nos bocejar quando vemos outra pessoa bocejando. Também é graças a eles que as vezes imitamos um gesto de alguém que está próximo sem saber o motivo.

Além disso, os neurônios espelho desempenham um papel fundamental na psicologia, no que se relaciona com a parte comportamental, como é a empatia, o aprendizado pela imitação, a conduta de ajuda aos outros etc., demonstrando uma vez mais que somos seres sociais.”

Deixo alguns videos sobre o tema:

por raulespert

Você já conhecia os neurônios espelho e a sua conexão com a empatia?

Espero notícias suas! Lembre-se que “A Caixa de Imaginação” é um instrumento de comunicação, por isso me alegrarei ao recibir seus comentários.

10 comentários sobre “Empatia: o que é isso de neurônios espelho?

  1. Eu já conhecia essa teoria dos neurônios-espelho. Recentemente, assisti a um documentário, na Sky, intitulado: “Eu”, que abordava esse tema. Não imagino que seja relativo a algo como os chamados neurônios-espelho. Há uma ciência bem mais antiga, a Sociobiologia, que já observava essa tendência à imitação, como uma defesa natural, não apenas dos seres humanos, mas de todos os animais. Eu diria mais: de todos os seres, inclusive os que são considerados não animados (rochas, madeira, etc.). Esse foi o tema de minha monografia final, em meu curso de graduação em Comunicação Social, em Brasília, 1984. Se observarmos os animais e plantas, na Natureza, veremos que eles têm sua táticas, tanto de imitação (pela empatia), quanto de defesa. Pela imitação, aqueles seres buscam um tipo de empatia com os seres que se avizinham. Se os “intrusos” fizerem parte de sua dieta natural, eles costumam usar uma ou outra tática: camuflar-se, para que sua presa se aproxime sem percebe-los, e seja fácil de ser “caçada”; atrair as presas, “embelezando-se”, mostrando-se saboroso, também para atrair; ou amedrontar o intruso (neste caso, quando há o perigo de ser, o animal em questão, mais fraco, ou constar do cardápio do invasor). Nós, humanos, agimos da mesma forma, dentro de nossas capacidades morfológicas, claro. Nas grandes catástrofes, por exemplo, costumamos esquecer nossos preconceitos, lutas de classes, preconceitos relativos à etnia ou aos valores (religião, política, diferença de classe sócioeconômica, etc.), e partimos para a ação de socorrer os mais atingidos. Essa empatia faz parte de nossa defesa natural, e um pouco da nossa vaidade, também. É, por um lado, uma forma de ajudar a quem desprezávamos, por temermos ser atingidos pela mesma tragédia no futuro, e deixarmos naqueles a quem antes tratávamos com indiferença ou desdém uma certa “obrigação” de nos ajudarem, quando estivermos em posição contrária à atual; e, por outro lado, uma forma de “nos exibirmos”, mostrando àqueles a quem estamos ajudando que NÃO SOMOS INFERIORES A ELES. Em todas as espécies animais observadas por Wilson (Edward Osborne Wilson, propositor da Sociobiologia), existem lutas intrarraciais (entre animais da mesma espécie), até mesmo nas mais gregárias. Mas, quando aparece uma ameaça externa (caçadores ou animais de outra espécie, que invadam sua área), os membros da “família” se unem para defender-se das ameaças, esquecendo momentaneamente as “rixas”. Não creio que isso tenha a ver com nenhum grupo específico de neurônio, mas com o próprio senso de autopreservação, existente em todas as criaturas. O assunto é muito mais extenso, claro, e, assim como na minha monografia, levaria pelo menos umas trezentas páginas de dissertação. O título de meu TCC foi: “Fatores bio-culturais da Comunicação de Massa” – CEUB, dezembro de 1984.

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    • Oi Alberto. Muito legal receber teus comentários aqui no blog também. Assim os outros leitores também podem aprender com as teus comentários. Achei super interessante tudo o que você escreveu e comecei a ler um pouco sobre isso. Estou fazendo uma especialização em contoterapia, onde estudo bastante educação emocional, e foi quando encontrei o assunto dos neurônios espelho e me pareceu bastante interessante. Obrigada por passar por aqui. 😉

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  2. Eu é que agradeço, Claudine. É muito bom frequentar seu blog, pois você é uma das pessoas mais sensatas e criativas com quem já me correspondi. Essa matéria, dos neurônios-espelhos me chamou a atenção, pois me remete a conhecimentos mais antigos que, por alguma razão, foram pouco considerados. Tenho dois irmãos que são psicólogos, ambos freudianos, e às vezes discuto com eles. Creio que Freud foi um grande colaborador para a psicologia, mas era muito radical, e não aceitava (imagino) a abertura de seus conceitos. Meus irmãos seguem essa linha. Mas a Psicanálise já passou por várias etapas evolutivas, mais abrangentes e menos pétreas, como a Gestalt (Carl Gustav Jung), a Análise Transacional (Eric Berne) e a Programação Neuro-linguística (PNL – Bandler e Grinder). Embora todas estejam de certa forma conectadas, creio que é possível uma abrangência ainda maior. E creio que, sobretudo, não adianta nada a complexidade teórica de nenhuma ciência, se não houver uma aplicação prática, produtiva, dos conhecimentos adquiridos. Grande abraço.

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    • Perdão por demorar em responder, é que estava em provas (estou fazendo uma posgraduação em contoterapia). Estou de acordo contigo, creio que as terapias psicológicas ainda devem evoluir muito. Antes se deixava muito de lado o aspecto espiritual do ser humano, o que não vejo produtivo, já que a espiritualidade é algo intrínseco ao ser humano e necessário para o seu bem estar. Há muitas terapias atuais que estão incluindo a espiritualidade dentro da terapia, como é a terapia narrativa o que vejo bastante positivo. 🙂

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