
O Dia dos Povos Indígenas no Brasil é celebrado anualmente em 19 de abril. Esta data é destinada a homenagear e lembrar a importância dos povos indígenas na formação da cultura e identidade do país.
Além disso, o Dia dos Povos Indígenas é uma oportunidade para conscientizar a população sobre a importância de respeitar e preservar a cultura e os direitos dos povos indígenas, bem como de reconhecer os desafios enfrentados por esses povos, como a perda de terras, a discriminação e a violência.
A data foi criada em 1943 durante o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México, com o objetivo de defender os direitos dos povos indígenas das Américas. No Brasil, a data foi oficializada em 2008 pela Lei nº 11.696.
É importante destacar que os povos indígenas no Brasil possuem uma diversidade cultural e linguística muito rica, sendo composto por mais de 300 etnias diferentes. Eles representam cerca de 0,4% da população brasileira, de acordo com o censo mais recente do IBGE.
Uma bonita forma comemorar esse dia, de forma que as crianças possam aproximar-se da realidade desse povo tão diverso, é apresentando-lhes obras literárias escritas por representantes de diversos povos indígenas.
A literatura indígena é muito prolífera e possui grandes representantes. Foi realmente difícil escolher, porém abaixo apresento 10 livros, escritos por 4 autores diferentes: Daniel Munduruku, Yaguarê Yamã, Aline Rochedo Pachamama e Olívio Jekupé. No final desta publicação, também deixarei uma lista de artigos científicos (com links) que falam sobre a Literatura Indígena, para aqueles que desejam conhecer a temática de forma mais profunda.
LIVROS DE DANIEL MUNDURUKU
SOBRE O AUTOR:
Daniel Munduruku nasceu em Belém, PA, filho do povo Indígena Munduruku.
Formado em Filosofia, com licenciatura em História e Psicologia, integrou o programa de Pós-Graduação em Antropologia Social na USP. Lecionou durante dez anos e atuou como educador social de rua pela Pastoral do Menor de São Paulo. Esteve em vários países da Europa, participando de conferências e ministrando oficinas culturais para crianças.
Autor de aproximadamente 60 livros, é um dos autores mais prolíferos dentro da literatura indígena e possui diversos premios importantes dentro do mundo literário.
Coisas de Índio – Versão Infantil: MERGULHE NESTA HISTÓRIA!
Ainda hoje, os povos indígenas são malcompreendidos apenas porque têm um jeito próprio de viver. Aqui, Daniel Munduruku não só explica o que é ser índio mas também elucida o leitor acerca de particularidades de sua cultura. As aldeias, a língua e as artes são só alguns dos temas abordados, explicados de maneira simples e atrativa, e ilustrados de forma a transmitir toda a riqueza da cultura indígena às crianças. Mais que um livro, Coisas de índio celebra o respeito e a valorização das diferenças. POR QUE TER ESTE LIVRO? • Apresenta-nos um belo panorama da cultura indígena escrito de forma clara, envolvente e muito interessante. • Trata-se de um ótimo livro para conhecimento e pesquisa, contendo informações ricas, fidedignas e fáceis de serem compreendidas. Além de desmistificar fantasias sobre o modo de viver dos índios. • Desperta-nos o interesse por outras áreas do conhecimento envolvidas no contexto como, por exemplo, História, Geografia, Artes, entre outras.
Kabá Darebu – Ilustrado por Maté
“Nossos pais nos ensinam a fazer silêncio para ouvir os sons da natureza; nos ensinam a olhar, conversar e ouvir o que o rio tem para nos contar; nos ensinam a olhar os voos dos pássaros para ouvir notícias do céu; nos ensinam a contemplar a noite, a lua, as estrelas…”Kabá Darebu é um menino-índio que nos conta, com sabedoria e poesia, o jeito de ser de sua gente, os Munduruku.
Catando piolhos, contando histórias
“Ali, contávamos para todos os adultos presentes tudo o que havíamos feito durante o dia. Embora não parecesse, todos nos ouviam com atenção e respeito. Aquele era um exercício de participação na vida de nossa comunidade familiar.” Memórias de infância de um menino indígena que nos fala das tradições de seu povo Munduruku transmitidas pela narrativa oral nos momentos felizes quando, sentado na aldeia, no colo dos mais velhos ou ao pé da fogueira, ouvia histórias enquanto eles catavam piolhos em seus cabelos e lhe faziam carinhos na cabeça.
LIVROS DE YAGUARÊ YAMÃ
SOBRE O AUTOR
Yaguarê Yamã é escritor, ilustrador, professor e artista plástico indígena nascido no Amazonas. Filho do povo Maraguá, formou-se em geografia pela Universidade de Santo Amaro (UNISA).
Depois de lecionar e dar palestras de temática indígena e ambiental por seis anos em São Paulo, Yaguarê retornou para seu povo, onde atualmente é liderança e luta pela demarcação de suas terras tradicionais.
Autor de onze livros infantis e juvenis, Yaguarê fala, além do maraguá, seu idioma nacional, o Nhengatu (tupi moderno), o tupi antigo e o português.
Contos da Floresta
Neste livro o escritor Yaguarê Yamã recria mitos e lendas do povo indígena Maraguá, conhecido na região do Baixo-Amazonas como “o povo das histórias de assombração”. As três primeiras histórias são mitos sobre animais fantásticos que protegem as florestas e as três seguintes são lendas que enredam a rotina da tribo em acontecimentos mágicos, todas elas narradas em pequenos textos cheios de ritmo e suspense. As histórias estão imersas na natureza, com personagens em intensa relação com a floresta, sempre considerada em seu inesgotável mistério. Ao final, um glossário com termos da Língua Regional Amazônica e do idioma Maraguá contribui para o registro da cultura de um povo que hoje vive em apenas quatro pequenas aldeias e conta 250 pessoas. O leitor encontrará também um posfácio sobre a cultura dos povos de que descende Yaguarê e uma entrevista com o autor.
Cocarzinho Amarelo
Cocarzinho Amarelo é uma menina de 10 anos bastante corajosa que foi designada por sua mãe para uma missão: levar uma cesta de beiju para sua avó doente. Familiar, certo?
Cocarzinho Amarelo retoma a clássica história da Chapeuzinho Vermelho de um jeito bem brasileiro, sem deixar de lado a importância do afeto e, claro, de exaltar nossas raízes. Em um livro bilíngue (em português e nheengatu, língua originada do antigo tupi que era falado no litoral brasileiro), o escritor Yaguarê Yamã e o ilustrador Uziel Guaynê mostram as belezas da floresta e da história que deve ser trabalhada e respeitada.
Ao final, o livro traz informações sobre a língua nheengatu e um breve glossário com palavras desse idioma que foi o oficial do Brasil durante um período de nossa história e que hoje é língua franca na região do rio Negro, no Baixo Tapajós e em alguns lugares do Baixo Amazonas, onde é falada por populações ribeirinhas e indígenas.
A origem do beija-flor: Guanãby muru-gáwa
Os mitos de origem do mundo e dos seres que nele vivem são uma grande riqueza dos povos indígenas. Neste livro, Yaguarê Yamã registra uma dessas histórias: o mito da origem do beija-flor, que vive na memória dos antigos pajés do povo Maraguá, habitante do vale do rio Abacaxis, no Estado do Amazonas. Esse povo valoriza muito o contador de histórias, personagem sempre requisitado no cotidiano e nos festejos da tribo, e é conhecido como “os índios das histórias de fantasmas”. Neste livro, a delicada história é apresentada em português e em maraguá, dialeto misto de Aruak com Nhengatu, e integra a coleção Peirópolis Mundo, que busca valorizar línguas minoritárias de todas as partes do planeta.
LIVRO DE ALINE ROCHEDO PACHAMAMA
Sobre a autora:
Aline Rochedo Pachamama- Churiah Puri, indígena da etnia Puri, historiadora, escritora e ilustradora.
Doutora em História Cultural pela UFRRJ. Mestre em História Social pela Uff, Idealizadora da Pachamama Editora, (editora formada por mulheres indígenas).
Participa dos Movimentos dos Povos Originários, elaborando e executando projetos em prol da divulgação da Cultura Indígena.
TAYNÔH: O MENINO QUE TINHA CEM ANOS
Pachamama, a mãe de todos os indígenas deste continente, narra a história de Taynôh. Este livro tem as raízes na terra. São palavras que foram semeadas e floresceram antes de serem escritas. E foram escritas com a cor e a seiva da floresta, com o canto e o chamado da Vida. Taynôh é a criança que está crescendo. É a criança interior dos que se tornaram adultos, que, por hora, repousa e dorme, mas logo despertará.
Ele representa os Povos Originários e a origem indígena de cada pessoa. A sua origem indígena, sufocada por um modelo de sociedade, que busca no externo distante o seu referencial. Taynôh é o tempo Presente e a luta dos que permanecem.Taynôh é você, um parente seu e também o nome de um de meus ancestrais. Significa “luz do luar”. Ele mesmo me disse.
LIVROS DO AUTOR OLÍVIO JEKUPÉ
Sobre o autor
Olívio Jekupé é escritor indígena do povo Guarani.
Nasceu no Paraná, mas mora atualmente na aldeia Krukutu, em São Paulo.
Jekupé, em guarani, significa “mestiço”. Olívio estudou Filosofia na USP, e embora não tenha concluído o curso, sentiu-se estimulado a escrever e a participar de palestras no Brasil e no exterior.
Tem diversos livros publicados por diferentes editoras brasileiras, e também traduzidos na Itália.
Jekupé maneja a oralidade e a escrita, a tradição e a imaginação, as coisas da sua própria aldeia e as da aldeia global.
A mulher que virou Urutau
Ilustrado por Maria Kerexu
Esta é a história de uma bela índia que se apaixona por Jaxi, o Lua. Para saber se o sentimento é verdadeiro, Jaxi resolve colocar em prova o amor da jovem. Esta é a lenda guarani sobre o pássaro urutau, ave que possui uma diferente estratégia de camuflagem: ficar imóvel nos troncos das árvores, de olhos fechados, para não chamar a atenção dos predadores. Por meio da lenda é possível discutir a relação entre essência e aparência, valores e virtudes, além da própria cultura indígena. O livro traz o texto em português e em guarani, além de dados informativos sobre o pássaro urutau.
O presente de Jaxy Jaterê
Kerexu tinha ouvido dos mais velhos várias histórias de Jaxy Jaterê, o protetor da floresta. Por ser poderoso, as pessoas podem fazer pedidos a ele, mas a índia não sabia como chamá-lo. Porém, sua prima conhecia o segredo e o ensinou a Kerexu. Certa noite, a índia adentrou na floresta, realizou o ritual e fez um pedido. Será que Jaxy Jaterê irá atendê-la? Abra as páginas deste livro e descubra o desejo de Kerexu e como termina esta lenda do povo guarani. EDIÇÃO BILÍNGUE: PORTUGUÊS-GUARANIKerexu tinha ouvido dos mais velhos várias histórias de Jaxy Jaterê, o protetor da floresta. Por ser poderoso, as pessoas podem fazer pedidos a ele, mas a índia não sabia como chamá-lo. Porém, sua prima conhecia o segredo e o ensinou a Kerexu. Certa noite, a índia adentrou na floresta, realizou o ritual e fez um pedido. Será que Jaxy Jaterê irá atendê-la? Abra as páginas deste livro e descubra o desejo de Kerexu e como termina esta lenda do povo guarani. EDIÇÃO BILÍNGUE: PORTUGUÊS-GUARANI
O Tupã Mirim. Pequeno Guerreiro
Tupã Mirim é um jovem índio muito esperto e companheiro. Ele gosta de ir até o lago perto de sua aldeia e de ver os adultos caçarem, e sempre está com seus amigos quando eles fazem competições para ver quem nada mais rápido ou quem sobe primeiro nas árvores. Um dia, porém, Tupã começa a se sentir triste e excluído das atividades feitas pelos jovens, já que possui um problema que os demais índios não têm.
QUER SABER MAIS SOBRE A LITERATURA INDÍGENA?
Deixo aqui referência a diversos artigos que abordam esta temática.
- LITERATURA INFANTIL DE AUTORIA INDÍGENA: diálogos, mesclas, deslocamentos. Iara Tatiana Bonin. Universidade Luterana do Brasil – ULBRA.
- Representações da criança na literatura de autoria indígena – Iara Tatiana Bonin
- SOB OS OLHOS DE
- KUNUMIM
- A LITERATURA INDÍGENA BRASILEIRA NO CÍRCULO LITERÁRIO INFANTOJUVENIL – Lívia Penedo Jacob (UERJ)
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