
Vamos ser sinceros, há um ano ninguém imaginava que viveríamos um natal tão estranho… mas não foi estranho o primeiro Natal? Ou foi um mar de rosas para Maria e José… nada disso… estavam longe de casa, Maria super grávida e sem um lugar para poder ter um parto normal… que naquela época não é que fosse algo fácil por si só. Mas aqui estamos, em meio de uma pandemia e precisamos trazer esperança para as pessoas… e se sou sincera… todos necessitamos dessa esperança… há uma semana o meu querido irmão, um jovem professor de matemática na UTI entre a vida e a morte por causa do COVID.
Todos necessitamos esperança e fé de que tudo isso vai passar… as nossas crianças necessitam dessa esperança… e devem saber que elas também podem ajudar de alguma forma. Por isso deixo para vocês uma atividade de Natal. Fui convidada a participar do Natal da Associação Atividades Brasileiras em Madrid. Para o evento criei um conto especial. Não fiz uma oficina, simplesmente foi uma contação de histórias cheia de possibilidades e emoção.
Antes de contar a história conversei com as crianças e perguntei se esse Natal seria diferente… talvez algumas quisessem estar com algum familiar porém não seria possível (veja que estava falando com crianças brasileiras que vivem na Espanha, muitos planos de viajar ao Brasil para passar o natal com a família teve que ser cancelado). Veja que muitas familias não poderão estar juntas para evitar o contágio. Depois de conversar com as crianças comecei a contar o conto. Utilizei o Flanelógrafo o qual foi muito fácil de construir. Abaixo você encontrará mais fotografias. Também abaixo você encontrará os símbolos que trabalhei no conto.
CONTO: ESPERANÇA DE NATAL
Era uma vez um vilarejo que se escondia entre as montanhas Daqui e De Lá, um lugar especial e alegre, onde a magia habitava no coração de cada morador. E sabe por que a magia do coração era tão especial? Porque sempre que acontecia algo triste, a magia do coração fazia brotar uma ideia mirabolante que ajudava a solucionar o problema e restaurar a situação.
Ah! Mas voltemos para a nossa história. Era dezembro y fazia muiiiito frio, porém as ruas estavam repletas de pessoas caminhando, sorrindo… o vilarejo estava alvoroçado. Sabe por que?
Porque estava chegando o Natal, a festa mais importante do ano. Na noite de Natal todo o vilarejo se reunia na praça da cidade, onde todas as famílias compartilhavam um jantar delicioso, brincadeiras, trocas de presente e abraços quentinhos e cheios de carinho. Ahhh, e não podiam faltar as historias… isso mesmo! O festival de contos natalinos se realizava a cada ano depois da ceia… os contadores de historias compartilham contos inéditos e antigos… e todos se sentavam para escutar.
Umas semanas antes da grande ceia de Natal, algo estranho aconteceu. Muitos moradores começaram a ficar doentes… cada vez que alguém chegava perto para ajudar… acabava adoecendo também… até alguns médicos e enfermeiros do vilarejo ficaram bem doentes. Tudo mudou de repente… desapareceu o sorriso, a alegria foi embora e as ruas ficaram vazias. Foi então que a preocupação, a incerteza e o medo aproveitaram para entrar no vilarejo, cobrindo tudo com uma névoa cinzenta.
Havia desaparecido a magia do coração, ao menos era isso o que todo mundo dizia…
Agora escutem bem! Porque vou contar um segredo. O que eles não sabiam é que magia era mais forte no coração das crianças… isso mesmo! De crianças como vocês.
E foi assim, que quando os adultos haviam pensado que o Natal havia terminado… a magia começou a fervilhar no coração das crianças, e quer saber o que aconteceu?
Umas crianças brincavam na rua e começaram a observar como os adultos caminham tristes… sem ânimo e paffff… de repente a magia do coração das crianças começou a movimentar-se, fazendo nascer uma incrível ideia. As crianças se entreolharam, sabendo o que tinham que fazer… saíram correndo e voltam rapidamente, cada uma trazendo coisas numa bolsa. Foi então que começou um fuzuê, elas desenhavam, cortavam, riam, colavam… e depois começaram a enfeitar os pinheirinhos que estavam na rua do vilarejo. Encheram os pinheirinhos de corações coloridos e uma estrela bonita e brilhante na ponta. Toda a cidade ficou colorida e as pessoas curiosas com aquilo. Pela primeira vez em tantas semanas, elas já não pensavam na tristeza e na dor… porque a magia havia transbordado do coração das crianças, trazendo cor e alegria ao vilarejo.
Ah!!! Mas não termina por aí! Muita gente estava doente, sozinha e triste nas suas casas, e não podiam sair… então a magia começou a borbulhar outra vez no coração das crianças, e elas sentiram uma vontade louca de cantar… criaram canções e foram cantando de casa em casa. Elas não podiam entrar para abraçar os seus vizinhos, mas a música sim! Podia atravessar os vidros da janela, entrar pelas gretas da porta e fazer companhia para aqueles que estavam sozinhos.
Todo vilarejo se encheu de música e até quem estava doente voltou a sorrir. Aquele foi um Natal tão diferente! Não houve ceia de natal no centro do vilarejo… não houve festival de contação de histórias… mas pela primeira vez os pinheirinhos, cheios de pequenas velinhas, iluminaram a noite do vilarejo e durante o dia tudo estava muito colorido. Não houve trocas de abraços, mas a música das crianças tocou o coração de cada vizinho e fez companhia para cada pessoa que se sentia sozinha.
O que aconteceu com o vírus? Ah O vírus acabou passando… desaparecendo… o que não desapareceu foi a magia… porque ela transbordou do coração das crianças, enchendo também o coração dos adultos, e fazendo nascer uma ENOOOORRRME Esperança de Natal. Porque eles aprenderam que sempre quando venha a escuridão, devemos buscar uma pequena luz no fundo no nosso coração.
AUTORIA: Claudine Bernardes
ALGUNS SÍMBOLOS UTILIZADOS NO CONTO:
MONTANHA: símbolo de lugar sagrado. Proteção, refúgio no sagrado. Neste conto simboliza que o vilarejo estava protegido por algo superior. Como nosso mundo, um lugar sagrado onde cada morador desenvolve a sua existência baixo a proteção de Deus (embora atualmente seja um lugar caído, onde também existe morte e doenças como se aprecia no conto).
Coração: Aqui simboliza a essência do ser humano, onde guarda parte de si e do sagrado.
Magia do Coração: Aqui magia não tem nada de místico, somente simboliza a criatividade e imaginação. O homem/mulher, feito à imagem de Deus, o qual é criativo por essência e portanto, somos subcriadores (como muito bem disse Tolkien), e portanto podemos utilizar essa “magia” para enfrentar-nos às adversidades do mundo caído.
Criança: ser que acredita, que confia e vive o imaginário a ponte de levar à prática a sua crença e transformar o impossível no possível por meio da fé (fé prática e real).
ATIVIDADE COMPLEMENTAR
Como atividade complementar a minha proposta é, depois de contar o conto, fazer uma CHUVA DE IDEIAS com as crianças… ou seja, COLOCAR PRA FUNCIONAR A “MAGIA DO CORAÇÃO” delas e criar coisas que possam nos aproximar daquelas pessoas que não podemos abraçar. Podemos fazer com as crianças uma pequena lista de pessoas que estão longe ou que não podemos abraçar durante o Natal e depois pensar “O QUE PODEMOS FAZER PARA ALEGRAR O DIA DESSA PESSOA”. Como sugestão poderíamos:
- COLLAGE: Fazer um COLLAGE com fotos onde apareça a pessoa e se possível a pessoa conosco, com alguma frase bonita e inspiradora. Podemos enviar-lhe por correio, ou simplesmente fazer uma foto do COLLAGE e enviar para a pessoa, ou colocar em facebook ou Instagram etiquetando a pessoa, junto a uma mensagem bem bonita.
- CARTÃO DE NATAL: Algo parecido com o collage, porém com cartão de natal.
- Música: podemos cantar uma música de natal para a pessoa e enviar-lhe por whatssap, sozinha ou acompanhada de um cartão de Natal.
- VÍDEO: Podemos fazer-lhe um video dizendo que sentimos muita saudade, que desejamos estar com ela, e que quando tudo isso passe nos daremos um grande abraço, junto com felicitações natalinas.
- VIDEO-CAFÉ NATALINO: Podemos marcar um video café NATALINO com a pessoa, preparamos um bela mesa, com bolos e biscoitos natalinos, e ela também. Marcamos uma hora e todos juntos tomamos um café natalino, enquanto conversamos por video-chamada.
E você o que faria? Deixe no comentário as suas ideais.
Abaixo algumas fotos do Flanelógrafo:





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