21 de Março, Dia Mundial da Poesia.

Oi amigos! Não podia deixar passar esse dia em branco, por isso resolvi compartilhar com vocês uma poesia que gosto muito. Se gostou compartilhe também com os seus amigos.

(Para leer ese texto en Español pincha en: Soy Jardín)

ilustración claudine bernardes

Sou Jardim

Posso parecer uma muralha sombria,
feita de ásperas pedras,
enegrecida pelo tempo.
Mas, dentro conservo um jardim,
onde vivem flores e pássaros.
Dentro de mim a vida sorri.

Ainda que pareça velha,
porque sou velha,
o tempo dentro de mim se congelou.
Se te atreves a olhar-me,
despojado de preconceitos,
verás que por dentro sou um jardim.
Que as flores nascem dentro de mim.

Sei que chegará o dia,
em que meus movimentos se retardem,
que meus músculos se travem.
Inclusive a memória,
o bem mais precioso que tenho,
se irá e me deixará.
Ainda assim, se te atreves a olhar-me,
despojado de preconceitos,
verás que dentro levo canção.

Porque na minha vida, as vezes amarga,
por momentos tormentosa e afligida,
sempre fui uma muralha,
que guardava dentro um jardim
e uma bela canção.
Fora…
fora deixei tudo o que é feio,
mau e sujo.
Tudo o que poderia matar o jardim
que guardo dentro.

(Claudine Bernardes)

Chegou a Primavera

(Para leer el texto en Español pincha en: Estaciones)

calle con flores la caja de imaginación
Villafamés – Castellón – España. Fotografía : Claudine Bernardes

Estações

Me fascinam as estações!
A ti não?
Talvez não as olhaste com cuidado,
não observaste como deverias.
Se de verdade as tivesse examinado,
verias a beleza guardada em cada uma delas.

No meu outro mundo,
(onde as coisas são diferentes)
estava o verano e o inverno,
os dois polos opostos das estações.
Entretanto, o outono e a primavera
quase não os sentia.
Passavam silenciosos,
sem fazer ruido,
timidamente.

No meu outro mundo,
(do qual as vezes tenho saudade)
não podia contemplar as folhas caindo como chuva
enquanto caminhava pela alameda.
A nudez das árvores, esperando o renascimento..
Jamais senti o prazer de observar
a mistura do verde o amarelo e marrom.
Fenômeno que só no outono posso ver.

Mas também está a primavera,
minha doce estação.
Ainda que me produza alergia,
também me produz alegria.
Alegria e alergia duas palavras tão distintas
formadas pelas mesmas letras
(Já chega de divagar!).

A primavera é bela,
inspiradora,
cheia de cores,
e na cidade abundam as flores.
Também se enche de odores.
Odores que lembram-me da alergia…
(Melhor fico por aqui,
porque essa alergia não me deixa escrever).

É interessante como algo que gostamos tanto, pode ao mesmo tempo produzir alegria e fazer-nos dano. Sou apaixonada pela primavera.  Vivo em um lugar onde as flores abundam, não importa por onde vá, encontrarei flores, como nessa linda e estreita rua da foto. Mas, infelizmente, sou alérgica ao pólen. Por essa razão sofro muito durante a primavera.

Assim é a vida, cheia de contradições. Feliz primavera!

Dois mundos, dois amores.

(Para leer el texto en español pincha en: Mis dos mundos)

Meus dois mundos

Te amo, minha nação!
Mas agora, estou aqui, bem longe de ti.
Ainda que me assusta o que vou dizer,
confessarei sem medo de mentir.
Desejo ficar, necessito estar aqui.
Me apaixonei por essa terra tão diferente de ti.

Aprendi a amar as suas línguas e a sua gente.
Me fascinam os laranjais, o cheiro da flor de azahar.
Inclusive as montanhas, tão diferentes das tuas,
que num princípio me fizeram chorar,
agora me convidam a caminhar.

Observo os meus versos, já não são iguais.
Mudaram, se misturaram.
Têm o sabor dos meus dois mundos,
daqui e daí.
Neles posso unir meus dois amores.

Confesso! Mas, por favor, não me repreendas assim.
Tenho dois amores, igualmente grandes,
igualmente fortes e não posso impedir.

(Claudine Bernardes)

Obrigada por passar pela minha “Caixa de Imaginação”. Espero seu comentário. Até logo.

Isso é Comunicação: eu mudo, você muda.

(Para leer el texto en español pincha en: Comunicación)

PrintO que aconteceu?

Chegou,
sentou,
observou.
Chorou pelo que viu.
Algo nele mudou.
Levantou,
partiu…
diferente ao que chegou.

O que é comunicação?

Primeiro direi o que não é. Comunicar-se não é simplesmente intercambiar palavras. Não, isso não é. Não é escutar a alguém por educação,  fazendo com que as palavras entrem por um ouvido e saiam pelo outro. Também não é falar sem ter a intenção de escutar.

Hoje em dia falamos muito e comunicamos pouco.

Fulano e sicrano estavam sentados conversando animadamente. Enquanto um falava o outro buscava uma resposta para refutar as ideias recebidas. Nem o primeiro, nem o segundo tinham a intenção levar nada daquela conversa, não queriam mudar. Estavam  um diante do outro fazendo monólogos. Falavam simplesmente para escutar o eco das suas próprias vozes. São como Narciso adorando sua imagem refletida na água.

Fulano e sicrano são um reflexo da nossa sociedade atual.

Na minha outra vida, quando era uma profissional do direito, uma amiga do trabalho me disse: Claudine, você sempre tem uma resposta para tudo, sempre busca convencer de que você tem a razão.

Naquele momento me senti lisonjeada. Todo advogado gosta e necessita ser persuasivo, disso depende o nosso sucesso profissional. No entanto, quando a Claudine de agora olha para a Claudine do passado, pode ver pessoas frustrada ao seu redor.  Isso não é nada agradável. As vezes volto às andanças e repito o meu erro, mas agora já estou mais atenta e freio esse impulso “maligno”.

Nas redes sociais passa o mesmo. Utilizamos nossas redes sociais para massagear o nosso ego, o nosso e de outros. Sim, porque ou estamos de acordo com o dizem e fazemos comentários lisonjeiros, ou ficamos quietos, sem dizer nada por receio de ofender (nem todos fazem assim; confesso, as vezes entro nesse erro). Entretanto, atuando dessa forma não mudamos, não amadurecemos e também não ajudamos a que outros amadureçam.

Outro dia li um comentário de  Zygmunt Bauman que gostei muito:

“As redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia… Muita gente as usa não para unir, não para ampliar seus horizontes, mas ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de conforto, onde o único som que escutam é o eco de suas próprias vozes, onde o único que veem são os reflexos de suas próprias caras. As redes são muito úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha.”

Agora sim, falemos sobre o que é comunicação

Só se estabelece comunicação se como fruto do “feedback” resulta algum tipo de mudança nos participantes. Nem toda comunicação é verbal, mas toda comunicação produz mudanças.

Trocamos ideias?

Agora gostaria de saber a sua opinião, seja qual seja. Gosto de ler os comentários de pessoas que não pensam como eu, acho isso muito enriquecedor. Até logo.

Sou poesia

(Para leer el texto en Español pincha en: Soy poesía)

Sou feita de palavras.png
Texto e ilustração: Claudine Bernardes

Sou poesia

Sou feita de palavras.
Fui escrita com amor
pelas hábeis mãos do Autor do Universo.
Não sou um acaso do destino,
desencontro da vida
ou encontro de amores perdidos.
Sou sinfonia, canção e harmonia.
No entanto, ainda sou uma canção por terminar,
uma composição inacabada.
Sigo soando, retumbando, as vezes incomodando.
Ainda estou incompleta,
me faltam acordes, mas sou melodia.
Estou nas mãos do maestro,
do meu compositor,
do autor da vida.
Ele me fez de palavras,
sou poesia.

Claudine Bernardes

Obrigada por visitar a minha “Caixa de Imaginação”. Compartilhe o texto entre seus contatos e redes sociais. Será um prazer ler os seus comentários e trocar ideias. Um grande abraço.

O que você guarda dentro?

(Para leer ese texto en Español pincha en: Soy Jardín)

ilustración claudine bernardes
Ilustração: Claudine Bernardes

Sou Jardim

Posso parecer uma muralha sombria,
feita de ásperas pedras,
enegrecida pelo tempo.
Mas, dentro conservo um jardim,
onde vivem flores e pássaros.
Dentro de mim a vida sorri.

Ainda que pareça velha,
porque sou velha,
o tempo dentro de mim se congelou.
Se te atreves a olhar-me,
despojado de preconceitos,
verás que por dentro sou um jardim.
Que as flores nascem dentro de mim.

Sei que chegará o dia,
em que meus movimentos se retardem,
que meus músculos se travem.
Inclusive a memória,
o bem mais precioso que tenho,
se irá e me deixará.
Ainda assim, se te atreves a olhar-me,
despojado de preconceitos,
verás que dentro levo canção.

Porque na minha vida, as vezes amarga,
por momentos tormentosa e afligida,
sempre fui uma muralha,
que guardava dentro um jardim
e uma bela canção.
Fora…
fora deixei tudo o que é feio,
mau e sujo.
Tudo o que poderia matar o jardim
que guardo dentro.

(Claudine Bernardes)

Meu conselho de hoje é simples:

Ainda que lá fora ocorra um furacão, ainda que não sejas belo ou já não sejas tão jovem, guarde dentro a sua beleza. Custodia como um tesouro o mais valioso que você tem, porque o que você leva dentro é a essência do seu caráter.

Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.
Provérbios 4:23 

O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o coração”.
Lucas 6:45

você o que leva dentro?

Obrigada por passar pela minha Caixa de Imaginação. Espero os seus comentários. Até logo. 😉

Empatia: o que é isso de neurônios espelho?

(Para leer la entrada en Español pincha en: Empatía)

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Empatia

A bailarina girava y girava enquanto centenas de olhos atentos a observavam.

A bailarina saltava e saltava, enquanto centenas de corações  saltavam com ela.

Todos desejosos de sentir a mesma liberdade, a mesma destreza e o mesmo controle sobre seu próprio corpo.

A bailarina dançava conduzindo a plateia a dançar com ela.

A bailarina caiu, torcendo o pé e chorando de dor.

Mas ela não estava só, centenas de lágrimas caíram compartindo a sua dor.

(Claudine Bernardes)

Nos últimos dias a palavra “empatia” permeia a minha mente, como se me buscasse constantemente (que dramática essa frase – risos)

A EMPATIA é

“a capacidade de dar-se conta do que as outras pessoas estão sentindo e compartilhar esses sentimentos em algum grau”.

López, F., Carpintero, E., Campo, A., Soriano, S. y Lázaro, S. (2006). La empatía y el corazón social inteligente. Cuadernos de pedagogía nº 356.

Hoje não vou falar como desenvolver a empatia, nem nada pelo estilo (talvez fale sobre isso em outro post). Quero falar sobre algo que li hoje mesmo, e que chamou a minha atenção: Os Neurônios Espelho e a conexão com a empatia.

O texto abajo é da Psicóloga Gema Sánches Cueva, publicado no site La Mente es Maravillosa e eu tomei a liberdade de traduzi-lo. 

“Ao observar um espetáculo de música ou um teatro, as vezes experimentamos a necessidade de realizá-lo, inclusive sentimos sensações derivadas ao observá-lo. Segundo estudiosos isso acontece porque enquanto observamos o espetáculo, no nosso cérebro se ativam uns neurônios especiais, chamados neurônios espelho.

Os neurônios espelho são um grupo de células que foram descobertas pela equipe do neurobiólogo Giacomo Rizzolatti e que parece que estão relacionadas com os comportamentos empáticos, sociais e imitativos. Sua missão é refletir a atividade que estamos observando.

Foram realizados inúmeros estudos e se comprovou que existe um grupo de células que se ativam no cérebro quando um animal ou ser humano realiza uma atividade, e quando se observa a outros executando uma ação, produzindo uma representação mental da mesma. É daí que surge a palavra “espelho”.

Um neurônio espelho, por tanto, é uma célula nervosa que se ativa em duas situações:
1. Ao executar uma ação;
2. Ao observar a execução de uma ação.

Curiosidades sobre os neurônios espelho:

Este tipo de células se encontram na corteza frontal inferior do cérebro, próximas a zona da linguagem, permitindo que os pesquisadores estudassem a relação existente entre a linguagem e os gestos e sons.

Os neurônios espelho são as células encarregadas de fazer-nos bocejar quando vemos outra pessoa bocejando. Também é graças a eles que as vezes imitamos um gesto de alguém que está próximo sem saber o motivo.

Além disso, os neurônios espelho desempenham um papel fundamental na psicologia, no que se relaciona com a parte comportamental, como é a empatia, o aprendizado pela imitação, a conduta de ajuda aos outros etc., demonstrando uma vez mais que somos seres sociais.”

Deixo alguns videos sobre o tema:

https://youtu.be/r-MW2bnCHSY

por raulespert

Você já conhecia os neurônios espelho e a sua conexão com a empatia?

Espero notícias suas! Lembre-se que “A Caixa de Imaginação” é um instrumento de comunicação, por isso me alegrarei ao recibir seus comentários.

Mudar: uma questão de sobrevivência.

(Para leer el texto en Castellano pincha en: Cambios)

a mesma de ontem morreu
Fotografia de Arquivo: Claudine Bernardes

Mudanças

A mesma de ontem?
Não, jamais volterei a ser.
Porque a pessoa de ontem
morreu quando dormi.

Hoje acordei um pouco diferente,
um pouco transformada.
Sou uma variação da pessoa de ontem,
uma nueva versão.
Ainda que a mudança seja pequena,
para alguns imperceptível,
te garanto…
não sou a mesma.

Choro mais nos filmes,
menos nos velórios.
Minhas perdas são menos sofridas.
No entanto, a pessoa de hoje
sofre mais com a perda alheia.
Insólito, verdade?

Confesso, gosto de mudar.
Gosto de “morrer-me para mim”
cada dia.
Porque assim, tenho a oportunidade
de voltar a tentar.

Bom, hoje já falei demais
e vivi o suficiente.
Chegou a hora!
A pessoa de hoje deve morrer.
(Claudine Bernardes)

Ano novo, mudanças e recomeços.

Acredito piamente na oportunidade diária de recomeçar, de mudar e de voltar a tentar. Amo cada dia, cada segunda-feira e cada ano novo, porque são sinônimos de esperança de que coisas novas podem passar.

Entretanto, sei que cada um de nós deve ser dono das oportunidades diárias que Deus nos brinda para melhorar como pessoa. Não podemos deixar que os dias passem sem que ocorram mudanças necessárias em nosso caráter. Essa é nossa responsabilidade. Infelizmente vejo pessoas que durante sua juventude eram adoráveis, cheias de esperança e fé, porém com o passar dos anos elas permitiram que esses bons sentimentos morressem nas suas vidas. Se tornaram em pessoas piores, tristes, mesquinhas. Creio que todos os dias devemos morrer, e voltar a nascer como uma pessoa melhorada, revigorada cheia de esperança, ainda quando tempo esteja nublado.

Te peço que faça esse exercício comigo.Observa-te no espelho e faça essas perguntas:

 Como é essa pessoa de hoje? Já foi melhor? O que perdeu pelo caminho? Perdeu a fé, o amor próprio, a esperança? Que maus hábitos acreditas que hoje devem morrer quando dormires? 

Lembre-se que todos os dias temos a oportunidade de mudar, porém nem todas as pessoas  que estão na nossa vida esperarão as mudanças. Além disso, haverá um dia em que O DIA terminará para nós.

Mudar uma questão de sobrevivência
Fotografia e texto: Claudine Bernardes

Estás de acordo com essa reflexão? Espero receber o teu comentário. Obrigada por passar pela minha “A Caixa de Imaginação”. Até breve 😉

 

Sou o que sou.

(Para leer el texto en Español pincha en: Soy lo que soy)

ilustração claudine bernardes
Ilustração e texto: Claudine Bernardes

Sou

Quem sou?
Sou a voz que não se
aquieta na tua consciência.
Que as vezes logra ser escutada
quando o teu “eu”,
teu sujo, fútil e pequeno “eu”,
se acalma.

Não sou uma estrela,
não sou um ser que flutua
em algum lugar desconhecido.
Estou no  teu lado cada dia…
cada dia.

Posso calar-me,
se queres.
Mas não deixarei de existir
porque tu assim o queiras.

Posso falar
através de uma flor,
de um raio de sol,
mas não sou nem isso nem aquilo.

Sou o caminho,
sou a porta,
a verdade e a vida.
Sou o que sou.
E estarei ao teu lado cada dia…
cada dia.

Lembre-se que “A Caixa de Imaginação” é um canal aberto. Ficarei muito feliz de poder ler os seus comentários. 😉

Você está criando pássaros em gaiola de concreto?

(Para leer el texto en Español pincha en: Pájaro en jaula de concreto)

pássaro na A Caixa de Imaginação
Ilustração: Claudine Bernardes

O passarinho na gaiola de concreto

O pobre passarinho está preso na gaiola.
Dão-lhe de beber e dão-lhe de comer.
Esperam que cante…
mas, cantar o quê?
Cantar de como é triste a sua prisão?
Que suas asas doem e deseja sua libertação?

O pobre passarinho está preso em sua triste gaiola,
feita de tijolo e revestida de cimento.
Dão-lhe de comer, dão-lhe de beber,
ensinam-lhe a ler.

O triste passarinho já nasceu numa jaula.
Entretanto, ainda é pássaro e anela voar.
Sem perder a determinação,
suas frágeis asas chocam-se
constantemente contra a prisão.

O pequeno pássaro deseja fugir da estreita
gaiola revestida de cimento,
por isso molesta, protesta,
mas ninguém lhe presta atenção.

Inscrevem-lhe em atividade extraescolar,
talvez assim deixe de importunar.
Com a mente cansada e a asa quebrada
o pobre passarinho cai rendido,
mas, ainda assim, não desistiu de voar.
(Claudine Bernardes)

As vezes sinto que estou criando um pássaro numa gaiola de concreto.

Brincar é a atividade mais importante para as crianças.

Não se trata somente de diversão, é também uma maneira de desenvolver-se e de aprender. Segundo o artigo de Melinda Wenner Moyer, na revista “Mente y Cerebro” nº 46 (A importância de brincar),

“A brincadeira estimula a inteligência e reduz o stress. Além disso, de acordo com diversos estudos realizados, a falta da brincadeira na infância, junto com o maltrato, constituem duas variáveis que deterioram o desenvolvimento.”

Lembro-me que de pequena, brincar era o centro da minha vida. Sozinha, com os irmãos, primos ou vizinhos, nos sobrava tempo e o bairro era o nosso jardim de jogos. Estudava? Claro que sim! No entanto tínhamos a liberdade de fazer o que quiséssemos com o nosso tempo livre. Eram outros tempos, não nego. Hoje em dia as crianças já não vivem com tanta liberdade, principalmente aqui na Espanha, onde a maioria das famílias vivemos em edifícios. Soma-se a esta realidade o fato de que na maioria das famílias, ambos pais trabalham e as crianças devem passar cada vez mais tempo ocupadas. Começam a estudar cada vez mais jovens (meu filho aos quatro anos já sabia ler), e para ocupar o tempo são matriculados em diversas atividades extraescolares.

Você pensa que estou exagerando?

Conheço a muitas crianças que chegam no colégio às 8h da manhã (algumas antes), almoçam lá, e as 17h, quando termina a aula, devem participar de inúmeras atividades extraescolares (dança, patinagem, futebol, piscina, matemática etc.). Depois dessa frenética atividade diária, a pobre criança chega em casa e ainda deve fazer os deveres, estudar para provas, jantar, tomar banho e cair rendida de sono… porque no dia seguinte começa tudo outra vez.

É como se cada momento da vida da criança devesse estar programado. Ocupar o tempo dos filhos com qualquer coisa, virou uma obsessão na cabeça dos pais.

Sobre isso, Melinda Wenner Moyer adverte que

“Atualmente os pais priorizam para seus filhos as atividades estruturadas, deixando pouca margem para brincadeiras e jogos livres, os quais beneficiam a criatividade, a cooperação e a conduta social.”

O quê podemos fazer para ajudar as nossas crianças?

Como mãe gostaria que meu filho tivesse uma infância tão feliz como a minha, porém, sou consciente de que não lhe posso dar algo igual. O poema e a imagem que aparecem nesse post, foram feitos por mim para lembrar-me sobre a minha responsabilidade quanto à felicidade do meu filho. E para que isso não caísse no esquecimento, coloquei a imagem num quadro e a pendurei na parede, em frente da minha mesa de trabalho.

Meu escritorio

Outra coisa que fizemos (meu marido e eu) foi criar algumas regras de conduta que nos ajudariam a não manter nosso filho em uma jaula:

1 – A educação do nosso filho é nossa responsabilidade: Hoje em dia a maioria dos pais delega ao estado a responsabilidade sobre a educação de seus filhos. O colégio é um apoio, porém, como pais decidimos estar sempre envolvidos na sua educação, essa é nossa responsabilidade. Dessa forma, nosso pequeno passa no colégio somente o tempo essencial e obrigatório.

2 – Brincar sem outras pretensões: Brincar por brincar, fazendo suas escolhas, bagunçando toda a casa se é necessário (com a responsabilidade de organizar seus brinquedos depois que termine de brincar).

3 – Ir ao parque: não temos jardim, e nosso edifício não tem área de jogos, por isso nos esforçamos por levá-lo ao parque com frequência. Ali pode brincar com outras crianças, inventar mundos entre as árvores e despertar sua imaginação.

4 – Atividade extraescolar limitada: decidimos que somente lhe matricularemos em uma atividade extraescolar, a qual será escolhida levando em conta as suas preferências.

5 – Brincar com a imaginação e reforçar a concentração: Nosso pequeno tem dificuldade em concentrar-se, por isso utilizamos jogos lúdicos que fomentam a concentração (ludo, jogo da velha, Oca etc.), além disso buscamos fazer trabalhos manuais em família e criamos nossas próprias histórias infantis.

Sou consciente, que tentando ser bons pais já cometemos muitos erros. Muitos dias serão duros outros nem tanto, porém nunca desistiremos de dar o melhor, para que o nosso filho sinta-se amado da mesma forma como nos sentimos amados pelo nosso Criador.

Se você entende o Espanhol, recomendo que veja esse vídeo:

Seria ótimo receber a sua opinião ou sugestão. A Caixa de Imaginação é um instrumento de comunicação bilateral, sinta-se a vontade para fazer parte do nosso canal. 😉