Nosso coração não é lixeiro! Jogando fora os entulhos do passado.

Claudine Bernardes
Fotografia e edição: Claudine Bernardes

O que escondo dentro de mim.

Guardo a esperança presa em uma caixa de sapatos. Às vezes a espio com cuidado, não abro muito para que não fuja. Guardo minha esperança com zelo, desejando que as coisas mudem, e que minha simples esperança se transforme em algo tangível.

Guardo aquele sentimento que me deixaste, aquele sentimento que produziste ao partir. O mundo não o vê porque o guardo com zelo. Ninguém o ouve. Me calo e escondo o que levo. Ainda que guardado dentro de mim persista uma terrível tempestade, é minha essa tempestade e não a deixo partir. Na verdade, conservo essa dor que levo porque é o único que resta de ti.

Guardo dentro aquele desejo de ser o que jamais serei. O guardo escondido onde só eu possa amá-lo, onde ninguém possa julgá-lo. Não! Não insista porque não o deixarei ir. Ele é o único que me conecta com o que jamais terei coragem de ser. Porque o que sou é um sorriso apagado, é vontade contida, é um nada em um mundo que exige que sejamos tanto.

Guardo, escondo e mantenho aquilo que já foi e não é mais. Às vezes me pergunto se não seria mais fácil deixá-lo partir. Porém o medo do vazio me faz retroceder, e fecho as portas uma vez mais, e não o deixo ir

♥♥♥

Guardamos roupas apertadas com a esperança que voltem a servir-nos. Telefones de pessoas que desapareceram de nossas vidas e que possivelmente jamais regressem. Todos guardamos coisas, palpáveis ou não. Eu guardo minha sapatilha de escalada como se fossem um tesouro. Nela conservo a lembrança de tempos prazerosos, quando conquistava às alturas; a adrenalina da queda quando meus braços e pernas endurecidos pelo esforço já não continham meu peso. No entanto há coisas que não devem ser guardadas:

Rancor: 

Às vezes atesouramos sentimentos negativos em relação a pessoas que nos feriram. Todos sabemos que perdoar é primordial para nossa saúde mental, espiritual e inclusive física. Mas na hora do “vamos ver” quando temos que deixar ir esse sentimento horrível, buscamos desculpas. “Não estou preparado para perdoar”. “Você não sabe quanto dano ele (ela) me fez!” Esses argumentos não são lógicos, porque enquanto você não perdoar estará lidado de forma negativa a essa pessoa. Perdoar é saudável e libertador. Todos estamos en Construção:

Durante a nossa vida causamos transtornos na vida de muitas pessoas,
porque somos imperfeitos. Perdoar é cuidar das feridas e sujeiras.
É compreender que os transtornos são muitas vezes involuntários. Que os erros dos outros são semelhantes aos meus erros e que, como caminhantes de uma jornada, é preciso olhar adiante.

(Gabriel Chalita, Blog do Massa)

Desejos inalcançáveis que produzem frustrações:

Há coisas que são inalcançáveis simplesmente porque não estamos dispostos a transformá-las em realidade ou não queremos pagar o preço da conquista. Um exemplo experimentando por mim: depois de terminar a faculdade de direito, e trabalhando nessa área durante anos, resolvi fazer uma especialização na Espanha. Amo o direito com loucura, me imaginava sendo advogada até o fim dos meus dias. Entretanto, me casei e fiquei por aqui mesmo. Por diversas situações que vão desde vários exames orais complicadíssimos exigidos para homologar o diploma, até o fato de que sou idealista demais para trabalhar com o direito espanhol (tão quadrado), acabei tendo que fazer uma escolha: Deixar essa paixão pelo direito de lado e viver a vida como ela agora é, ou ficar chorando sobre o leite derramado, frustrada e com pensamentos nostálgicos de como era linda a minha vida profissional no Brasil. Deixei meu amor ir embora. Aceitei minha vida tal qual ela é, e isso me fez sentir mais leve e pronta para empreender novos caminhos.

Sentimentos e relações daninhas:

Você já se apaixonou por alguém que, apesar de não querer levá-lo a sério, tampouco o deixa passar página? Isso é terrível! É como se quisessem manter-nos escravizados a uma relação sem futuro é que quanto mais se demore em terminar, mas dano produzirá. É fundamental tomar a decisão de abrir mão dessa relação e deixar partir esse sentimento. É algo que beneficiará a ambos. Também há aquele sentimento que guardamos em relação a alguém que já não quer mais fazer parte da nossa vida. Albergamos a ilusão de, quem sabe um dia… e vamos guardando esse sentimento que não tem futuro. Isso é terrível, cansativo e nos aprisiona a algo que já não existe. Chegou a hora de passar página!

Jogue fora! Não guarde dentro os entulhos do passado. Caminhe pela vida leve porque a vida em si já é pesada.

E para terminar, deixo uma música da Lorena ChavesO Lamento” que fala sobre seguir adiante, “olhar pro céu e caminhar”:

Penso desistir do que não sei
Por não saber esperar no que vai dar
Sonhos que se foram junto a ti
Eu já não sei por onde recomeçar
Caso de amor assim eterno
Nem uma vida inteira para esquecer
Sigo lamentando pelas fichas todas gastas em você.

E nem de longe eu vivi a paz
Fui percorrer as curvas da avenida
Comprar vitrines inteiras de futilidade
Fazer sorrir tristeza pra essa imensa dor
Nas caixas o vazio da minha alma
A cura temporária para a solidão
Procuro esperança pra essa vida vã
É hora de olhar pro céu e caminhar

E nem de longe eu vivi a paz
Fui percorrer as curvas da avenida
Comprar vitrines inteiras de futilidade
Fazer sorrir tristeza pra essa imensa dor
Nas caixas o vazio da minha alma
A cura temporária para a solidão
Procuro esperança pra essa vida vã
É hora de olhar pro céu e caminhar

(Lorena Chaves – O Lamento)

Então, gostou? Espero o teu comentário. Lembre-se que a “A Caixa de Imaginação” é um canal bilateral de comunicação, por isso, ficarei feliz em receber os teus comentários e ideias. Ah! Se gostou compartilhe. 😉 (Para leer esta entrada en Español: Lo que escondo adentro de mí)

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Resenha de Música: Memórias de um Narciso (Lorena Chaves)

                   Amo as músicas da Lorena Chaves. Todas! Porém, considero “memórias de um narciso” uma música incrível. Possui uma melodia original, uma letra profunda e uma interpretação sui generis.

Resenha Memoria de um narciso
Foto de arquivo: Claudine Bernardes

            Sim, somos seres narcisistas! Adoramos ver a nossa imagem refletida no espelho, gostamos de escutar o som da própria voz e que nos digam o quanto fazemos as coisas bem. No entanto, a realidade é outra. O mundo não gira ao nosso redor, não somos insubstituíveis, e nem tudo se trata de nós, do que necessitamos ou do que pensamos.

“Aos 20 años me preocupava com o que as pessoas pensavam de mim. Aos 40 anos deixei de preocupar-me. Aos 60 años descobri que as pessoas nem sequer pensavam em mim.”

                  Quando compreendermos isso, quando nos olharmos no espelho e vermos nossas debilidades, então poderemos dar o seguinte passo. Qual é? Permitir que o Deus que nos criou, que nos amou ao ponto de morrer pelos nossos pecados, nos transforme. Porque Nele temos um potencial incrível, eterno e pleno.

Escuta a música “Memórias de um Narciso”

Não podia faltar a letra:

Deixo a vida me levar
Aonde ela quiser
Boto a culpa no destino
No fim tudo vai se acertar
Se estou triste abro um uísque
Devo ter um bom motivo
Se não tenho, invento
Hoje eu só quero me livrar de mim
Estou preso em meio a um labirinto cheio de espelhos
O meu mundo gira em torno das vontades que eu tenho
Estou imerso em um sistema que me diz você é livre
Mas no fundo o desejo pela liberdade não cessou
Que eu sou escravo do consumo desse amor por mim
Eu sou escravo sem saber que sou assim
Que eu sou escravo do consumo desse amor por mim
Eu sou escravo sem saber…
No fundo eu me cansei de me relacionar comigo
E eu escrevo aqui as últimas memórias de um narciso
Vou procurar a paz que não se encontra em mim
Essa plenitude não se pode achar em alguém como eu
Que sou escravo do consumo desse amor por mim
Eu sou escravo sem saber que sou assim
Que eu sou escravo do consumo desse amor por mim
O amor não pode ser tão egoísta assim

(Lorena Chaves – Memória de um Narciso)

Conheça mais sobre a Lorena pulsando aqui.

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