Resenha PHANTASTES de George Macdonald, um livro sobre o poder de transformação do Reino das Fadas

George Macdonald é um desses grandes escritores de fantasia, que foram opacados pela passagem do tempo. Felizmente suas obras começam a vir à tona, graças a fiéis leitores e divulgadores da literatura de fantasia. Conheci este autor e sua obra Phantastes em uma resenha de @tolkientalk (sugiro conhecer esse pessoal incrível). 

George MacDonald (1824-1905) foi um escritor, poeta e ministro escocês, nascido em Huntly, Aberdeenshire. Ele é lembrado como um dos pioneiros da literatura fantástica e um influente autor cristão do século XIX que, inclusive foi um grande amigo de Lewis Caroll, autor de Alice no País das Maravilhas. 

Mas o que falar sobre Phantastes? 

Para aqueles que amamos estudar a influência da literatura no desenvolvimento humano, penso que é um livro que pode esclarecer muitas questões. Phantastes conta a história de Anodos, cuja jornada na história é uma busca de autoconhecimento e crescimento pessoal. A escolha desse nome (Anodos significa “caminhar para cima”) tem significado simbólico, pois reflete a jornada espiritual do personagem em direção a uma compreensão mais profunda de si mesmo e da verdadeira natureza do mundo ao seu redor.

E onde acontece essa jornada? Anodos, que vive no nosso mundo real (mundo primário, como diria Tolkien), um dia entra no Reino das fadas (mundo secundário, segundo Tolkien), esse mundo mágico simbólico que tanto falo por aqui. Ali ele vive grandes aventuras e reconhece a própria sombra (falo bastante sobre ela aqui e nas minhas aulas).

Deixo aqui as imagens de algumas citações encontradas no livro e que me marcaram:

“Phantastes” é uma obra notável e cativante. Publicado em 1858, o livro é frequentemente considerado um dos precursores da literatura fantástica moderna. A história segue a jornada de Anodos, um jovem de mente inquieta, que se vê imerso em um mundo de sonhos e maravilhas.

A narrativa é uma mistura magistral de elementos fantásticos, simbolismo profundo e questionamentos existenciais. À medida que Anodos explora esse reino onírico, ele se depara com uma série de personagens estranhos e eventos surreais, cada um com seu próprio significado oculto. Através dessa jornada, o protagonista é confrontado com a dualidade entre a luz e as sombras, o bem e o mal, o autoconhecimento e as ilusões do ego.

MacDonald habilmente tece uma teia de metáforas e alegorias, desafiando os leitores a refletirem sobre questões filosóficas e espirituais. Seus temas exploram a jornada da alma, o crescimento pessoal e a busca pela verdadeira identidade. A escrita é poética e evocativa, levando os leitores a um mundo de encantamento e mistério.

Embora “Phantastes” tenha sido inicialmente recebido com opiniões divididas, ao longo do tempo, sua influência se tornou inegável, inspirando escritores como C.S. Lewis e J.R.R. Tolkien. A habilidade de MacDonald em criar uma atmosfera mágica e penetrar nas profundezas da psique humana é o que torna essa obra atemporal e significativa.

O livro possui a introdução do grande C.S. Lewis que, como já disse, recebeu grande influência de Madonald. 

Em suma, “Phantastes” é uma leitura obrigatória para os amantes de literatura fantástica, poesia e filosofia. George MacDonald revela-se um mestre contador de histórias, levando os leitores a uma jornada inesquecível através de um mundo repleto de maravilhas e reflexões sobre a condição humana.

Aqui deixo a videoresenha do Tolkien Talk que me animou a ler este livro, ela começa assim “ANTES DE NARNIA E DA TERRA MEDIA EXISTIA PHANTASTES”:

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Árvore e folha: o livro de Tolkien que fala de fantasia

Todos conhecem a Tolkien pelo livro ou filme “O Senhor dos Anéis”, hoje eu lhe apresento um livro mais didático.

Foi difícil encontrar uma edição desta obra aqui na Espanha, tive que comprar um exemplar usado, porque não encontrei nenhuma edição em venda. Mas não me arrependo do investimento de tempo de dinheiro. Muitos de vocês me escrevem perguntando por livros que eu recomendo para leitura. Esse é um deles. O mundo dos contos de fadas possui uma lógica própria, leis que são importantes conhecer. E Tolkien manejava muito bem estas leis, o que se ve nos seus diversos livros. Árvore e folha se publicou por primeira fez em 1964.

Nesse livro encontraremos um ensaio sobre os contos de fadas. Mas o que é um conto de fadas? A resposta parece fácil, porém não há um consenso, e muitos autores reconhecidos apresentam as suas definições, como o famoso psiquiatra Bruno Bettelheim.

A definição de um conto de fadas -ao menos o que deveria ser- não depende, pois de nenhuma definição nem de nenhum relato histórico de elfos ou fadas, mas sim da natureza de “Fantasia”: O Reino Perigoso e o ar que sopra nesse país.

Mas o que significa isso?


Para Bruno Bettelheim os contos de fadas são aqueles onde aparecem esses seres mágicos, as fadas. Sendo que os outros contos onde não aprecem as fadas, porém estão dentro do mágico simbólico (o que Tolkien chamaria de Fantasia), são denominados CONTOS MARAVILHOSOS. Um elementos imprescindível de ambos, segundo este autor, é o final feliz.


Tolkien, no entanto, nos propõe outra definição, dizendo que os CONTOS DE FADAS são aquelas histórias que acontecem dentro de FANTASIA. O mundo de FANTASIA (o qual nos meus cursos eu defino como o mundo mágico-simbólico) é um lugar fora deste mundo onde vivemos. Ali o tempo se vive de outra forma, as leis naturais são diferentes, porém existem leis. Neste mundo entramos através de um portal o qual conhecemos com essas palavras “magicas” que sempre dizemos quando começamos um conto de fadas “Era-se uma vez”. Nesse mundo tudo pode acontecer…

Tais histórias abrem uma porta a Outro Tempo e se a cruzamos, ainda que somente por um instante, ficaremos fora da nossa própria época, ou fora do próprio Tempo.

Este é um mundo exclusivo de crianças?


Algumas pessoas pensam que os contos de fadas e seu mundo maravilhoso é um lugar para ser visitado somente pelas mentes infantis. Esse é um grande erro. SOU UMA DEFENSORA da educação emocional por meio dos contos, tanto para crianças, como adolescentes e TAMBÉM ADULTOS. Inclusive, muitos psicólogos que fazem o meu curso de CONTOEXPRESSÃO (também terapeutas em geral) trabalham utilizando o conto com adultos.

Tolkien defende que os adultos necessitam dos contos de fadas, pois dentro de fantasia poderão aprender muito. O adulto deve aproximar-se dos contos de fadas, respeitando esse tipo de literatura como uma arte. Não se trata de infantilizar-se… de querer viver dentro da fantasia… nada disso, deve fazê-lo de forma respeitosa e adulta. Então, segundo o autor poderá aprender alguns valores esquecidos, porém necessários, como: FANTASIA, RENOVAÇÃO, EVASÃO E CONSOLO.

Há muito mais que dizer sobre este incrível livro, porém hoje fico por aqui. Espero que tudo isso lhe faça meditar na importância dos contos na vida de crianças e adultos. Se gostou compartilha e se quiser aprender a utilizar os Contos como ferramentas psicoeducativas, vem estudar CONTOEXPRESSÃO COMIGO.