(Para leer el texto en español pincha en: El camino y la piedra) O caminho e a Pedra No Meio do Caminho No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento Na vida de minhas retinas
Tag: Carlos Drummond de Andrade
(Para leer el texto en Español pincha: 31 de Octubre, el día de Drummond) Já sei! Estou uns dias atrasada, mas como prometi cumprir a minha semana de homenagem à Drummond, não poderia deixar de colocar um último post (que deveria ter subido no sábado 31), com um presente para ele. Carlos Drummond de Andrade é um
Sui géneris É exatamente assim que vejo o amor nos poemas de Drummond “sui géneris”. É um amor corriqueiro, do dia a dia, sem tantas palavras floreadas. Não sofre desesperadamente pelo amor perdido, porque compreende que o verdadeiro amor nunca se perde, nunca vai embora e não abandona, porque “amor é bicho instruído”, pula o muro
NOTA SOCIAL
O poeta chega na estação.
O poeta desembarca.
O poeta toma um auto.
O poeta vai para o hotel.
E enquanto ele faz isso
como qualquer homem da terra,
uma ovação o persegue
feito vaia.
Bandeirolas
abrem alas.
Bandas de música. Foguetes.
Discursos. Povo de chapéu de palha.
Máquinas fotográficas assestadas.
Automóveis imóveis.
Bravos…
O poeta está melancólico.
Numa árvore do passeio público
(melhoramento da atual administração)
árvore gorda, prisioneira
de anúncios coloridos,
árvore banal, árvore que ninguém vê
canta uma cigarra.
Canta uma cigarra que ninguém ouve
um hino que ninguém aplaude.
Canta, no sol danado.
O poeta entra no elevador
o poeta sobe
o poeta fecha-se no quarto.
O poeta está melancólico.
(Carlos Drummond de Andrade)
O que Viveu Meia Hora
Nascer para não viver
só para ocupar
estrito espaço numerado
ao sol-e-chuva
que meticulosamente vai delindo
o número
enquanto o nome vai-se autocorroendo
na terra, nos arquivos
na mente volúvel ou cansada
até que um dia
trilhões de milênios antes do juízo final
não reste em qualquer átomo
nada de uma hipótese de existência.
(Carlos Drummond de Andrade)
Mãos Dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco
Também não cantarei o mundo futuro
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças
Entre eles, considero a enorme realidade
O presente é tão grande, não nos afastemos
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história
Não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida
Não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes
A vida presente
(Carlos Drummond de Andrade)
Drummond nos deixou bastante claro que no meio do seu caminho tinha uma pedra. Porque sempre há pedras no caminho, no meu, no teu, no vosso, sempre há pedras. Outro dia enquanto pedalava encontrei uma pedra no meio do caminho. A resposta foi rápida, a escolha fácil: desviei da pedra. Há pedras que podem ser desviadas, porque o caminho é largo e bem asfaltado. Entretanto, há momentos em que o caminho é um verdadeiro pedregal, então qual é a opção? Desistir da caminhada e dar meia volta com o rabo entre as pernas? Sim, essa é uma opção. Quem nunca desistiu que atire a primeira pedra! Porém, não podemos viver constantemente dessa maneira, porque sempre haverá um caminho pedregoso para vencer, uma montanha para escalar, um rio para cruzar.