Conto Terapêutico e Bem-estar psicológico.

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Cuento terapeutico claudine bernardes

Oi Amigos! Hoje vou compartilhar com vocês o resumo que fiz de um artigo científico muito interessante, intitulado

Implicações do Conto Terapêutico no bem-estar  psicológico e na afetividade positiva.

O artigo foi escrito pela la Dra. Mónica Bruder, Psicopedagoga clínica especializada em crianças e família.

Você sabe o que é um conto terapêutico?

Se entende por conto terapêutico a todo conto escrito por um sujeito a partir da situação traumática mais dolorosa que tenha vivido e cujo conflito conclui com final “feliz” ou positivo; ou seja, que a situação traumática vivida no passado se resolve positivamente no conto (Bruder; 2004).

Em todo conto terapêutico há um conflito que se resolve.

Os personagens do conto representam o autor do conto, escrevendo em terceira pessoa, como em um sonho. Ao escrever o conto terapêutico, os sujeitos podem alternar a primeira com a terceira pessoa “sem perceber”, no momento da criação do conto. Este jogo de pessoa/personagem ajudaria a provocar esta mudança no bem-estar do sujeito.

Ao comprometer-se com a escrita, com o trabalho criativo, se permite passar da insensibilidade ao sentimento, da negação à aceitação, do conflito e caos, à ordem e resolução, da ira e perda a um crescimento profundo. Da dor à alegria (De Salvo; 1999).

Alguns pesquisadores sugeriram que os mecanismos através dos quais os eventos positivos podem reduzir indiretamente os efeitos negativos, é através de criar um contexto mais saudável, a partir do qual se julga o efeito das experiências negativas. Esta análise é compatível com o conceito de conto terapêutico, no qual a partir de uma situação traumática vivida, se gera a possibilidade que o sujeito recrie essa situação dolorosa, no qual o conflito se resolve positivamente.

Por que com final feliz ou positivo?

A partir das linhas de pesquisas atuais em psicologia que se apoiam nos conceitos de Psicologia Positiva, centrada na saúdo e não na doença, se considera que o final “feliz” ou positivo, permite que o sujeito do conto se conecte com os aspectos mais saudáveis da sua pessoa.

Por que escrito?

  • A escritura de situações traumáticas vividas pelos sujeito, transformar-lhe em uma pessoa mais saudável. É uma ferramenta excelente para aprender sobre o mundo e como afronta-lo.
  • Se vê como ferramenta para a educação através da qual o sujeito pode rearmar a informação recebida de maneira mais ativa, integrando-a.
  • Ajuda a adquirir e relembrar informações. Escrever permite que essa informação resulte mais viva.
  • Já que escrever é um processo mais lento que pensar, se obriga a que cada ideia seja pensada mais detalhadamente, produzindo uma maior conexão do sujeito consigo mesmo.

Por que a partir da situación mais traumática vivida?

Se denomina trauma o traumatismo psíquico a:

“Acontecimento da vida do sujeito caracterizado pela intensidade, a capacidade do sujeito de de responder a ele adequadamente e ao transtorno; e os efeitos patogênicos duradoiros que provoca na organização psíquica” (Laplanche y Pontalis; 1974; 447).

 

A intervenção do conto terapêutico favorece tanto ao aumento do bem-estar psicológico, em particular a autonomia, assim como o aumento do positivismo no sujeito.

Conclusão

Bem, espero que você tenha compreendido todo o resumo. Para concluir, podemos dizer que o conto terapêutico é uma história escrita por uma pessoa, dentro de um tratamento psicológico. Se trata de uma história que narra um acontecimento traumática vivido pelo paciente/narrador, o qual termina a sua narração com um final feliz ou positivo. Ao rememorar o trauma através da escritura do conto, o sujeito pode integrar a experiência traumática vivida, buscando tirar o melhor do pior, ou seja: buscando o seu lado positivo, uma nova perspectiva, ou uma continuidade positiva para a sua vida.   É por isso que penso que o conto terapêutico é muito efetivo e favorece a resiliência.

Se você passou por uma situação difícil, como por exemplo, a morte de uma pessoa amada, um divórcio ou outra circunstância que te produz dor e pesar, tente escrever sua história, como se fosse um conto, em terceira pessoa, ou seja, como narrador observador.  No entanto, é importante buscar um final feliz ou positivo para essa história. Por exemplo: sua recuperação; as coisas boas que a pessoa que partiu deixou na sua vida; o que pode vir por diante… Você verá como o processo de perda, ou trauma começará a seguir seu processo e você passará a sentir-se melhor.

Se resolve fazê-lo, sinta-se livre para compartilhar comigo a sua experiência. Um grande abraço e obrigada por passar pela minha “Caixa de Imaginação“.

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Hora e meia. Nem mais nem menos.

(Para leer esta entrada en Español pincha en: Hora y media, ni más ni menos)

Castellon pedalar 3 tren
Fotografia de Arquivo. Claudine Bernardes.   

Chegou o momento. Pego o capacete e a minha incansável companheira de aventuras de duas rodas, e saio com rumo certo.  Hora e meia, nem mais nem menos. Durante este tempo meus músculos se misturam com a engrenagem da bicicleta. Ela e eu nos transformamos em uma. Pernas e rodas, músculos e rolamentos se encaixam perfeitamente e posso voar.  Me perco entre laranjais, desafio as montanhas e não me dou conta da gravidade.  Sou apenas eu, sentindo o ar contra a cara. Sou apenas eu. Não sou mãe, não sou esposa, não sou mulher.  Não se trata de um desafio, e tão pouco tenho metas a alcançar; é apenas o usufruto da vida em si mesma. Enquanto voo entre laranjais, montanhas e caminhos rurais, ninguém me nota. Ninguém me observa, à parte do meu Criador. E sei que ele sorri enquanto me vê, porque sabe que este “eu”, como todas as outras partes de mim, também é feliz.

Atividade de Desconexão

Hora e meia é o tempo que tenho, pela tarde, entre que deixo o meu filho no colégio e que tenho que voltar para buscá-lo. Aproveito esse tempo, três vezes por semana, para desconectar-me dos afãs do dia a dia. E na verdade me ajuda muito. Decidi compartilhar essa experiência, porque notei que desde que realizo essa atividade, me sinto muito melhor. Eu a chamo ATIVIDADE DE DESCONEXÃO, porque me ajuda a desconectar-me dos problemas e oxigenar o cérebro.  É possível que penses que escrever já te ajude a desconectar, no entanto, te garanto que fazer uma atividade ao ar livre te ajudará ainda mais.

Desde que faço essas “escapadas” me sinto mais criativa e tenho menos stress. Além disso até o meu marido notou os efeitos. Me comentou que a relação familiar melhorou e que me nota menos cansada, e que enfrento melhor os problemas do dia a dia. Por isso te animo a fazer uma atividade de desconexão ao ar livre.  

Também aproveito esse tempo para fazer algumas fotografias. Te deixo algumas para que vejas como é linda Castellón:

Praia pé
Praia de Benicassim
Castellon pedalar 7 casas
Desierto de las Palmas
Castellon pedalar 5 naranjos
Laranjais prontos para a colheita, a dez minutos de bicicleta da minha casa.
Castellon pedalar 5 ovelhas
Ovelhas no Rio Seco de Castellón. Demorou, mas por fim consegui fazer a foto que queria. Persegui essas ovelhas durante meses. O pastor as leva a pastar em muitos lugares diferentes. 

Castellon pedalar 4 trencastellon pedalar 1 praiaCastellon pedalar 2 tren

Gostaria de saber se tens alguma atividade de desconexão ao ar livre. Não te esqueças que A Caixa de Imaginação é um instrumento de comunicação bilateral, por isso espero teus comentários.

“Mi gozo en un pozo”. Escolho a alegria.

(Para leer el texto en Español pincha en: Elijo la alegría)

mulher cansada claudine bernardes
Ilustração: Claudine Bernardes

A Ambição Superada

“Certo dia uma rica senhora viu, num antiquário, uma cadeira que era uma beleza. Negra, feita de mogno e cedro, custava uma fortuna. Era, porém, tão bela, que a mulher não titubeou – entrou, pagou, levou para casa.
A cadeira era tão bonita que os outros móveis, antes tão lindos, começaram a parecer insuportáveis à simpática senhora. (Era simpática).
Ela então resolveu vender todos os móveis e comprar outros que pudessem se equiparar à maravilhosa cadeira. E vendeu-os e comprou outros.
Mas, então a casa que antes parecia tão bonita, ficou tão bem mobilada que se estabeleceu uma desarmonia flagrante entre casa e móveis. E a senhora começou a achar a casa horrível.
E vendeu a casa e comprou uma outra maravilhosa.
Mas dentro daquela casa magnífica, mobilada de maneira esplendorosa, a mulher começou, pouco a pouco, a achar seu marido mesquinho. E trocou de marido.
Mas mesmo assim não conseguia ser feliz. Pois naquela casa magnífica, com aqueles móveis admiráveis e aquele marido fabuloso, todo mundo começou a achá-la extremamente vulgar.”  (Millor Fernandes)
Hoje em dia, vivemos em um mundo que corre a um ritmo acelerado. Se as coisas não são feitas como queremos, desejamos ou esperamos nosso “gozo por un pozo”, ou seja, perdemos a alegria. Não se trata de sentir-se uma pessoa infeliz, não se trata de insatisfação, é mais uma infantilidade, egoísmo, frustração insana.
 
Compartilho isso com você desde minha experiência pessoal. Me considero uma pessoa feliz, bem resolvida, tenho uma família linda, porém… ai ai os “poréns” da vida. Por que sempre tem um porém no meio de uma história feliz?
Comecei a perceber que em um momento estava no auge da alegria, e no minuto seguinte, por uma bobagem me sentia jogada no chão. Perdia a minha alegria por qualquer besteira. Foi então que me olhei no espelho e me senti tão vulgar e fútil como a simpática mulher da história de Millor Fernandes.
O que observei?
1. Me afogava num copo de água: Dava muita atenção aos pequenos problemas, e tendo em vista que os pequenos problemas são constantes, eu constantemente me frustrava.
2. Armava batalhas por besteiras: Transformava pequenas lutas em circunstâncias bélicas. Maximizava os problemas, como se tudo girasse ao meu redor.
3. Me frustrava quando algo não saia exatamente do jeito que eu havia pensado. 
Então lembrei de outra história que havia lido muitas vezes. Se trata do relato Bíblico que conta história de Paulo e seu amigo Silas numa prisão (Atos dos Apóstolos 16). Eles haviam sido presos por tentar ajudar a uma moça, mas antes de colocá-los no calabouço, bateram bastante neles. Eles estavam ali, naquela prisão suja, fétida, machucados pelos açoites, e presos pelos pés em um tronco. Que visão horrível, que injustiça! Se fosse eu, gritaria impropérios e os ameaçaria de demandá-los por abuso de autoridade. Mas eles decidiram cantar… isso mesmo, cantar. “Escolheram a Alegria.”

 Então, resolvi fazer o mesmo, escolhi a alegria. Decidi que não me deixaria dominar pela frustração, não queria me converter na mulher da história. Desde então me sinto muito melhor.

Agora deixo algumas dicas práticas que tirei do livro “Não se frustre por ninharias” (R. Carlson y E. Salesman):
1 – É necessário saber perder: Esse deveria ser o lema de quem quer se livrar do stress e de viver queimando pólvora à toa.
2 – Uma boa estratégia: a melhor maneira de viver é escolhendo que batalhas lutar e quais evitar. Nosso objetivo principal não deve ser buscar a perfeição em tudo. Devemos compreender que as discussões que temos e as batalhas que enfrentamos alteram o nosso equilibrio e prejudicam o nosso sistema nervoso.
3. Batalhas inúteis: É realmente importante convencer o teu marido que a sua opinião não está correta? Vale a pena fazer um drama porque alguém cometeu um pequeno erro? Vale apena perder a paz e se frustrar porque um mal educado furou a fila?
Pense ou escreva uma lista das coisas que te fizeram sentir sentir raiva e frustração durante essa semana. Foram muitas? Talvez tenha chegado o momento de você escolher a alegria. 
Lembre-se disso:
a caixa de imaginação
Fotografia e edição: Claudine Bernardes
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A arte de aceitar a simplicidade

(Para leer la publicación en Español pincha en: El arte de aceptar la simplicidad)

foto amarela claudine bernardes
Foto de arquivo: Claudine Bernardes

Reivindico a simplicidade

Há dias em que desejo conquistar o mundo, realizar
grandes façanhas. Quando na verdade, pouco disso há na minha vida.
Porque, se olho para trás, vejo que as minhas grandes conquistas
foram feitas através de pequenas e simples escolhas.
Por isso, hoje reivindico a simplicidade das escolhas cotidianas.

O desejo ardente de conquistar o impossível, de viver constantemente a adrenalina no amor, no esporte, etc, está transformando-nos em seres frustrados no nosso dia a dia. Queremos viver as incríveis histórias de amor vistas nos cinemas, e se o “amor” não se apresenta dessa forma, não é suficiente. Cada vez mais necessitamos viver a vida ao extremo: o extremo da felicidade, o extremo do amor, o extremo nos esportes; estamos viciados na adrenalina. Observamos a vida de outros através de suas publicações nas redes sociais e pensamos no como a “grama do vizinho é sempre mais verde”. Isso nos frustra! Então, começamos a fazer loucuras para mostrar como somos interessantes, e claro, tudo isso deve ser registrado, fotografado, publicado e compartilhado, do contrário não tem sentido.

a caixa de imaginação
Kirill Oreshkin o “rei” do selfie extremo.

extremo 2

a caixa de imaginação
O termo balconing vem de “pular do balcão”, como os espanhóis denominam as sacadas, em direção a uma piscina ou a outra varanda.

Um pouco de tudo isso ao que me refiro, está virando manchete nos jornais e circula constantemente nas redes sociais. Vamos a dois exemplos:  Selfies extremos que já provocaram a morte de muitas pessoas; tal é a preocupação que Rússia inclusive lançou uma campanha contra essa loucura que se está generalizando. Outra dessas insanidades é o “balconing”, que significa pular de uma sacada em direção a uma piscina ou outra sacada. Ocorre muito na Espanha, entre turistas jovens e já provocou várias mortes e lesões.

Realmente acredito que é necessário reivindicar a simplicidade da vida, promover a contemplação e buscar prazer nas coisas pequenas e cotidianas.  

a caixa de imaginação
Fotografia e edição: Claudine Bernardes

Para terminar, deixo um parágrafo do livro “Pais brilhantes, professores fascinantes” de Augusto Cury:

Uma pessoa emocionalmente superficial precisa de grandes eventos para ter prazer, uma pessoa profunda encontra prazer nas coisas ocultas, nos fenômenos aparentemente imperceptíveis: no movimento das nuvens, no bailar das borboletas, no abraço de um amigo, no beijo de quem ama, num olhar de cumplicidade, no sorriso solidário de um desconhecido. Felicidade não é obra do acaso, felicidade é um treinamento.

Você concorda com o que eu escrevi? Qual a sua opinião? Gostaria muito de ler seus comentários a sugestões sobre esse tema.