O processo do conto dentro do seu receptor é exatamente como o processo da lagarta que se transforma em borboleta. Assim como a lagarta passa por uma metamorfose no casulo, o leitor do conto passa por uma transformação ao se imergir na história. Tentar explicar o conto prematuramente, como abrir o casulo antes do tempo, pode prejudicar essa experiência transformadora. A verdadeira magia do conto reside em sua capacidade de envolver o leitor, permitindo que ele descubra os significados e nuances por conta própria, como a borboleta emerge naturalmente de seu casulo.
Em seu livro “O Herói de Mil Faces”, o renomado estudioso de mitologia Joseph Campbell destacou a importância do percurso pessoal do herói, um tema que muitas vezes é explorado em contos. Ele afirmou: “Um herói é alguém que deu a própria vida a algo maior do que si mesmo”. Isso se aplica tanto ao autor do conto quanto ao receptor. O receptor do conto é convidado a embarcar em uma jornada, enfrentar desafios e descobrir lições por conta própria, tornando-se, assim, parte da transformação que a história oferece.






Assim como a lagarta precisa lutar e se esforçar para se libertar do casulo, o leitor deve se envolver ativamente na história, enfrentando os conflitos e dilemas apresentados. Essa luta e imersão do leitor são essenciais para a verdadeira compreensão e apreciação do conto.
Portanto, o conto deve fazer o seu próprio caminho, sem ser forçado ou explicado de antemão. Assim como a borboleta emerge naturalmente de seu casulo, os significados ocultos e a beleza de um conto se revelam de forma orgânica à medida que o leitor se entrega à experiência da narrativa, permitindo que a transformação ocorra de maneira completa e pessoal.

