Isso é Comunicação: eu mudo, você muda.

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PrintO que aconteceu?

Chegou,
sentou,
observou.
Chorou pelo que viu.
Algo nele mudou.
Levantou,
partiu…
diferente ao que chegou.

O que é comunicação?

Primeiro direi o que não é. Comunicar-se não é simplesmente intercambiar palavras. Não, isso não é. Não é escutar a alguém por educação,  fazendo com que as palavras entrem por um ouvido e saiam pelo outro. Também não é falar sem ter a intenção de escutar.

Hoje em dia falamos muito e comunicamos pouco.

Fulano e sicrano estavam sentados conversando animadamente. Enquanto um falava o outro buscava uma resposta para refutar as ideias recebidas. Nem o primeiro, nem o segundo tinham a intenção levar nada daquela conversa, não queriam mudar. Estavam  um diante do outro fazendo monólogos. Falavam simplesmente para escutar o eco das suas próprias vozes. São como Narciso adorando sua imagem refletida na água.

Fulano e sicrano são um reflexo da nossa sociedade atual.

Na minha outra vida, quando era uma profissional do direito, uma amiga do trabalho me disse: Claudine, você sempre tem uma resposta para tudo, sempre busca convencer de que você tem a razão.

Naquele momento me senti lisonjeada. Todo advogado gosta e necessita ser persuasivo, disso depende o nosso sucesso profissional. No entanto, quando a Claudine de agora olha para a Claudine do passado, pode ver pessoas frustrada ao seu redor.  Isso não é nada agradável. As vezes volto às andanças e repito o meu erro, mas agora já estou mais atenta e freio esse impulso “maligno”.

Nas redes sociais passa o mesmo. Utilizamos nossas redes sociais para massagear o nosso ego, o nosso e de outros. Sim, porque ou estamos de acordo com o dizem e fazemos comentários lisonjeiros, ou ficamos quietos, sem dizer nada por receio de ofender (nem todos fazem assim; confesso, as vezes entro nesse erro). Entretanto, atuando dessa forma não mudamos, não amadurecemos e também não ajudamos a que outros amadureçam.

Outro dia li um comentário de  Zygmunt Bauman que gostei muito:

“As redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia… Muita gente as usa não para unir, não para ampliar seus horizontes, mas ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de conforto, onde o único som que escutam é o eco de suas próprias vozes, onde o único que veem são os reflexos de suas próprias caras. As redes são muito úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha.”

Agora sim, falemos sobre o que é comunicação

Só se estabelece comunicação se como fruto do “feedback” resulta algum tipo de mudança nos participantes. Nem toda comunicação é verbal, mas toda comunicação produz mudanças.

Trocamos ideias?

Agora gostaria de saber a sua opinião, seja qual seja. Gosto de ler os comentários de pessoas que não pensam como eu, acho isso muito enriquecedor. Até logo.

13 comentários sobre “Isso é Comunicação: eu mudo, você muda.

  1. Bom dia Claudine! Interessante sua colocação. Certa vez eu li (justamente no facebook..kkk) a seguinte frase: “Eu sou responsável pelo que digo e não pelo que você entende”. Aquilon me deixou pensativa. Lógico quer na hora achei muito boa a ideia de “tiradinha” para aqueles que provavelmente de algum modo criticavam minhas postagens, mas não saia da minha página, mas a realidade é que, será mesmo que não tenho nenhuma responsabilidade sobre sua percepção do que digo, ou do mundo, enfim. Somos egoístas. E o egoísmo é uma cadeia alimentar onde os mais espertos intelectualmente engolem os menos favorecidos e depois são engolidos por um caos ainda maior, e sabe Deus onde vamos chegar. Beijo 🙂 Abá.

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    • Acho que todos somos responsáveis pelo que dizemos, fazemos, escrevemos, ou inclusive pelo que deixamos de dizer. É lógico que há pessoas que gostam de polemizar … pelo simples fato de dar a contrária. É um tema bastante profundo esse, porque também há diferença entre o que penso, o que consegui transmitir e o que a outra pessoa conseguiu entender. No entanto penso que sempre devemos estar abertos a uma comunicação responsável e respeitosa. Jesus disse que todos os mandamentos se reduziam a “ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo” Assim que, na minha opinião, sempre que eu queira dizer algo se o faço com amor, tenho muitas mais probabilidades de alcançar sucesso. Um grande abraço Abá e obrigada por passar por aqui.

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  2. Comparto contigo que hoy en dia se valora mas al que habla que al que escucha.
    Estamos rodeados d ruido y poca contencion .
    Mas alla d la individualidad potenciada a raiz d las nuevas tecnoçogias. Dedicamos mucho tiempo a la pantalla y poco a socializarnos en directo
    Un abrazo Claudine
    Montse

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  3. Acho que há pouca comunicação na sociedade atual, porque as pessoas estão egoístas e vaidosas demais. Ouvir o outro é um exercício de humildade que somente acontece se houver a leve desconfiança de que as certezas que temos são questionáveis. Difícil. E cada vez mais rara.

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  4. Nem toda a comunicação é verbal, mas toda a comunica produz mudança. Isso me fez refletir muito e reler. É incrível que a releitura seja necessária até pra tão pequeno excerto. Fez-me inclusive atinar com a possibilidade do verbo atuar como uma “descomunicação”. Já que é através da “comunicação” verbal que se pode desinformar. Eu não tenho redes sociais online, cara Claudine. Ultimamente tenho ponderado com um amigo daqui que o WP talvez seja ou queira ser. Em todo o caso, sempre fui arredio. Tive por muitos anos. Até no cadavérico Orkut. O que mais me incomodava era ausência de comunicação e acréscimo de provocações, ostentações e brigas. Sempre fui alguém com forte apelo verbal à sátira. E poucos são os que conseguiram entender o que postava. Daí o rebuliço e exclusão. Claro que a culpa também era minha falta de comunicação. Gosto de pensar que melhorei, mas sei não, tem horas que é bom ler e reler um texto brilhante como esse pra ver se saio capto nele algo que me acrescente e faça ser melhor que ontem sem deixar de ser eu mesmo. Grande abraço, minha amiga. Acho que não preciso te dizer o quanto gosto dos seus textos e da sua Caixa. Ótimo fim de semana, Claudine.

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    • Acho que é assim mesmo… devemos estar abertos a melhorar, a mudar… sem perder a essência… ainda que há quem deve mudar até a essência porque o negócio tá bem feio hahahahaha. Obrigada por passar por aqui, sempre me alegra ler os teus comentários. Sei que são sinceros. 😉

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  5. Olá Claudine, belo blog. Não tenho uma vida ativa em redes sociais virtuais, mas o que ouço de amigos ultimamente revela uma grande insatisfação. Geralmente ela se refere a duas questões: intolerância e o que seria uma confusão entre o que significa liberdade de expressão e o desrespeito a dignidade humana. No primeiro caso, as críticas não são debatidas, não são absorvidas e refletidas. Elas são respondidas de forma violenta. Se eu não concordo, a sua opinião não presta, então você deve ser rechaçado. O segundo, refere-se a ideia de liberdade de se expressar como se a liberdade fosse um princípio absoluto. Neste caso, posso falar o que quiser, pois tenho esse direito. Foi como uma pessoa me disse: “tenho o direito de expor que tenho preconceito”. É claro que no caso dela ela não reconhece que tem preconceitos, ela simplesmente os expõe sem maiores constrangimentos e ela se legitima através das desigualdades que existem em nossa sociedade. Mas nem todos os espaços sociais estão perdidos. Deixo aqui como um alento que nas minhas salas de aula, meus alunos debatem, discordam e concordam uns dos outros, refutam, assimilam, aceitam, mudam a partir das críticas e transformam com as suas.

    Grande abraço!!!!!

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    • É verdade! No entanto posso ver que essa é uma realidade vivida em especial no Brasil. Observo um “modismo” constante nas redes sociais, ex: Há algumas semanas começou a circular em facebook (Brasil) o desafio das fotos de maternidade (suba fotos felizes de quando vc estava grávida). Desse “modismo” surgiram comentários fortes, pessoas raivosas que diziam que a maternidade não era sempre esse “céu” que se via nas fotos, enquanto outros defendiam a capa e espada a beleza da maternidade. Esse “virus” passou a outras redes sociais como Youtube e blogs. Todos ladrando, ninguém se entendia, mas desejavam falar, se expressar, mas não escutar. Por outro lado, não costumo ver isso na redes sociais fora do Brasil (vivo na Espanha). Bem, é um tema complicado, mas que deve ser falado. Fico feliz de que você anime o diálogo na sala de aula, isso ajudo muito a aumentar a segurança dos alunos e possibilita um espaço crítico controlado e respeitoso. Um grande abraço e obrigada por passar por aqui.

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