Assista agora a aula: O conto como ferramenta psicopedagógica

Deixo para vocês essa aula que dei na FENACONTHI sobre o USO DOS CONTOS COMO FERRAMENTA PSICOPEDAGÓGICA.

Ah!!! Não esqueça de me seguir pelo Instagram @claudine.bernardes Beijos para todos!!!!

QUER APRENDER MAIS SOBRE COMO UTILIZAR OS CONTOS NA EDUCAÇÃO EMOCIONAL E NA TERAPIA?

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Conhece os contos MOTORES? Ferramenta psicopedagógica

O conto motor é uma variante do conto narrado, e poderíamos chamar de um conto representado, ou “conto em jogo”, no qual há um narrador e um grupo de participantes que representa o que está sendo narrado.  É uma variante do conto, e uma atividade extremamente  motivadora, educativa e estimulante, que é muito eficaz principalmente na escola primária e infantil, para o desenvolvimento psicológico, físico e mental da criança. Não se trata  simplesmente de adaptar um conto à uma peça teatral. Aqui se trata de um jogo de improvisação, onde os participantes, devem dramatizar a história que estão escutando.  

Autores como o Conde Caveda (1994) e Ruiz Omeñaca (2011), afirmam que a história motora é utilizada como meio de explorar, brincar, construir, criar, dentro da educação psicomotora e da educação física escolar. Além disso, cumpre todas as condições para incluí-lo como uma alternativa válida ao ensino durante o jogo, inerente à qualidade lúdica. Não se trata de jogar, mas sim de educar. Portanto, o jogo é a ferramenta educacional mais valiosa.

Deve-se notar também que é importante conceber a história em um contexto pedagógico, a fim de construir um aspecto pessoal e social. Também é importante que a história chegue ao aluno capturando seus interesses, para que o professor tenha que antecipar o que pode acontecer e imaginar todo o contexto da aula.

Ruiz Omeñaca (2009), sugere que o processo da história motora consiste em ler uma história e introduzir uma série de atividades motoras para os alunos. São elementos de grande importância no processo pedagógico: a motivação, o envolvimento ativo dos alunos, o desafio como fator de melhoria e transformação da classe em uma comunidade de apoio em que a convivência adquire grande importância.

Autores como o Conde Caveda (1994) e Ruiz Omeñaca (2011), afirmam que o conto motor pode ser utilizada como meio de explorar, brincar, construir, criar, dentro da educação psicomotora e da educação física escolar. Além disso, cumpre todas as condições para incluí-lo como uma alternativa válida ao ensino através do brincar, inerente à qualidade lúdica. Não se trata de jogar, mas sim de educar. Portanto, o jogo é uma ferramenta educacional muito valiosa.

Deve-se notar também que é importante conceber a conto num contexto pedagógico, a fim de construir um aspecto pessoal e social. Também é importante que o conto  capture o interesse do participante, para que o facilitador tenha que antecipar o que pode acontecer e imaginar todo o contexto da atividade.

Ruiz Omeñaca (2009), sugere que o processo do conto motor consiste em ler uma história e introduzir uma série de atividades motoras para o grupo. São elementos de grande importância no processo pedagógico: a motivação, o envolvimento ativo dos participantes, o desafio como fator de melhoria e transformação do grupo numa comunidade de apoio em que a convivência adquire grande importância.

No que diz respeito ao desenvolvimento e prática do conto motor, deve-se ter em conta a necessidade de criar ambiente propício à participação. Ao ler ou narrar a história deve-se enfatizar os aspectos desejados, introduzindo as variações necessárias. 

O autor Ruíz Omeñaca (2011) afirma que, ao finalizar cada conto motor é importante abrir um espaço de tempo para reflexão e diálogo; Para realizar uma avaliação com o objetivo de melhoria, a aprendizagem contextualizada é avaliada.

PROPOSTA DE ATIVIDADE COM UM CONTO MOTOR

Estudamos a parte teórica de como aplicar um conto motor, agora veremos um exemplo de atividade que pode ser desenvolvida de forma grupal. 

Inicialmente é necessário fazer um aquecimento geral das articulações com os participante. Depois se explicará em que consiste a atividade, ou seja, o que é um conto motor e o que se espera dos participantes.  É muito importante que os participantes compreendam que eles devem realizar os gestos indicados durante a narração do conto. Se é a primeira vez que o grupo participa deste tipo de atividade, seria interessante que o facilitador guiasse os movimentos durante a narração.   

Em seguida, faça o grupo sentar-se em círculo e peça que observem onde estão. Pergunte se eles conhecem algum tipo de cultura onde as pessoas se sentam em círculos. Explique que vamos fazer um teatro sobre índios, onde todos serão índios e devem seguir e fazer  o que diga o conto:  

CONTO MOTOR: SOMOS ÍNDIOS

“Uma bela manhã de segunda-feira, os pequenos índios da tribo “mãos cruzadas”, levantam-se da tenda com grande entusiasmo para ver que novas aventuras os aguardam. Os pequenos índios esticam seus braços e bocejam muito alto (aqui  encorajamos o aluno a fazê-lo repetidamente) enquanto  vão ao rio para lavar seus rostos com água fria, três vezes seguidas.

Depois que eles tenham o rosto limpo, os índios executam danças rituais todos juntos, para agradecer pelo novo dia (uma música na qual trabalhamos e dançamos juntos). Então eles  montam nos seus cavalos e vão em busca de um grande  rio está bem longe da sua aldeia  (quando montam nos cavalos, galopam ao redor do ginásio várias vezes e o facilitador faz o barulho do galope do cavalo). Quando eles chegam no rio, descem dos cavalos e deixam eles pastarem livremente.

Depois, entram em sua longa canoa para chegar na ilha que fica do outro lado do rio. Mas, para chegar lá, os índios têm que trabalhar juntos e remar muito e ao mesmo tempo.(formando uma fila as crianças devem sentar-se, como se estivem dentro de uma grande canoa. Cada índio segura um remo na mão direita e outro na mão esquerda, quando escutam o número três (o facilitador conta 1, 2, 3 -fazendo o gesto de remar, e anima os alunos dizendo_ outra vez: 1, 2 3. – Deve repetir várias vezes esse processo) 

Quando os índios finalmente chegam à ilha, eles se dirigem para seu lugar favorito de caça, porém para chegar lá devem  atravessar um riacho cheio de pedras, então os índios, todos bem juntinho, cruzam pouco a pouco as rochas que estão muito escorregadias.  Depois cruzam uma ponte de madeira muito longa e muito alta.  A ponte balança que os índios gritam de susto! (Anime as crianças a gritar de susto). Mas eles sabem que se querem chegar no outro lado devem tranquilizar-se, por isso respiram contando até dez (contar com eles até dez).

Perto do lugar onde os animais estão, há uma caverna pequena e escura. Os pequenos índios passam silenciosamente pela caverna, e chegam a uma parte que devem agachar-se para não bater com a cabeça nas pedras da caverna. 

Saindo da caverna os pequenos índios pegam as flechas que estavam nas suas costas e silenciosamente buscam um animal para caçar. De repente encontram pegada de um javali e começam a segui-la. Cinco passos para a direita(o facilitador conta até cinco), três passos para a frente (conta até três), três passos para a esquerda, e aí encontra um grande, enorme javali que está pastando. Os índios se agacham para não serem vistos pelo javali e lançam suas flechas com grande força.

Puxa! O Javali fugiu!!!! Não se preocupem, os pequenos índios não voltaram com as mãos vazias para casa. Colherão jabuticabas e amoras, assim que os pequenos índios estendem as suas mãos e começam a colher as frutas e as colocam nas suas bolsas. 

Para voltar à casa, os índios escolhem outro caminho, atravessando uma grande montanha. Chegam à casa e despejam as frutas numa grande  cesta, depois se sentam em círculo para descansar e percebem que estão muito cansado. Foi um dia cheio de aventuras e os pequenos índios se deitam, fecham os olhos e dormem, sonhando com as novas aventuras que viverão no dia seguinte.   (os participantes se sentam e depois se deitam fazendo de conta que estão dormindo)”  

INFORMAÇÃO:

(Texto traduzido e adaptado de: LOPEZ, A. Propuesta De Intervención En Psicomotrocidad Para Alumnos Con Tdah En Educación Infantil, A Través De Los Cuentos Motores. 2016. Universidad de Valladolid (Segovia) 

ENTÃO, O QUE ACHOU?

Se gostou, te convido a compartilhar post nas suas redes sociais. Também gostaria de saber a sua opinião, deixe um recadinho para mim, é bom saber que se estou ajudando. Ahhh, caso queira aprender a utilizar os contos como ferramentas de educação emocional e também dentro da terapia, lhe convido e entrar na minha LOJA e ver os cursos e materiais disponíveis.

Também deixo o meu contato de whatssap aqui ao lado, caso queira pedir informação sobre os cursos disponíveis.

Oficina de Emoções com o Conto Carlota não quer falar

O objetivo da oficina é que os participantes compreendam o efeito das emoções, identificando-as no momento em que ocorrem (consciência emocional), não somente em si mesmas, mas também em outros.  Além disso, também aprenderão sobre a importância de falar sobre os seus sentimentos, e receberão ferramentas para administrá-los (regulação emocional). Exercitarão também a empatia e a assertividade que são essenciais  para melhorar suas competências sociais. 

O Conto Carlota não quer falar (de minha autoria e publicado no Brasil pela Editora Grafar) pode ser comprado no seguinte link  Conto Carlota Não Quer Falar

É importante esclarecer que ainda que este material num princípio tenha sido pensado para um público infantil, muitos professores e psicólogos estão utilizando com adolescentes e adultos. Eu mesma já adaptei esta oficina para trabalhar com um grupo de mães. 

Oficina de Emoções com Carlota

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A Oficina está formada de três partes  

  1. PRIMEIRA PARTE: CONEXÃO COM O PÚBLICO

Quando realizo esta atividade com público infantil por primeira vez, ou seja, com um público que não me conhece levo comigo o meu TAPETE MÁGICO.  Se trata de um tapete de crochê feito pela minha mãe. Digo aos participantes tenho um tapete mágico… não, não se trata de um tapete que voa, é um tapete que ajuda a minha imaginação a voar e criar novos contos. Mas esse tapete necessita de combustível… e o combustível é o amor. Pois ele foi feito com muito amor pela minha mãe. Por isso necessito que eles coloquem um pouco de amor no tapete. Distribuo fitas de cetim, peço que escrevam os seus nomes, que depositem um beijo na fita e que a amarrem no tapete. Agora eles me acompanharão sempre, porque um pouco do seu amor está no meu tapete. As crianças adoram esta parte.

2 . METÁFORA: O balão a caixa e a pedra

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Antes de começar a contação faço uma introdução bastante gráfica, utilizando um balão, uma caixa e uma pedra. Os participantes se divertem muito nesta parte e criamos uma conexão muito boa.  O conto começa com as frases: “Carlota tem dificuldades para falar sobre o que sente. Guardou tantos sentimentos dentro de si, que se sente cheia como um balão e pesada como uma grande pedra.”

Para que os participantes possam compreender mais profundamente o sentido dessas metáforas, começo enchendo um balão vermelho. A medida que vou enchendo o balão, paro para conversar com elas e dizer-lhes que acho que ainda falta encher um pouco mais. As crianças começam a ficar preocupadas, porque o balão está muito cheio, porém não esperam que eu siga enchendo. Até que “bummm” o balão explode e elas se assustam.  “Isso é o que passa quando enchemos muito o balão”, lhes digo, e depois sigo com a caixa.

Se trata de uma caixa de sapatos decorada, com um coração na parte superior e um  buraco no centro, onde a criança pode introduzir a sua mão. Dentro da caixa coloco uma pedra pesada. A caixa simboliza o coração e a pedra simboliza os sentimentos que vamos guardando dentro dele. Primeiro peço para cada criança segurar a caixa, e pergunto: Está pesada ou leve? Vocês acham que seria fácil caminhar durante horas carregando este peso? Depois, cada criança introduz a mão na caixa, e faço outras perguntas: O objeto é suave ou áspero? É  agradável tocá-lo? Neste ponto, as crianças descobrem que se trata de um pedra, assim que retiro a tampa da caixa e mostro a pedra para elas.

Durante esta parte introdutória, não explico o sentido da metáfora, já que elas compreenderão o significado destes objetos, e a conexão deles com os sentimentos, durante a contação. Evito fazer explicações, para que as crianças possam captar o ensinamento, de acordo com a capacidade individual, a idade e experiências pessoais. Agindo assim, não subjugo o conhecimento delas. 

Depois de ter integrado na mente das crianças, os conceitos base, através da experimentação, passamos para a seguinte parte que é a contação.

 3. CONTAÇÃO: Carlota não quer falar

Como já disse, o conto está cheio de metáforas para explicar os sentimentos de forma experimental. Como se trata de um conto interativo, as crianças se sentem parte da história e participam ativamente durante toda a contação. É uma experiência muito significativa para elas. Começo a contação apresentando o problema de Carlota e convidando as crianças a ajudarem ela: “Carlota tem dificuldades para falar sobre o que sente. Guardou tantos sentimentos dentro de si, que se sente cheia como um balão e pesada como uma grande pedra.” Vocês gostariam de ajudar a Carlota? Para isso, todos têm que falar por ela. Vocês estão de acordo? 

O conto apresenta quatro problemas: 1) Carlota incomodou-se com um menino no parque; 2) Carlota tem problemas para dormir; 3) Carlota se sentiu mal porque a sua melhor amiga Julia estava brincando com outra menina; 4) Carlota se sentiu mal porque pegou a boneca da sua amiga sem pedir. Apresento o problema, e pergunto às crianças o que está sentindo a protagonista. Depois, pergunto o que ela deve fazer para resolver o seu problema e sentir-se melhor. Para cada uma dessas questões, há duas opções dentro da história. Faço a criança pensar o que aconteceria ao escolher uma ou outra opção.

Exemplo: Carlota não consegue dormir. As crianças já identificaram que ela não consegue dormir porque sente medo. Opções: a) Ela deve ficar acordada toda a noite; b) Ela deve confiar que papai e mamãe estão cuidando dela.  O que aconteceria se ela ficasse acordada toda a noite? Como se sentiria no dia seguinte? Estaria bem para estudar ou brincar?

Depois que conversamos e pensamos nessas possibilidades e as crianças fizeram as suas escolhas, lhes digo: Vejamos qual foi a escolha da Carlota. Será que ela escutou o conselho de vocês?

Então, passamos a página e aí está o resultado. As crianças desfrutam muito nesta parte, porque esperam que Carlota tome a decisão correta. Nesta parte também introduzimos metáforas para explicar cada sentimento. Devemos conversar com as crianças sobre essas metáforas, fazendo perguntas para que elas possam entendê-las. Exemplo: “O perdão é como um banho de mar num dia de calor”. Quem gosta do verão? Faz muito calor, né? Quando sentimos muito calor, o que podemos fazer? Ir na praia é uma boa ideia. Agora imaginem que está fazendo muito sol, você sente muito calor e se joga na agua do mar, ou na piscina… o que você sente? Respostas que costumam aparecer: frescor, alivio, tranquilidade, alegria.

Terminamos a contação com Carlota agradecendo as crianças por ajudá-la a falar sobre os seus sentimentos. É Maravilhoso ver os olhinhos delas brilhando ao perceber que puderam ajudar a protagonista do conto. Todas estão sorrindo e felizes 🙂

Vejamos as metáforas que aprecem no conto:

4. Exercício de conhecimento e gestão dos sentimentos: O Semáforo

Metáfora terapeutica balão Globo pedra caixa lidera Caja

Depois que as crianças vivenciaram a história da protagonista, participando ativamente da contação, esperamos que elas ao menos tenham compreendido a importância de expressar os seus sentimentos, além de identificar alguns sentimentos apresentados na história.

Agora chegou o momento de que as crianças compreendam a importante de gerir estes sentimentos e para isso utilizo a Metáfora do Semáforo, que é uma técnica para aprender a identificar o grau de intensidade de um sentimento, além de como enfocá-lo. Dependendo do tempo que disponho, também utilizarei outra metáfora, que é a Técnica do Vulcão (esta última a modo de introdução para a outra).  Desenvolvo esta parte da seguinte maneira:

Mostro para as crianças a imagem de um Semáforo (pintado por mim) e pergunto se elas sabem o que é. Depois lhes peço que me expliquem o que significa cada cor no semáforo. As crianças explicam sem problemas, porque todas conhecem o seu funcionamento. Depois começo a explicar-lhes que os semáforos foram criados para ajudar a controlar o trânsito, principalmente os carros que gostam de correr muito rápido. Algumas vezes temos sentimentos que são como carros descontrolados, que correm a toda velocidade. Um carro descontrolado é muito perigoso e pode machucar tanto as pessoas que encontra pelo caminho, quanto a pessoa que vai dentro dele. Os sentimentos descontrolado podem provocar estragos semelhantes. Assim como o semáforo controla o trânsito, também podemos utilizar o semáforo dos sentimentos para ajudar a controlar o que sentimos. As vezes sentimentos raiva porque alguém nos ofendeu, e também as vezes essa raiva é tão forte que pode tomar controle da nossa mente e provocar que façamos dano a pessoa que nos ofendeu. Quando sentimos a raiva borbulhando dentro de nós, como um vulcão em erupção, pronto a explodir, então devemos PARAR (mostrar o Sinal vermelho), respirar fundo e contar de 5 até 0. Se já nos sentimos um pouco mais tranquilos então passaremos para o Sinal Amarelo (mostra sinal Amarelo – PENSAR). Vamos pensar nas opções que temos, e o resultado de tomar cada uma delas. Me sentiria bem se batesse na pessoa que me provocou? Isso resolveria o problema? Posso perdoá-la e tentar conversar sobre o problema com ela. Quando já pensamos na melhor opção, então chegou a hora de seguir adiante com o Sinal Verde (Mostrar Sinal Verde – Fazer). Agora vamos fazer aquilo que decidimos anteriormente.

Parece um pouco longo e complicado, mas na prática é muito fácil e as crianças compreendem muito bem a proposta. Depois da conversa/explicação, daremos os semáforos para que as crianças pintem e montem, para levar às suas casas.

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Se ainda temos um pouco de tempo, jogamos o Ludo das Emoções, para colocar em prática um pouco do que aprendemos.


Também podemos realizar atividades corporais, jogos e brincadeiras de reconhecimento de emoções. Peça o Projeto de Educação Emocional e receba de forma GRATUITA.

No Projeto de Educação Emocional com Carlota você encontrará uma parte teórica, onde explico o que é a contoexpressão e como utilizá-la, também falo sobre a educação emocional. Há também uma parte teórico-prática com muitos jogos, técnicas de gestão dos sentimentos, fichas para colorir, atividades etc.  Para conseguir Projeto você só tem que preencher o formulário abaixo, e em breve enviarei o material em pdf e de forma gratuita para você.  Se gostou do conto e quer saber como comprá-lo clica aqui. 

Se gostou do post, compartilhe nas suas redes sociais. Também deixe seu comentário, gosto muito de interagir com os leitores.  Um grande abraço e até logo! 😉

(Se no prazo de 3 dias você não recebeu a minha resposta, olhe na pasta de emails não desejados ou volte a escrever-me, as vezes algumas pessoas não escrevem o e-mail corretamente)

A importância dos Contos na Educação e Terapia

“A alma humana tem a necessidade inextinguível de que a substância dos contos flua através de suas veias; assim como o corpo necessita ter substâncias nutritivas que circulam através dele.”

(Rudolf Steiner)

Você pode escutar este post através do Podcast que preparamos:

Quando escutamos falar sobre contos, imediatamente os associamos a infância e nos traz lembrança felizes. É verdade! Os contos são elementos essenciais durante a infância, porém sua importância não deveria diminuir durante a adolescência ou na vida adulta. Os contos carregam a esseˆncia humana, nossa estrutura vital: um princ ́ıpio, um processo de desenvolvimento e um fim.

Os contos, através de suas metáforas e simbolismos, alcançam nosso inconsciente, já que conseguem esquivar as barreiras criadas pela razão. E uma vez ali, despertam o conhecimento ou plantam sementes para o futuro. Dotar a mente de simbolismo é altamente importante, já que 80% das nossas decisões são tomadas pelo inconsciente. Por este motivo, os contos servem como instrumento perfeito para educar as emoções, ensinar valores, animar, fortalecer a resiliência, a autoestima, a assertividade, etc.

É importante esclarecer que utilizamos o termo “conto”, como forma geral para o gênero narrativo que engloba: contos de fadas, contos modernos, fábulas, mitos, parábolas, lendas, etc. A pessoa (como leitor ou ouvinte) encontra significados nos contos, pois eles transmitem importantes mensagens à mente consciente e inconsciente. Essas histórias encorajam o seu desenvolvimento, ao mesmo tempo que aliviam pressões conscientes e inconscientes. Na medida em que as histórias se desenvolvem, dão espaço à consciência, mostrando caminhos para satisfazer as necessidades e desejos, de acordo com as exigências do ego e superego. Ocorre uma transformação interior que acaba afetando toda a vida do indivíduo.

A psicanálise foi a primeira disciplina a admitir as complicações decorrentes da divisão do sujeito: o consciente e o inconsciente. Porém, dentro do mundo literário, sabemos que isto é um fato consumado, já que a literatura cria personagens contraditórios, onde nem sempre se produz uma síntese.

Bruno Bettelheim, psicólogo e psicanalista que dedicou grande parte de sua pesquisa científica a utilização de contos no desenvolvimento da criança, explica que as histórias contribuem com mensagens importantes para o consciente, o pré-consciente e inconsciente infantil. Ao referir-se aos problemas humanos universais, especialmente aqueles que preocupam a mente da criança, essas histórias se comunicam com seu pequeno “ego” em formação, estimulando o seu desenvolvimento. A medida que as histórias são decifradas, elas dão crédito consciente e corpo as pulsões do id e mostram os diferentes modos de satisfazê-las, de acordo com as exigências do ego e do superego (Bettelheim, p. 12).

A linguagem simbólica é um valioso recurso que se esconde por trás da simplicidade das histórias e que é usada para explicar problemas, etapas ou fatos por meio de símbolos ou imagens direcionadas ao inconsciente humano, sugerindo possibilidades e alternativas. Graças a essa linguagem específica, as crianças veem suas preocupações e desejos expressos. Atualmente, usamos essa linguagem para representar coisas que não estão ao alcance do entendimento humano, isto é, coisas que não podemos explicar com fatos.

“Usamos termos simbólicos constantemente para representar conceitos que não podemos definir ou compreender de forma alguma. Esta é uma das razões pelas quais todas as religiões usam linguagem ou imagens simbólicas. Mas esse uso consciente de símbolos é apenas um aspecto de um fato psicológico de grande importância: o homem também produz símbolos inconsciente e espontaneamente na forma de sonhos.”

(Carl G. Jung, 1995.)

A linguagem simbólica transporta-nos para o nosso interior pela força do seu sentido, do seu apelo emotivo e afetivo, sem nos persuadir ou convencer com argumentos e provas.

Segundo Bruno Bettelheim (2013), o conto tem um efeito terapêutico, pois a criança encontra uma solução para as suas incertezas através da contemplação do que a história parece implicar acerca dos seus conflitos pessoais atuais. O conto de fadas não informa sobre as questões do mundo exterior, mas sim, sobre processos internos que ocorrem no cerne do sentimento e do pensamento.

Os contos garantem à criança que as dificuldades, os perigos, as fatalidades, podem ser vencidas por todos os que pretendem vencer na vida. E a criança que é desprotegida por natureza, sente que também ela pode ser capaz de superar os seus medos, angústias e desconhecimentos. Portanto, ela poderá aceitar com otimismo as decepções e desilusões que vai encontrando, pois sabe que, tal como acontece nos contos, os esforços por vencer darão a recompensa desejada.

“É exatamente esta a mensagem que os contos de fadas trazem à criança por múltiplas formas: que a luta contra graves dificuldades na vida é inevitável, faz parte intrínseca da existência humana – mas que se o homem não se furtar a ela, e com coragem e determinação enfrentar dificuldades, muitas vezes inesperadas e injustas, acabará por dominar todos os obstáculos e sair vitorioso.”

(Bettelheim, 2013, p.16).

Sendo assim, os contos possuem ao menos cinco funções ou utilidades que influenciam a vida do ser humano:

1. Mágica: Estimular a imaginação e a fantasia;
2. Lúdica: entreter e divertir; 3.Ética: transmitir ensinamentos morais e identificar valores;
4. Espiritual: Compreensão de verdades metafísicas e filosóficas;
5. Terapêutica: encontrar nos personagens e situações, referências para a nossa vida.

CONTOEXPRESSÃO

Agora falaremos um pouco sobre a metodologia que serve de norte para a criação dos materiais que compartilho neste blog.

Antes de explicar o que é a Contoexpressão, gostaria de compartilhar com você como e porque criei esta metodologia. Como mãe de uma criança com TDAH (Transtorno por Deficit de Atenção e Hiperatividade) encontrei-me em uma situação muito complicada, já que diante do grande desafio de educar o meu filho, percebi que não possuía as ferramentas necessárias para ajudá-lo. Ao mesmo tempo percebi que era necessário investir na sua educação emocional. Na minha necessidade de encontrar uma maneira de comunicar-me com ele, observei que ao utilizar contos a nossa comunicação era mais fluida, além disso ele entendia melhor o que eu queria ensinar-lhe. Por essa razão, resolvi estudar profundamente tanto educação emocional, como os contos terapêuticos. Ao fazer um mestrado nessa área e vários estudos posteriores, percebi o poder dos contos na educação emocional, porém, me deparei com a falta de ferramentas práticas que ajudassem a alcançar resultados palpáveis.

Dediquei-me, então, a partir de tudo o que eu havia estudado, a construir uma metodologia prática, formada por 4 ferramentas, para aplicação dos contos na educação e terapia.

Esta metodologia foi abraçada pela EpsiHum (Escuela de Terapia Psicoexpresiva Humanista del Instituto IASE), onde leciono e para a qual desenvolvi o Mestrado em Contoepressão: contos, mitos e fábulas terapêuticas como ferramentas psicoeducativas.

O que é contoexpressão?

Contoexpressão é a arte de compartilhar, provocar e despertar conhecimento de forma sensorial e simbólica através de contos. É uma técnica que busca produzir mudanças de pensamento, que culminará em mudanças de conduta auxiliando o ser humano no árduo processo de buscar uma melhor versão de si.

A Contoexpressão é considerada uma arte, já que partimos do ponto de vista de que o educador (dentro desse conceito integramos todos aqueles que de alguma forma compartilham conhecimento) é um artista. A educação é a arte de inspirar no outro o desejo de aprender e transcender, e a arte de comunicar e despertar conhecimento de forma consciente e respeitosa.

Numa oficina Contoexpressiva é possível uma experimentação sensorial do conhecimento, transportando os símbolos internos à materialização através de atividades projetivas Tudo isso será feito utilizando quatro ferramentas contoexpressivas, que estarão inseridas dentro de uma oficina o sessão terapêutica, ou seja:

1.Conexão emocional. Os participantes se conectarão com os símbolos existentes no conto, ajudando-os a compreendê-los.

2.Metáforas e sımbolos existentes nos contos. utilizaremos vários símbolos presentes no “inconsciente coletivo”, que serão de fácil compreensão para os participantes, ou potenciaremos essa compreensão através de metáforas sensoriais.

3. Método Socrático ou Mayêutica que era o método utilizado pelo filósofo Sócrates e difundido por Platão, no qual o professor deveria guiar o aluno, ajudando-o a “parir” determinado conhecimento através de perguntas.

4. Atividade didática. Se utilizam atividades didáticas que podem ser psicoexpressivas, projetivas, arteterapêuticas, etc. Essas atividades ajudam a melhorar a compreensão, expandir o conhecimento ou fixá-lo.

Como você pode observar, estamos diante de uma metodologia que respeita os processos internos de cada pessoa, despertando o conhecimento sobre alguma circunstância específica que esteja “madura para a colheita”.

Se você quiser uma Oficina Contoexpressiva de Presente de forma GRATUITA, leia o post que está no presente link e preencha o formulário que lhe enviaremos a Oficina do Otimismo e Resiliência da Amendoeira Triste.

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OFICINA “PONTE ENTRE GERAÇÕES” – Livro Contos que Curam

Como vocês já sabem, há pouco lançamos o livro Contos que Curam. Este livro está formado por 24 Oficinas de Educação Emocional por meio de contos. Além de ser coordenadora editorial junto à Flavia Gama, também sou autora da oficina que abre este livro, que se chama “Ponte entre Gerações”. Antes de contar um pouco mais sobre esta oficina, gostaria que soubessem que para criá-la me inspirei no trabalho realizado pela minha amiga e contadora de histórias ANDREA DIAS, que realiza um belo trabalho com crianças, despertando nelas o desejo de compartilhar histórias.

Esta oficina tem como objetivo mostrar ao público infantil a importância de valorizar os idosos, como pessoas com uma bagagem de experiência e histórias vitais, que podem ser uma fonte de sabedoria, ajuda e companheirismo. Também busca despertar na criança o desejo de escutar as histórias vividas pelos seus avós ou outras pessoas mais idosas que fazem parte do seu círculo social, criando uma ponte entre distintas gerações.

Nesta oficina você encontrará dois contos inéditos escritos por mim: O Carvalho e os Contos (que é a história de abertura) e “MISSÃO: HERÓI DE CONTOS” (para finalizar a oficina).

Por que uma oficina com esta temática?

Durante milênios, os idosos foram visto pela sociedade como fontes de sabedoria e referência para os mais jovens. Eram eles, também, que durante as noites reuniam a família para contar histórias antigas que transmitiam os valores familiares, sociais e culturais. Por meio dessas histórias os mais jovens podiam compreender que a vida é uma grande jornada cheia de desafios que devem ser enfrentados com valentia; compreendiam o valor de aprender e de quem os ensinava. No entanto, com as mudanças tecnológicas atuais, a sociedade em geral destituiu o idoso do seu milenar papel de transmissor de histórias, criando um abismo entre gerações. Fazendo com que unse outros se sintam mais vazios e solitários, conforme ensina Boff: “asociedade contemporânea, chamada sociedade do conhecimento e da comunicação, está criando, contraditoriamente, cada vez mais incomunicação e solidão entre as pessoas. (BOFF, 1999, p.11)
Por meio dos elementos simbólicos existentes na história “O Carvalho e os contos” e das atividades propostas, esta oficina tem como objetivo resgatar os idosos da sua invisibilidade, promovendo a valorização desse coletivo, suas histórias e sabedoria.

Acima você pode observar o material que de apoio à oficina que pode ser baixado através de Código QR contido no livro.
Aqui você encontra algumas páginas do livro relativas a esta oficina.

Você pode comprar Contos que Curam (editora Literare Books) em todas as livrarias (caso não tenham basta pedir). Também posso enviar para você pelo preço de 50 reais (gostos de transporte incluídos dentro do Brasil).

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Opinião: Contoexpressão Aplicada ao Coaching com Marcelle Guedes

Oi, tudo bem? Hoje quero compartilhar com vocês a Live que fiz com a Pedagoga e Coach Parental Marcelle Guedes. Marcelle foi uma das mais de 70 pessoais que participou do meu Curso de Contoexpressão: Educação Emocional e Terapia através de Contos, que realizei no Brasil nos meses de Julho e Agosto. De lá para cá, conforme você escutará no video, ela já realizou diversos eventos aplicando a Contoexpressão e as suas ferramentas.

Assista a nossa Live e veja como a Contoexpressão também pode enriquecer a sua vida  pessoal e profissional.

 

Quer saber mais sobre a Contoexpressão? Veja as nossas ofertas de Cursos e Oficinas.  

Curso de Contoexpressão Belo Horizonte Claudine Flavia e Marcelle
Claudine Bernardes, Marcelle Guedes e Flávia Gama.

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Contoexpressão: Resumo de publicações

Nesse espaço pretendo fazer um resumo, com links para todas as publicações sobre este tema. Assim será mais fácil encontrar os post’s relacionados à  Contoterapia.

Para entender a Contoexpressão:

1 – Contoterapia – Que bicho é esse? Através deste post explico o que é a contoterapia, e faço uma breve introdução de como utilizá-la na educação emocional.

2 –  Metáforas, contos e contação: a contoterapia na prática – Oficina de emoções. O que é e como utilizar a metáfora terapêutica. Além disso, explico como utilizar o Conto “Carlota não quer falar”  para fazer uma oficina de emoções.

3 –  Conto Terapêutico e Bem-estar psicológico. Uma outra visão da contoterapia. Se entende por conto terapêutico a todo conto escrito por um sujeito a partir da situação traumática mais dolorosa que tenha vivido e cujo conflito conclui com final “feliz” ou positivo; ou seja, que a situação traumática vivida no passado se resolve positivamente no conto (Bruder; 2004).

 Artigos variados sobre Contoterapia:

1 – Você acha que é possível contar contos para adolescentes?  Contos contos a adolescente parece algo difícil, porém se abrimos a nossa mente, veremos que isso é possível. Mostrarei que a contoterapia é uma excelente ferramenta para conectar com os adolescentes.

2 –  O Pescador e o Gênio: Análise simbólico de um conto polissêmico.  Quero compartilhar com vocês esse conto que faz parte das histórias de “As mil e uma noites”. Um conto cheio de simbolismo que pode ser uma excelente ferramenta para todos os públicos.

3 –  Toma nota: Menos sermões e mais histórias, seus filhos agradecerão e crescerão. um sermão geralmente entra por um olvido e sai pelo outro. Vou compartilhar com você o segredo para ser escutado pela sua criança ou adolescente.

4 –  Minha Experiência: TDAH, educação emocional e contoterapia. Realmente funciona?

5 – Por que contar contos às crianças? Nesse post comento sobre os benefícios de contar contos às crianças e explico o que é o “horizonte de significado”.

  Post com material incluido (Educação Emocional) 

1 –  Quando a tristeza se disfarça de fúria: uma atividade para desenvolver a consciência emocional. Atividade formada por um conto, mais material de apoio gratuito para ajudar a trabalhar a consciência emocional, para todas a idades.

2 –  O seu filho morde? Vem conhecer a Jaquinha, um lindo conto que fala sobre essa fase da criança. Resenha do Conto “A Jacarezinho que mordia”, com material para baixar  e proposta de atividades.

3 –  Carlota não quer falar, un conto com muitos valores: Com esse post apresento o meu conto “Carlota não quer falar”, além de oferecer um montão de materiais gratuitos para trabalhar a educação emocional das crianças.

4 –  Conto + Atividade: O Idioma de Júlia. Para pintar, desenhar, cantar e dançar. : Se trata de um conto inédito, que escrevi para  ensinar as crianças que cada pessoa é diferente, mas que apesar das nossas diferenças podemos ser amigos e passar tempo juntos, fazendo coisas que gostamos.

5 – Atividade para gerir a Raiva: O Monstro da Raiva: Se trata de uma atividade de contoexpressão, com base na fábula de Aquiles Nazoa “A Vespa Afogada”, com sugestão de várias atividade para educação emocional.

logo do blog a caixa de imaginação

Você acha que é possível contar contos para adolescentes?

(Para ler o texto em português clica aqui)

Sim, claro que é possível! Mas você deve estar disposto a rir de si mesmo. Não é nada fácil estar diante de um grupo de  adolescentes e saber que eles estão pensando:  O que essa estranha está fazendo aqui? Eu não sou mais uma criança para me contem contos! 

Se você se atreve a prosseguir e passar o limite do “ridículo”, você verá que é possível conquistar seus corações,  e lhe garanto que essa é uma sensação maravilhosa.

Agora vou lhe explicar como usei duas histórias para trabalhar com adolescentes sobre a importância dos sonhos como objetivos nos quais temos que trabalhar. Você também pode usar esse material com adultos.

1 – Histórias utilizadas:

2 – Porque escolhi estas histórias:

Ambas  histórias apresentam uma pessoa normal como protagonista. Tanto Davi quanto o Pescador estavam desprovidos de habilidades especiais que fizessem deles pessoas importantes aos olhos dos outros, apesar dessa aparente simplicidade, ambos venceram a gigantes. Todos nós temos gigantes que precisamos vencer para alcançar nossos sonhos. Na grande maioria das vezes esses gigantes estão dentro de nós.

“Os contos de fadas podem ser aventuras adoráveis, mas também lidam com um conflito universal: a luta interna entre as forças do bem e as forças do mal”. (Sheldon Cashdan em “A bruxa deve morrer”)

Penso que todos temos defeitos de caráter que podem nos impedir de alcançar nossos sonhos/objetivos. Se quisermos continuar nosso caminho de crescimento pessoal,  que nos conduzirá até aquilo que almejamos,  precisamos identificar quais são esses gigantes que necessitam ser vencidos. Somente assim chegaremos ao nosso “final feliz”.

É importante esclarecer que o objetivo desta atividade é plantar sementes na mente dos adolescentes. Todo plantio é um processo, como um caminho que deve ser trilhado.  As historias são sementes, as plantamos na mente e esperamos que elas despertem, transformando-se em frutos.

3. Contação:

Como eu já conhecia a grande maioria dos adolescentes que participaram da atividade, decidi usar como técnica narrativa uma dramatização através de um monólogo, onde representava uma guerreira amazona.  Como conhecia muito bem ambas história, utilizei  improvisação: conversei com os assistentes, fiz piadas rindo de suas roupas;   às vezes me mostrava feroz  e às vezes engraçada. Contei primeiro a história de Davi e Golias e depois o conto do Pescador e do Gênio. Eles adoraram! 

Claro que é possível contar as histórias sem a teatralização. Mas, certifique-se de que a narração é atraente.

Foto genio y pescador claudine

4. Como desenvolver a atividade de apoio

Depois de contar a historia lancei algumas perguntas. Pedi para eles pensarem nos sonhos que queriam alcançar.    O que deseja fazer profissionalmente? Que tipo de pessoa desejas ser dentro de alguns anos? Você planejou se casar e ter filhos? Que tipo de pai ou mãe desejas ser?

Pedi-lhes que pensassem sobre suas características, suas qualidades e habilidades: você possui as habilidades necessárias para conquistar seus sonhos? Que habilidades lhe faltam? Quais são as qualidades que o ajudarão a alcançar esses objetivos?

Agora pense nos seus defeitos: Você é impaciente? Você se frustra facilmente? Você é impulsivo? Quais são os gigantes que podem impedir que você atinja seus sonhos? Como você pode vencê-los?

Bem, você já fez uma avaliação agora pensemos em uma árvore, você é essa árvore. Essa árvore tem raízes, tronco e o copo onde estão os frutos. Vamos visualizar esta árvore e transformá-la em algo mais real (é como um jogo simbólico).

Vamos fazer um jogo inverso, isto é, primeiro identificaremos os sonhos que queremos colocar na nossa árvore, vamos começar a partir daí, porque será mais fácil saber quais as ações e qualidades que precisamos desenvolver, quando conhecemos o que sonhamos.

  • Os frutos:   são os sonhos. ex. Eu quero ser médico; Quero escrever um livro; Eu quero viajar para um país distante e viver grandes aventuras.
  • O tronco: no tronco estarão escritas as ações que precisamos desenvolver ao longo do tempo para que esses frutos/sonhos se tornem reais. Ex. Para fruto / sonho: quero ser médico, minhas ações serão: serei um bom estudante, terminarei o colégio, e me esforçarei para entrar na faculdade de medicina. Quando esteja na faculdade darei prioridade aos estudos, etc.
  • As raízes: as raízes da árvore serão nossas qualidades, as que devem ser a base da nossa personalidade e que nos ajudarão a produzir as ações necessárias para alcançar nossos sonhos. Temos que escrever essas qualidades, as que temos e as que precisamos ter. Ex. Do fruto / sonho: quero ser médico, minhas ações serão: serei um bom estudante, terminarei o colégio, e me esforçarei para entrar na faculdade de medicina.etc. Minhas raízes serão: paciência, perseverança, dedicação, amor para com meu próximo, etc.

Podemos fazer a árvore de duas maneiras:

  • Uma grande árvore em comum, isto é, para todos os participantes (ou grupos, se participam mais de 10 pessoas): onde cada participante colocará seu fruto / sonho na parte superior da árvore, essa fruta será feita com a palma da mão pintada com guache.
  • A4 árvore individual: cada participante terá sua árvore individual, onde fará as anotações da atividade, conforme explicado acima. Na atividade que fiz, deixei cada participante desenhar sua própria árvore. Porém não recomendo que seja assim, já que se dedicaram mais ao desenho do que na parte escrita dos sonhos, que era o objetivo real. Por esse motivo, recomendo levar um desenho em preto e branco de uma árvore simples como base para fazer as anotações da atividade.

Importante: alguns não se sentem confortáveis ​​expondo seus sonhos, então você deve deixar claro que é algo pessoal e que outras pessoas não terão acesso a ele.

Finalmente, cada participante pode levar a sua árvore à casa. Mas, para que a atividade tenha um impacto na vida desses adolescentes, seria interessante fazer o seguinte:

O professor recolhe todos os desenhos, colocando cada um dentro de um envelope  com o nome de quem o fez.
No final do ano o professor pode devolver este envelope com outra carta escrita pelo próprio professor, onde ele fala sobre as qualidades do aluno, encorajando-o a continuar lutando contra seus gigantes, a melhorar como pessoa, a se olhar constantemente no espelho para fazer uma análise de seus comportamentos e assim poder alcançar os seus sonhos.

 

Se você nunca trabalhou com adolescentes, é importante saber algumas coisas:

  • Não tenha medo do ridículo: se eles vêem medo em seus olhos, fim de trajeto.  É possível que eles façam piadas, pequenos comentários para te deixar com dúvidas, para atacar a sua confiança, ou simplesmente para fazer de palhaço diante dos amigos. Mostre-lhes que você não tem medo do ridículo, que, na verdade, você se expõe ao “ridículo” por iniciativa própria (o ridículo ao que me refiro é aos olhos deles, porque não tem nada de vergonhoso contar contos).  Se eles percebem que não podem te tocar nesse lado, eles vão deixá-lo em paz.
  • Trate-os com respeito: sim, você pode fazer piadas sobre eles, não tem problema. Mas eles devem perceber que você se importa por eles. Se você quer ser ouvido,    deve estar disposto a ouvi-los também. Se quiser ensinar-lhes algo, deve aceitar que talvez eles não concordem com sua idéia, e   podem dizer isso abertamente, sem que seja um drama.
  • Não minta para eles: os adolescentes não podem suportar hipocrisia e mentiras. Se você tem dúvidas, se não sabe a resposta, reconheça. O grande problema que os adolescentes têm com seus pais é quando estes exigem atitudes que eles mesmos não estão dispostos a ter. Então não faça o mesmo, você os perderá.
  • Lembre-se de que você  está controle: Ainda que você não tenha todas as respostas; mesmo que admita que tem dúvidas, não significa que você não esteja (ou possa estar) no controle. Embora eles não queira admitir, necessitam sentir-se seguros. E para isso eles devem devem saber que você está lá e que controla a situação. Mantenha-se firme.

O que achou da atividade? Gostaria de receber a sua opinião. Obrigada por passar pela minha Caixa de Imaginação. Compartilhe esta atividade nas suas redes sociais, assim outras pessoais poderão ter acesso a este e outros materiais que publico.

O Pescador e o Gênio: Análise simbólico de um conto polissêmico.

(Para leer el texto en Castellano pincha aquí)

Pescador port

O ano já está terminando, e para despedir-me deste ano quero compartilhar com vocês um dos contos que mais gosto e mais utilizo: “O Pescador e o Gênio” também conhecido como “O Pescador e o Ifrit” que é uma das histórias contadas pela bela e inteligente Scheherazade ao sultão no famoso livro “As mil e uma noites”

Se trata de um conto polissêmico, ou seja,   um conto que possui uma pluralidade de significados,   já que  contêm muitos símbolos e personagens arquetípicos. Além disso, nos  contos polissêmicos “aparecem elementos maravilhosos e sobrenaturais, misturados com elementos tirados da realidade” (Aurelio M. Espinosa). 

“O pescador e o gênio” conta como um pobre pescador joga a rede no mar quatro vezes. Primeiro pesca um burro morto, a segunda vez um jarro cheio de areia e lama. Na terceira tentativa a coisa fica pior que as anteriores: cacos de vidro e barro. Na quarta vez, o pescador tira um vaso de cobre. Ao abri-lo, surge uma enorme nuvem que se materializa em um gênio gigantesco que ameaça matá-lo, apesar dos apelos do pescador. Porém, graças à sua inteligência o pescador consegue livrar-se do Gênio: ele zomba do gênio desafiando-o a se tornar pequeno e entrar no vaso. Então o pescador cobre rapidamente e sela o vaso, jogando-o de volta ao mar.

Resolvi compartilhar este conto com vocês porque estarei publicando uma série de posts onde vou explicar muitas atividades que estou realizando (oficinas, palestras, contação de histórias, contoterapia), nas quais utilizo também este conto. Conhecendo o conto será mais fácil para que vocês compreendam as atividades.

Este conto utilizei em várias ocasiões, tanto em uma sessão de contoterapia individual, como oficinas grupais. E para que idades serve? TODAS. Já utilizei com crianças, adolescentes e adultos. Para atingir quais objetivos? Para trabalhar a educação emocional; introjetar o conceito de impulsividade; fomentar a necessidade de lidar com as más condutas para poder ser mais fortes e alcançar os sonhos; lidar com os vícios, etc.

Além do conto (na minha própria versão) deixarei de presente para você uma “Análise Simbólico”  feita por mim.   Os símbolos escolhidos para análise são: 1. Pescador 2. Gênio (Ifrit)  3. O número 4 (quatro objetos pesados – 4 séculos – 4 membros da família (mulher e três filhos). 4. O vaso de cobre e a tampa de chumbo. Genio e o Pescador análisis dos simbolos em português  Se você tiver alguma dúvida ou quiser conversar comigo, não duvide em escrever-me. Abaixo deixarei um formulario de contato, para que seja mais fácil. Obrigada pela visita e não se esqueça de seguir-me para receber as atualizações 😉

O Pescador e o Gênio

Contaram-me, ó poderoso rei, que havia um pescador, de idade muito avançada, casado, pai de três filhos e muito pobre. 

Tinha o costume de tirar a rede quatro vezes por dia, e não mais. Ora, um dia, no início da tarde, ele foi para a beira do mar, descansou seu balaio, atirou a rede e ficou esperando até que ela pousasse no fundo da água. Então recolheu a rede, porém esta pesava muito e não conseguia puxá-la. Levou, então, a ponta do fio à terra e amarrou-a numa estaca enfiada na areia. Depois despiu-se e mergulhou na água que ficava em volta da rede e não cessou de debater-se até soltá-la. Alegrou-se, tornou a se vestir e, aproximando-se da rede, encontrou um burro morto. Vendo aquilo, ficou desolado, mas ainda assim agradeceu a Deus. 

Depois de ter retirado a rede e limpá-la, voltou a jogá-la ao mar e esperou. Depois de um tempo tentou puxá-la e observou que estava pesada como na primeira vez. Acreditando ser um grande peixe, amarrou a ponta a uma estaca, despiu-se e mergulhou. Quando levou a rede à margem, encontrou nela um jarro enorme, cheio de lama e areia. Vendo aquilo, disse: “Ó traicões da sorte! Piedade! Que tristeza. Sobre a terra, nenhuma recompensa é igual ao mérito, nem digna do sacrifício. Às vezes saio de casa para procurar a fortuna. E dizem-me que ela morreu há tempos. Miséria. É assim, ó Fortuna, que relegas os sábios à obscuridade, para deixar que os tolos governem o mundo.”
Depois, atirou o jarro para longe de si, torceu a rede, limpou-a, pediu perdão a deus pela sua revolta e voltou ao mar pela terceira vez. Atirou a rede, esperou que ela atingisse o fundo e, tendo-a retirado, encontrou potes quebrados e pedaços de vidro. Vendo aquilo, recitou outra vez versos de um poeta: “Ó Poeta, o vento da fortuna jamais soprará ao teu laod! Ignoras, ingénuo,que nem tua pena de caniço nem as linhas harmoniosas de tua escrita não te hão-de enriquecer?” 

E, erguendo a cabeça para o céu, exclamou: “Alá! Tu o sabes! Eu não te atiro minha rede senão quatro vezes. Ora, eis que a deitei três vezes ao mar!” depois disso, invocou ainda uma vez o nome de Alá e jogou a rede ao mar, esperando que deitasse ao fundo. Dessa vez, apesar de todos os esforços, não conseguiu retirar a rede que se agarrou às rochas do fundo. Então exclamou: “Não há força e poder senão em Alá!” Depois, despiu-se, mergulhou em torno da rede e se pôs a manobrar até que a desprendeu e a trouxe para terra. Abriu-a e ali encontrou um grande vaso de cobre amarelo, cheio e intacto. Sua boca estava selada com chumbo, trazendo o sinete de Salomão, filho de Davi. Vendo aquilo, o pescador ficou muito feliz, e exclamou: “Eis uma coisa que venderei aos caldeireiros, pois deve valer pelo menos 10 dinares de ouro!” Tentou sacudir o vaso, mas viu que era muito pesado, e disse consigo mesmo: “Preciso abri-lo e ver seu conteúdo, que colocarei no saco; em seguida venderei o vaso.” Tomou, então, uma faca e começou a descolar o chumbo. Virou o vaso e dele nada saiu, excepto uma fumaça que subiu até o céu, e se desenrolou na superfície do solo. O pescador espantou-se. Depois a fumaça condensou-se e se transformou num ifrit, cuja cabeça tocava as nuvens e os pés ficavam plantados ao chão. A cabeça daquele ifrit era como uma cúpula, as mãos como forcados, os pés como mastros, sua boca uma caverna, seus dentes como seixos, seus olhos como tochas. Seus cabelos estavam em desordem e empoeirados. À vista daquele génio, o pescador ficou apavorado, seus músculos tremeram, seus dentes serraram, a saliva secou e seus olhos cegaram para a luz. 

Quando o ifrit viu o pescador, exclamou: “Por favor, grande Salomão, não me mate! Farei o que ordenes! Então o pescador disse: “Gigante, Salomão morreu há mil e oitocentos anos. Qual é a causa de tua entrada neste vaso?” O génio respondeu: Deixa-me dar uma boa nova, pescador.” O pescador disse: “O que me vais anunciar?” Ele respondeu: “Tua morte. E neste mesmo momento, e da mais horrível maneira.” O pescador respondeu: “Por essa notícia tu mereces, ó tenente dos ifrits, que o céu te retire sua protecção! E possa ele afastar-te de nós! Por que, pois, queres tu minha morte? O que fiz para merecê-la? Libertei-te daquela prolongada prisão no mar e te trouxe a terra!” Então o ifrit disse: “Pensa e escolhe a morte que preferes, e a forma pela qual apreciarás ser morto!” O pescador disse: “Qual o meu crime, para merecer tal punicao?” O ifrit falou: “Escuta minha história, ó pescador.” O pescador disse: “Fala! E sê breve em teu discurso porque minha alma, de impaciência, está a ponto de sair de meu pé!” O ifrit então contou:
Sabe que sou um gênio rebelde. Havia me revoltado contra Salomão, filho de Davi. Meu nome é Sakir-El-Gênio. Salomão mandou ter comigo seu vizir, Assef, que me levou, apesar de meus esforços, e me conduziu à presença de Salomão. Vendo-me, Salomão fez a conjuração a Alá e me ordenou abraçar sua religião e lhe prestar obediência. Recusei. Então ele fez trazer este vaso e nele me aprisionou. Depois, fechou-o com chumbo e imprimiu nele o sinete com o nome do Muito Alto. Depois deu ordens aos gênios fiéis que me atiraram ao mar. Fiquei cem anos no fundo da água, e dizia em meu coração: “Farei eternamente rico aquele que me libertar.” Mas os cem anos se passaram e ninguém me libertou. Quando entrei no segundo período de cem anos, disse comigo: “Descobrirei e darei os tesouros da terra `àquele que me libertar.” Mas ninguém me libertou. Então decidi conceder 3 desejos a quem me libertasse. Mas como isso não aconteceu fiquei tomado de tremenda cólera e disse em minha alma: “Agora, matarei aquele que me libertar, e só lhe concederei que escolha a sua morte! Foi então que tu vieste me libertar. E te concederei que escolhas teu gênero de morte.”
Ouvindo isso, o pescador disse: “Ó Alá, que coisa mais prodigiosa! Foi preciso que fosse logo eu quem te libertasse. Ó ifrit, concede-me graça, e Alá te recompensará! Mas se me fizeres perecer, Alá fará surgir alguém que te faça perecer por tua fez.” Então o ifrit lhe disse: “Mas eu quero te matar justamente porque me libertaste.!” E o pescador disse: “Ó grande Gênio, assim que tu pagas o bem?” Mas o ifrit lhe disse: “Chega de abusar das palavras! Sabes que é absolutamente necessária a tua morte!” Então o pescador disse consigo mesmo: “Eu não sou senão um homem e ele é um gênio. Mas Alá deu-me uma razão bem assentada e assim vou arranjar um meio para perdê-lo, um estratagema para enganá-lo. E verei bem se ele, por sua vez, poderá combinar alguma coisa com sua malícia e sua astúcia.” Então ele disse ao gênio: “Decidiste verdadeiramente a minha morte.” O ifrit respondeu: “Não tenhas dúvidas.” Então ele disse: “Pelo nome do Muito Alto, que está gravado sobre o sinete de Salomão, conjuro-te a responder com a verdade à minha pergunta!” Quando o ifrit ouviu o nome do Muito Alto, ficou emocionado e muito impressionado, e disse: “Podes fazer a pergunta, que te responderei com a verdade.” Então o pescador disse: “Como pudeste caber inteiro neste vaso onde mal caberiam teu pé ou tua mão?” O ifrit disse: “Por caso duvidarias disso?” O pescador respondeu: “Com efeito eu não acreditarei nunca, a menos que te veja com meus próprios olhos, entrar no vaso.”

O Gênio começou a mover-se e transformando-se novamente em fumaça começou a entrar, pouco a pouco, no vaso. Quando o Pescador viu que toda a fumaça já estava dentro do vaso, pegou rapidamente a tampa de chumbo e a colocou sobre o vaso, fechando a entrada. Quando o Ifrit percebeu que não podia sair começou a agitar-se dentro do vaso, pedindo para ser liberado. “_ Clemência pescador! Se me libertares farei de ti o homem mais rico e poderoso do mundo!” “_Já não creio em ti, malvado Gênio! Tenho certeza que me matarás se te liberto. Mas te contarei os meus planos. Te devolverei ao mar, de onde não deverias ter saído. Depois construirei uma casa a beira do mar, e contarei a todos que passem por aqui o que me aconteceu. Assim, se alguém encontrar este vaso, saberá que um malvado gênio vive no seu interior, e voltará a jogar-te ao mar.”

Enquanto o malvado ifrit gritava, pedindo para ser liberado, o pescador devolveu o vaso ao fundo do mar, satisfeito por ter conseguido conservar a sua vida.

 

Quando a tristeza se disfarça de fúria: uma atividade para desenvolver a consciência emocional.

 (Para leer el artículo en castellano pincha aquí)

1 Atividade O Iceberg - educação Emocional - Claudine Bernardes

Escute este Post através do  Podcast:

Oi, tudo bem? Resolvi chamar esta atividade de “O Iceberg”, e você compreenderá o porquê durante a explicação. O Iceberg é uma atividade para ajudar a desenvolver a consciência emocional. Você pode utilizar este material tanto com crianças de primária, como adolescentes, jovens e adultos. É importante que eles já tenham tido algum contato com alguma atividade de educação emocional, para que a experiência seja mais completa, ou seja, é interessante que já tenham um vocabulário emocional básico (Para isso sugiro utilizar o meu conto “Carlota não quer falar” e o Projeto Educação Emocional com Carlota).

Durante o último mês estive utilizando este material com o meu grupo de prova, que está formado por aproximadamente 7 crianças (6 a 11 anos). Neste grupo existem crianças com situações muito diferentes, tais como: TDAH, altas capacidades, DEL (distúrbio específico da linguagem). Eles adoraram fazer as atividades propostas. Durante o processo tive que fazer algumas alterações e adaptações no material. Além disso também utilizei este material para realizar uma oficina com um grupo de adolescentes, e a resposta foi muito positiva. Porém, antes de apresentar a atividade em si, quero falar um pouco sobre a Consciência Emocional.

O QUE É CONSCIÊNCIA EMOCIONAL?

A CONSCIÊNCIA EMOCIONAL é a capacidade de reconhecer um sentimento no mesmo momento em que ele aparece; é a pedra angular da Inteligência Emocional.

A criança não possui um conhecimento emocional inato profundo. A percepção de nossas próprias emoções envolve saber como prestar atenção, ou decifrar o nosso próprio estado interno. Ou seja, se trata de fazer um auto-análise do que sentimos, no momento em que sentimos. Também é importante avaliar sua intensidade: é necessário detectá-los no momento em que aparecem, com pouca intensidade em princípio para poder controlá-los sem esperar a transbordar.

Muitos de nós não exercitamos a nossa consciência emocional quando éramos crianças, e isso torna as coisas mais difíceis agora que já somos adultos, você não acha? Então devemos começar a trabalhar nisso sem demora. O lado positivo é que podemos trabalhar as capacidades emocionais em qualquer lugar: Nas empresas onde trabalhamos; na sala de aula; nas igrejas; em casa; nas consultas; nas atividades estraescolares etc.

Agora vou contar uma pequena história pessoal para que você possa compreender a necessidade de trabalhar de forma específica a consciência emocional.

As vezes quando ia buscar meu filho ao colégio, ele me dizia: “_ Mãe, me sinto muito entediado.” – Confesso que, a princípio, me incomodou muito escutar isso, acho tão chato uma criança que reclama de tudo, principalmente de estar entediado, quando poderia utilizar a sua imaginação para divertir-se. No entanto, resolvi colocar de lado meus próprios sentimentos, e observar melhor aquela situação que estava repetindo- se constantemente. “_ Filho, porque você acha que está entediado? _É porque não tenho vontade de fazer nada. _Como assim você não quer fazer nada? Nem brincar com os teus brinquedos favoritos? _Me sinto muito cansado para brincar, mãe.”

Aí estava o problema! Ele estava cansado, porém como não conseguia compreender isso, dizia que se tratava de tédio.

Isso acontece com todos, adultos e crianças. Às vezes, a tristeza está disfarçada de raiva ou medo de frustração. Não reconhecer e expressar corretamente os sentimentos pode gerar sérios conflitos interpessoais.

Sugestões para desenvolver a consciência emocional

1. Aceitar que não compreendemos tudo: quando o assunto são as emoções, nada é tão claro e óbvio como pode parecer. Devemos saber que às vezes o sentimento que expressamos pode ser apenas “a ponta do iceberg”, uma reação a outro sentimento que está escondido abaixo, mais profundo, lá dentro de nós. A história de Jorge Bucay que proponho hoje pode ajudá-lo a criar essa consciência.

2. Pergunte e pergunte-se: De onde veio esse sentimento? O que causou isso? Existem outros sentimentos acorrentados a ele? Estou triste, é verdade. Mas, por que estou triste? O que aconteceu?

3. Conhecer as emoções: é importante saber como cada emoção é: como a sentimos internamente; como se expressa externamente; que linguagem é usada quando a sentimos; quais são as expressões corporais que acompanham uma determinada emoção

(através da minha história “Carlota não quer falar” e o Projeto de Educação Emocional que eu coloco à sua disposição gratuitamente em pdf é possível trabalhar essa habilidade).

Agora vamos ver como apliquei esta atividade

Painel Iceberg foto

1. Conte a história “A Fúria e a Tristeza”:

É uma maneira excelente para que os participantes compreendam a complexidade dos sentimentos:

Num reino encantado onde os homens nunca podem chegar, ou talvez onde os homens transitem eternamente sem se darem conta…
Num reino mágico onde as coisas não tangíveis se tornam concretas…
Era uma vez… Um tanque maravilhoso.

Era uma lagoa de água cristalina e pura onde nadavam peixes de todas as cores existentes e onde todas as tonalidades de verde se refletiam permanentemente… Aproximaram-se daquele tanque mágico e transparente a tristeza e a fúria para se banharem em mútua companhia.

As duas tiraram os vestidos e, nuas, entraram no tanque.
A fúria, que tinha pressa (como sempre acontece com a fúria), pressionada pela urgência – sem saber porquê – banhou-se rapidamente e, ainda mais rapidamente saiu da água… Mas a fúria é cega ou, pelo menos, não distingue claramente a realidade. Por isso, nua e apressada, pôs, ao sair, o primeiro vestido que encontrou….
E aconteceu que aquele vestido não era o dela, mas o da tristeza…
E assim, vestida de tristeza, a fúria foi-se embora.
Muito indolente, muito serena, disposta como sempre a ficar no lugar onde estava, a tristeza terminou o seu banho e, sem pressa – ou melhor dito, sem consciência da passagem do tempo – com preguiça e lentamente, saiu do tanque.
Na margem, deu-se conta de que a sua roupa já não estava lá.Como todos sabemos, se há uma coisa que não agrada à tristeza é ficar nua. Por isso vestiu a única roupa que havia junto do tanque: a roupa da fúria.
Contam que, desde então, muitas vezes nos encontramos com a fúria, cega, cruel, terrível e agastada. Mas se nos dermos tempo para olhar melhor, percebemos de que esta fúria não passa de um disfarce e, por detrás do disfarce da fúria, na realidade, está escondida a tristeza. (Jorge Bucay in “Contos para Pensar”)

2. Mostrar o Iceberg

Eu desenhei um Iceberg que você pode projetar ou imprimir e colocar na parede. Eu imprimi ele em A3 e o coloquei na parede para ilustrar o que eu estava explicando. O Iceberg é uma metáfora visual muito interessante para ensinar sobre sentimentos ocultos. Os grupos com os quais trabalhei foram capazes de entender muito bem toda a explicação do Iceberg e, em seguida, complementamos a atividade com os cartões para colocar os emojis, de acordo com a explicação abaixo.

Como já falamos, há sentimentos que são apenas a expressão externa de outros sentimentos mais profundos. Portanto, a raiva pode ser apenas a ponta do iceberg para sentimentos que estão escondidos e misturados como podem ser: medo, frustração, solidão. Depois de contar a história de Jorge Bucay “A Fúria e a Tristeza” você pode mostrar ao grupo O ICEBERG, e como há sentimentos ocultos, disfarçados. Na ponta do iceberg, vemos um sentimento que parece muito claro para nós, mas abaixo, nas profundezas existem outros sentimentos que podemos encontrar quando nos preocupamos em falar com a pessoa, fazendo-lhes perguntas, porque às vezes ela não sabe o que realmente está sentindo.

3. Contar um conto:

Escolha uma história onde os personagens vivam uma série de situações e através de seus comportamentos expressem seus sentimentos. Abaixo, coloquei algumas histórias como sugestões. Ao contar a história, é importante identificar alguns sentimentos para servir como base para aqueles que estão na parte inferior do iceberg. Exemplo: se você está contando a história da Branca de Neve, você pode dizer que ela sentiu muito medo de ficar sozinha na floresta, depois que foi abandonada pelo homem encarregado de matá-la. Esse sentimento de medo serve como uma base (ponta do iceberg – ou centro da ficha) para procurar outros sentimentos escondidos. Durante a atividade (jogo), esse sentimento base identificado durante a contação servirá como ponto de partida para identificar outros sentimentos. Você ajudará o grupo a identificar esses sentimentos através de perguntas: Vocês acham que a floresta é um lugar bonito? Por que uma pessoa pode sentir medo na floresta? Ela estava sozinha ou acompanhada? Ela era uma pessoa acostumada a estar sozinha na floresta? A partir das perguntas podemos identificar outros sentimentos que culminaram com medo, que podem ser: solidão, insegurança, decepção, etc.

Este material pode ser utilizado em muitas sessões. Você pode trabalhar com muitas histórias diferentes.

APÓS CONTAR A HISTÓRIA:

  • Colorir o iceberg (as crianças amam essa parte);
  • Escolha um personagem e um momento na história para analisar um sentimento básico e descobrir os sentimentos escondidos.

Além disso, você também pode usar os cartões com emojis quando o grupo já entendeu a atividade. Existem 4 modelos de fichas base para usar: Amor, Raiva, Tédio, ficha em branco. Junto com estes são também os emojis que expressam diferentes emoções. Você deve imprimi-los da maneira que melhor lhe convier. Eu, por exemplo, imprimi os cartões e os emojis e os plastifiquei. Eu também imprimi muitos cartões em branco para que as crianças pudessem desenhar emoções, foi muito positivo. No centro da ficha deve estar o sentimento base e nos extremos os sentimentos ocultos. Eles utilizaram o lista dos 40 Estados Emocionais como material de consulta.

ALGUMAS FOTOGRAFIAS DA ATIVIDADE COM O GRUPO DE PROVA

SUGESTÕES DE CONTOS PROPOSTA: O GÊNIO E O PESCADOR:

GÊNIO:

a) Que sentimento o gênio expressou quando saiu do vaso? (Fúria)
b) Agora pense em quanto tempo ele esteve preso no vaso. O que ele deve ter pensado durante esse tempo? Que sentimentos ele pode ter sentido?
c) A raiva que ele sentia poderia ter outros sentimentos escondidos? Será que o gênio sentiu solidão durante este tempo? Ele gostaria de retornar à sua prisão?

PESCADOR:

a) O que o pescador sentiu quando o Gênio disse que o mataria? (Medo)
b) Ele tinha uma família? O que poderia acontecer com sua família se ele morresse?           c) Quais outros sentimentos o pescador poderia sentir diante das ameaças do Gênio?

OUTRAS HISTÓRIAS SUGERIDAS:

1- O Patinho Feio;
2 – A roupa nova do Rei;
3 – Cinderela;
4 – O Pequeno Príncipe (é mais longo, mas pode ser feito com adolescentes, com o livro como leitura sugerida)

5 – A vespa afogada.
6 – A parábola do filho pródigo; 7 – Davi e Golias.

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