Seu filho só responde sim e não? Venha conhecer uma forma eficaz de comunicação.

Hoje resolvi falar sobre um tema que começou a surgir nas oficinas para pais e mães que realizo: COMUNICAÇÃO.

comunicação com filhos criança pais

Como todos os dias a mãe ou o pai vai buscar a criança no colégio, e enquanto caminha ou conduz, começa a bombardear o filho de perguntas, e a conversa segue mais ou menos esse roteiro:

_Como foi o colégio hoje?
_ Bem.
_ Uhum… só bem
_ Uhum.
_ Você se comportou bem?
_ Sim.
_ Alguém encrencou com você?
_ Não.
_ Estudou tudo direitinho?
_ Sim.

Como o meu livro “Carlota não quer falar” trata de ajudar a manter uma comunicação com a criança, para que ela aprenda e expressar os seus sentimentos, durante as oficinas que realizo, muitos pais expressam sua frustração dizendo-me que os filhos não contam nada sobre o que fazem no colégio, como se sentem etc. Então lhes digo que repitam-me as perguntas que fazem, e me deparo com perguntas como as que escrevi acima.

É verdade que muitas crianças e adolescentes tem dificuldades em expressar o que sentem, o abrir-se para os pais. Porém, realmente acredito que se trata mais de um problema de comunicação.

“Os pais estão fazendo as perguntas de forma equivocada.”

Isso mesmo! Se você quer que a criança responda com monossílabas, como no exemplo, continue fazendo as mesmas perguntas, mas se você quer realmente manter uma conversa ampla e conhecer o mundo em que vive o seu filho quando não está de baixo do seu olhar, então preste atenção no que vou dizer.

Existem perguntas fechadas e abertas. As perguntas fechadas são aquelas em que a pessoa não necessita pensar muito na resposta, é só dizer: Sim, não, bem, mal, claro. São úteis para quando se deseja obter uma informação concisa e específica, porém não nos ajudam a conhecer os detalhes, ou conhecer melhor o nosso interlocutor.

As perguntas abertas são aquelas que necessitam de reflexão. Ou seja, o nosso interlocutor deve pensar mais para responder, as respostas são mais extensas e nos ajudam a conhecer melhor as circunstâncias, os motivos e as características do nosso interlocutor. Algumas características das perguntas abertas são:

  • Elas exigem que a pessoa pare, pense e reflita.
  • As respostas não são fatos, mas sentimentos, opiniões ou ideias pessoais sobre um assunto.
  • Quando são usadas perguntas abertas, o controle é transferido para a pessoa que deve responder a pergunta, que inicia uma troca com a pessoa que perguntou. Se o controle da conversa continua com a pessoa que faz as perguntas, significa que você está fazendo perguntas fechadas. Essa técnica faz a conversa parecer-se mais com uma entrevista ou um interrogatório.
  • Evite perguntas com as seguintes características: as respostas fornecem fatos; as perguntas são fáceis de responder; as respostas são dadas com rapidez e exigem pouca ou nenhuma reflexão.

Agora deixarei uma série de perguntas que você pode fazer à crianças para descobrir situações específicas, e conhecer melhor o seu mundo interior, e o meio onde ela se move. São perguntas par iniciar uma conversa, e a partir dela a criança também pode fazer as suas próprias perguntas:

  1. Qual foi a melhor coisa que te passou hoje no colégio?
  2. Qual foi a pior coisa que te passou hoje no colégio?
  3. Conta-me algo que te fez rir hoje.
  4. Se pudesses escolher um coleguinha para sentar ao teu lado na sala, quem você escolheria? (Quem você não escolheria?)
  5. Qual é o melhor lugar da escola?
  6. Diga uma palavra estranha que tenhas escutado hoje; ou algo estranho que alguém disse.
  7. Se eu chamasse hoje a professora, o que achas ela diria de ti?
  8. Ajudastes a alguém hoje no colégio? Quem? Como?
  9. O que te fez mais feliz hoje?
  10. O que te fez sentir tédio hoje?
  11. Se um disco voador chegasse na teu colégio e levasse a alguém com eles, quem querias que fosse?
  12. Quem é a pessoa que gostarias de brincar no recreio que nunca ou poucas vezes tenhas brincado?
  13. Quem é a pessoa mais divertida da sala de aula? Por que é tão divertida?
  14. Se amanhã fosses tu o professor, o que farias?
  15. Tem alguém na tua sala que necessita relaxar-se mais?

De cada uma dessas perguntas pode surgir uma conversa muito interessante. Talvez no princípio parece algo estranho, mas depois de um tempo em que mantenhas esse tipo de conversa aberta, a criança se acostumará e desejará que chegue o momento de compartilhar com você um pouco do seu dia. Não utilize estas perguntas como se você um questionário, fazendo muitas uma atrás da outra. Deixe que seja algo natural, faça uma pergunta e permita que a conversa flua a partir daí. Proponho à criança que ela também faça alguma pergunta para você.

O post de hoje foi um pouco diferente, não acha? Penso que saber comunicar-se com as crianças é essencial e melhora as nossas capacidades emocionais, por isso pensei que fosse um tema interessante para compartilhar. O que achou das perguntas? Quais perguntas você faria?

Por favor, compartilhe este post nas suas redes sociais, tenho certeza que poderá ser de ajuda a muita gente. Obrigada por passar pela minha “Caixa de Imaginação”  e até breve.

Já é oficial: Lançamento do Conto “Carlota não quer falar” no Brasil. Editora Grafar

Livro conto Carlota não quer falar - infantil sentimentos

Como muitos de vocês já sabem, em abril deste ano o meu livro infantil foi lançado na Espanha, através da Editora Sar Alejandría (link sobre o lançamento). “Carlota não quer falar” é um livro que está formado por um conto interativo + guia didático + Ludo das Emoções com 30 Cartas (clica aqui para conhecê-lo melhor). Este conto, que foi escrito usando as técnicas da contoterapia, quer ajudar crianças a identificar, compreender e exteriorizar seus sentimentos, além de aprender a administrá-los.

Depois de quase seis meses de andanças aqui na Espanha e com uma crítica muito positiva, iniciamos a pré-venda no Brasil. Isso mesmo, estamos lançando o livro no Brasil, através da Editora Grafar.

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Você pode reservá-lo agora e a Editora enviará o livro para você a partir do dia 04 de setembro, COM FRETE GRATIS para todo o Brasil.  Assim que entra na web da Editora Grafar e reserva já o seu livro.

Abaixo deixo a opinião de várias pessoas que compraram “Carlota não quer falar”, além de resenhas em vários blogs (em espanhol):

 

 

De Lunas y Lunares. Blog Trastadas de Mamá.    Mamá Ríe. Happy Mamá. Con M de Madre.

 

 

Se você tem alguma dúvida, escreva-me. Será um prazer conversar com você. Um grande abraço.

Em breve também disponível para Portugal. Para mais informação, escreva-me através do formulário abaixo.

Conheça o Projeto Educação Emocional com Carlota. É só escrever-me pedindo o projeto que envio para você (peça o projeto através do formulario abaixo).

 

 

 

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Atenção
Atenção
Atenção
Atenção

Atenção!

Toma nota: Menos sermões e mais histórias, seus filhos agradecerão e crescerão.

(Para leer el texto en español pincha aquí)

frases augusto cury portugues pais brilhantes professores fascinantes 2

Sejamos sinceros, quem gosta de levar sermão? Ninguém! Essa é uma verdade universal. Realmente só valorizamos os sermões que recebemos dos nossos pais ou professores, quando já temos idade suficiente para dar sermões também. Ou seja, quando já não nos serve. Ou quando somos pais, e então como é a nossa vez de dar sermões, dizemos aquela conhecida frase: _ Escuta o que eu estou dizendo, se eu tivesse escutado os meus pais quando eles tentavam ensinar-me, talvez as coisas tivessem ido melhor para mim.

A verdade é que um sermão geralmente entra por um olvido e sai pelo outro. Agora eu vou compartilhar com você o segredo para ser escutado pela sua criança ou adolescente:

Conte histórias

Vou contar-lhe uma história real que fez com que um rei percebesse o seu erro:

Era uma vez um país que estava em guerra. O rei que geralmente acompanhava os seus soldados à guerra, dessa vez resolveu ficar na tranquilidade do seu palácio. Num final de tarde, o rei saiu a passear no terraço do palácio, e desde lá viu a uma bela mulher. Mesmo sabendo que se tratava de um mulher que estava casada com um de seus soldados, ele resolveu tomá-la para si. Como a mulher engravidou, para encobrir o seu erro e ter via livre, o rei ordenou que colocassem dela na primeira fila de batalha; ou seja, o sentenciou à morte. Obviamente o marido morreu, e o rei se casou com a mulher.

O sacerdote vendo aquela injustiça e sabendo que Deus não se agradava daquela situação, resolveu apresentar-se diante do rei, para fazer-lhe perceber o seu erro. Era uma situação muito perigosa para o sacerdote, porque o rei, para encobrir o seu erro poderia mandar matá-lo também. Por essa razão, ele buscou uma forma de alcançar o coração do rei, apresentado-se diante dele e contando-lhe  uma história: “Havia dois homens numa cidade, um deles era muito rico e outro pobre. O homem rico tinha muitas ovelhas e vacas, mas o pobre só tinha uma ovelhinha, a qual amava muito. Um dia o homem rico recebeu visitas, e como tinha que mandar preparar um banquete para os seus visitantes, resolveu que não queria gastar nenhum de seus inúmeros animais. Por isso, utilizando o poder que o dinheiro lhe conferia, mandou buscar a única ovelhinha do homem pobre para servi-la aos seus visitantes.”

Depois de escutar essa historia, o rei ficou muito furioso, e queria que o sacerdote lhe contasse o nome desse malvado homem rico, para que pudesse castigá-lo como era devido. Foi então que o sacerdote lhe disse: _Rei, este homem és tu.  

Essas palavras atingiram o coração do rei como uma flecha, e ele pode ver o seu grande erro desde uma nova perspectiva.

Essa é uma história real que está registrada no livro de II Samuel, capítulos 11 e 12, da Bíblia. O rei da nossa história era Davi e o sacerdote se chamava Natã. Resolvi omitir que se tratava de uma história Bíblica pela mesma razão que Natã omitiu o nome do homem rico, as vezes deixamos que um pré-julgamento, ou que o crivo da razão, impeça que aprendamos, que vejamos a verdade que está além das nossos preconceitos.

Por que os sermões não são “escutados”?

É simples, a nossa mente é seletiva e conservará aquilo que a emocione mais. Os sermões costumam ser uma serie de blá-blá-blá, uma ladainha, cuja forma não é para nada emocionante. Penso que a nossa mente já está geneticamente programada para ignorar os sermões desprovistos de entrega.

Um exemplo prático: Meu filho e seu melhor amigo estavam brincando aqui em casa. Eles acabaram brigando e não havia maneira de arrumar a situação porque meu filho culpava o amiguinho de estragar as coisas dele. Tentei conversar com ambos, mediar, explicar de muitas maneiras, principalmente ao meu filho, que ele poderia montar outra vez o brinquedo, mas ele disse que não era possível, havia muito para montar e que ele já não lembrava como montar igual e ele queria que fosse igual. Foi então que lembrei de algo e falei assim para ele:

_ “Amor, a mamãe entende a sua frustração, também me passou algo parecido. Eu tinha um arquivo na minha tablet com um montão de ideias de textos que queria escrever. Havia feito muitas anotações de contos e historias que deixei para terminar quando tivesse mais tempo. Porém, um dia, um menino que amo muito, pegou a minha tablet e borrou todos os textos. Eu fiquei muito triste. Me senti muito frustrada porque havia muitas ideias que já nem lembrava mais. Porém, era algo que já não havia remédio, assim que aceitei a situação e voltei a escrever outros textos. E muitas outras ideias surgiram, quando aceitei isso.”

Ele sabia que eu estava falando dele,  e também sabia que eu compreendia a sua frustração. Isso o fez mudar de atitude, ele já estava pronto para perdoar e voltar a brincar com o seu amigo.   

frases augusto cury portugues pais brilhantes maestros fascinantes

Surpreenda o seu filho com uma história, algo que infunda esperança ao seu coração. Uma história bem escolhida pode servir de espelho  para que ele se veja tal qual é. Porém, uma excelente história é aquela que además de mostrar a  decadência humana, também mostra a sua redenção. Todos necessitamos de esperança para seguir adiante.

Os bons pais são uma enciclopédia com muita informação, os pais brilhantes são agradáveis contadores de histórias. São criativos, perspicazes, com a capacidade de encontrar belas lições de vida nas coisas mais simples.  – Augusto Cury

Quando escrevi o meu livro “Carlota não quer falar”, imaginei que pudesse ser como uma ponte entre o mundo adulto e o mundo infantil. Uma oportunidade para que pais e filhos, professores e alunos, avós e netos compartilhassem as suas histórias.  Levo dentro de mim uma contadora de histórias, e sei que todo ser humano é feito de história, não tenha medo de compartilhar as suas histórias com aqueles que você tanto ama.

Obrigada por passar pela minha Caixa de Imaginação. Deixe o seu comentário, será maravilhoso saber a sua opinião.

Minha Experiência: TDAH, educação emocional e contoterapia. Realmente funciona?

(Para leer la entrada en castellano pincha aquí)

tdah contoterapia e educação emocional claudine bernardes

Oi, tudo bem? Hoje quero compartilhar com você um tema que vivo no meu dia a dia. Sou hiperativa, tenho a necessidade de fazer mil coisas ao mesmo tempo para sentir-me viva. Além disso, tenho um fluxo mental comparável às Cataratas do Niágara. Bem, mas não é de mim que quero falar, e sim do meu pequeno furacão… aquele que saiu das minhas entranhas e se parece comigo, como se fôssemos duas gotas de água.

Desde que o meu filho tinha 3 anos, percebemos (meu marido, sua professora e eu) que o meu filho tinha todas as possibilidades de sofrer de TDAH. Depois de cumprir 6 anos se confirmou o diagnóstico: TDAH com Impulsividade.

Vou ser bem clara: “Não é nada fácil ser mãe de uma criança que sofre de TDAH com impulsividade.  

1 – Primeiro: está a falta de tempo (e vontade) para tratar com a situação. Uma criança com TDAH necessita do dobro de tempo, paciência, sabedoria e um montão de etcéteras.

2 – Segundo: Quem está preparado para enfrentar esta situação? Ninguém. É necessário viver esta situação para criar bagagem e encontrar recursos que sirvam para o caso específico do seu filho.  Antes de ser mãe, li muito sobre a maternidade , inclusive sobre TDAH, mas a teoria não tem nada que ver com a prática. Porém, por amor ao seu filho, à sua familia e à sociedade, você deve enfrentar o problema de frente, sem rodeios, porque o que lhe motiva é o amor, e o amor afasta o medo.

3 – Terceiro: A sua familia e os seus amigos não estão preparados. Tenha paciência. É possível que muitos nem mesmo acreditem na existência do TDAH, você encontrará muitos comentários absurdos por internet, escutará dos seus amigos, familiares… tenha paciência, não são eles que estão viviendo isso, é você. É possível, inclusive que você seja julgado(a) por aqueles que deveriam servir de apoio. Pensarão (alguns dirão na sua cara, ou comentarão nas festas, naquelas que deixaram de convidar-lhe) que você é um mau pai/mãe, que não sabe educar e dar limites ao seu filho. Talvez deixem de lhe convidar para festas de familia, aniversários de coleguinhas, passeios… lhe deixarão de lado, porque ninguém quer por perto uma criança gritona, que bate e bagunça tudo.

As vezes a solidão, a incompreensão e a falta de apoio podem fazer com que você entre em desespero, que deseje gritar aos quatro ventos o quanto você se sente injustiçada. ¿Por que eu?

Você se identifica? 

Bem, meu amigo ou minha amiga, as coisas podem ficar ainda piores, isso mesmo, e aceitar esta realidade é muito importante para que você posso ajudar o seu filho. Talvez chegue o dia em que lhe chamem do colégio dizendo que o seu filho “bateu no professor”, o que pode ser verdade ou um exagero. Ainda assim, HÁ ESPERANÇA.

No mes passado, o meu filho que vai cumprir 7 anos, nos pediu para ir no acampamento de crianças da “igreja” a qual pertencemos. Que dúvida cruel! Porém, ele estava esforçando-se tanto por comportar-se bem, que resolvemos ver no que daria. Esse fim de semana encontrei uma das professoras que lhe acompanharam, e ela me disse:

“Claudine, se nota que  vocês estão trabalhando muito com Alejandro.  O seu comportamento no acampamento foi muito bom, se vê que vocês investiram muito tempo na educação emocional dele.”   

Você não tem ideia de como me senti bem. Tive vontade de pular de alegria (só pais de TDAH podem entender esse meu exagero). Foi uma pequena vitoria, e eu sei que momentos difíceis ainda virão, mas estou muito feliz porque vejo um grande progresso na vida do meu filho.

Por essa razão gostaria de compartilhar com você algumas sugestões que talvez possam ajudar-lhe também. Tenho um lema que diz “Observo tudo e retenho o que é bom” (parafraseando a Paulo). Espero que algo possa ser de ajuda para você:

1 – A mudança deve começar em você:  Faça uma autoanálise das suas condutas, é possível que encontre algumas condutas tóxicas, que estão prejudicando a educação do seu filho. Foi o primeiro passo que dei, não somente eu, mas o meu marido também. Entramos muitas coisas que deveríamos mudar, reformulamos nossa tática educativa em casa, e já começamos a ver mudanças positivas.  Seja sincero com você mesmo, aqui deixou algumas perguntas para você refletir: A sua casa é um lugar de repouso para o seu filho? Vocês conversam sobre sentimentos? Os limites do que ele pode ou não pode fazer estão claros? Você cumpre com o que promete? Você exerce a sua autoridade? Você exerce a sua autoridade com respeito? Você tem que gritar para ser atendido? Você grita muito?   

2 – O que não funciona, não funciona: Algumas coisas funcionam com umas crianças, outras não. Um exemplo: Quando o meu filho tinha uns 4 anos e se comportava mal, eu batia na bunda dele. Foi assim que a minha mãe me ensinou, e assim eu estava ensinando o meu filho. Só que isso não funcionou com ele, ao contrário. O menino ficava ainda mais nervoso, cheio de ira e cada vez mais agressivo. Percebi que um abraço e as vezes o castigo funcionavam muito melhor.

3. Comunicação contínua com o colégio:  Ter uma boa relação com administração do colégio e com os professores é fundamental. As vezes conseguir isso pode ser bem difícil, porém vou deixar uma dica: Passe o que passe você deve manter-se no controle da situação. Apoie os professores, nunca fale mal de um professor na frente do seu filho (porém se o professor está equivocado, fale com ele); seja sempre educado, prestativo, e sincero. Outro dia tive que conversar com uma das professoras do meu filho, pedi perdão pela conduta dele. O meu pequeno estava ali, atrás da professora, pedindo uma e outra vez que ela o perdoasse, como um “cachorrinho sem dono”. Mas ela se negou a perdoar, disse que a sua conduta era imperdoável. Aquilo partiu o meu coração, mas sabia que deveria respeitá-la, que deveria manter o equilíbrio. Sem perder a pose e com um sorriso nos lábios, lhe disse: “Eu lhe entendo perfeitamente, sei que o que o meu filho fez foi horrível. No entanto foi devido ao seu impulso, que é um dos sintomas do TDAH. Se  você que é uma professora, adulta e equilibrada, não consegue controlar os seus sentimentos, a ponto de negar o perdão a uma criança, imagine como é difícil para o meu filho.” Ela sentiu-se envergonhada e mudou de atitude.

4. Trabajo familiar: Pai e mãe devem estar envolvidos no processo, como uma equipe, porque a família é uma equipe e deve enfrentar unida as dificuldades da vida.  Todas as decisões devem ser tomada de comum acordo, entre mãe e pai. Assim, quando um se sinta cansado, agoniado e sem ánimo, o outro pode animá-lo. Ser uma equipe é fundamental.   

4. Educação Emocional: Sobre isso quero falar um pouco mais, por isso separei um espaço especial para esse tema.

Educação Emocional e Cuentoterapia

Criar uma comunicação eficaz com a criança é importantíssimo para alcançar uma melhora da sua conduta.  Devemos identificar qual é a melhor maneira de comunicar-nos com o nosso filho. No meu caso, observei que através dos contos conseguia estabelecer uma comunicação muito mais eficaz. Ou seja, ele me entendia, entendia o que eu queria explicar. Além disso, conseguia interiorizar a informação, e o resultado era uma mudança a nível psíquico que se revelava também na sua conduta (cognitiva-conductual).

Por esse motivo, resolvi estudar contoterapia (ou como diz no meu diploma “especialização em contos e fábulas terapêuticas) e comecei a escrever contos infantis utilizando esta técnica.

  Se você quer saber mais sobre contoterapia pulsa neste enlace: Contoterapia – Que bicho é esse? A contoterapia é um excelente instrumento para ajudar a desenvolver a educação emocional; e a educação emocional é imprescindível para que um TDAH possa melhorar a sua conduta.

As crianças com  TDAH costumam expressar de forma exagerada os seus sentimentos, ou seja: Quando está feliz, voa, se sente maravilhoso e completo. Quando está triste, se arrasta pelo chão… como o meu filho costuma dizer “é o pior dia da minha vida”.  As vezes, sou a “melhor mamãe do mundo” para ele, as vezes não quer me ver pintada nem de ouro.

É por essa razão que devemos ajudar-lhes a que encontrem um equilibrio, e para isso está a educação emocional.  O que conforma a educação emocional? Vejamos: 

1 – Consciência Emocional:

É a habilidade de reconhecer os sentimentos próprios, no mesmo momento em que eles aparecem.  É algo complexo e que devemos ensinar  aos nossos filhos desde que são muito pequenos. Se a criança não desenvolve a sua consciência emocional, provavelmente se tornará um adulto que não conseguirá controlar os seus sentimentos, porque não sabe reconhecê-los.

Se você consegue identificar que a raiva está apoderando-se de você, como um vulcão em erupção, será mais fácil de saber como agir para evitar a explosão.  

2. Regulação Emocional:

É a habilidade que nos permite controlar como expressamos os nossos sentimentos e emoções, de forma que devem ser adequados ao lugar e momento em que estamos. Se para um adulto, as vezes é difícil controlar a expressão dos seus sentimentos, imagine para uma criança. Conseguir que uma criança com TDAH se controle, quando, por exemplo, a raiva já está ativa, é muito complicado… porém é possível. Vejamos um caso real.

O meu marido costuma fazer pequenas provocações ao meu filho, ele diz que isso serve como exercício para o autocontrole do nosso pequeno (sou sincera em dizer que não gosto muito disso). Outro dia, o nosso filho tentava dizer-nos algo, porém o meu marido interrompia o pobre menino, uma e outra vez. Ele ficou com muita raiva e parecia que ia explodir. Foi então que algo surpreendente passou. Ele parou, respirou fundo e disse: – Papai, você pode, por favor, deixar eu terminar de falar? – Sim, claro filho, continua.

É lógico que antes de alcançar este nível, tivemos que percorrer um longo caminho. Tive que explicar-lhe muitas vezes como atuar em situações assim, e que ser educado faria com que as pessoas o escutassem. Inclusive tive que fazer uma seções especiais de contoterapia com ele para o controle da ira. 

3. Autonomia Emocional:

É o conjunto de habilidades emocionais relacionadas com a autogestão dos sentimentos. Seu objetivo é evitar a dependência emocional.  Esse é um passo muito importante dentro da educação emocional, porque nem sempre você poderá estar ao lado do seu filho para ajudá-lo a controlar-se.  Um dia, já faz uns 3 anos, estive conversando com um amigo que é psicólogo. Contei a ele que quando o meu filho ficava nervoso eu lhe dava um abraço, com muito carinho e ele se tranquilizava. Foi então quando ele me perguntou:

E o que o seu filho fará quando você não estiver? Como ele resolverá o seu problema, quando estiver num ambiente hostil, sem ninguém que lhe dê um abraço? 

Ele tinha razão, eu deveria preparar o meu filho para auto-gerenciar as suas emoções. Para isso é importante ajudar a criança a desenvolver a sua autoestima, automotivação e otimismo. Estas são ferramentas muito importantes para alcançar a autonomia emocional.

4 – Competência Social

É a capacidade para reconhecer as emoções em outras pessoas, e saber manter relações interpessoais satisfatórias. Devemos ajudar os nossos filhos a escutar e interpretar a comunicação não verbal. A empatia é a chave para o desenvolvimento da competência social.

Outro dia, um menino no colégio, derrubou o meu filho no chão e se jogou sobre ele, e fez um grande estrago. Já em casa, estive conversando com ele, para ajudar-lhe a perdoar o menino, e ele me respondeu:

“Você não precisa se preocupar, mamãe, eu já perdoei o menino. Além disso, o que ele me fez, me ajudou a perceber como se sentem os meus amiguinhos quando eu bato neles. ”  

Quase chorei de emoção. Percebi que vamos pelo caminho correto.

Resumindo,

A educação emocional é como uma semente que você planta no seu filho. Demora um pouco para ver os resultados. Mas se você é perseverante, rega e cuida da semente com fé, eu garanto que chegará o dia en que ela brotará; se transformará numa linda árvore e dará muitos frutos. 

Se você gostou do que compartilhei hoje, e quer aprender mais sobre como utilizar os contos na educação emocional, é só se inscrever no meu blog. Você receberá e-mails avisando sobre os novos posts. Tenho um montão de material legal e útil que estarei compartilhando.

Também tenho uma boa notícia, o meu livro “Carlota  não quer falar” já foi lançado no Brasil também, através da Editora Grafar. É um ótimo material para trabalhar a educação emocional com as crianças, porque além do conto, o livro também está formado por un Guia didático e o Ludo das Emoções. Conheça um pouco sobre o livro aqui. Além do livro, eu também preparei um Projeto de Educação Emocional totalmente gratuito, com quase 80 páginas cheias de atividades para trabalhar a educação emocional das crianças. Basta me escrever e dizer que quer o material e eu envio ele para você. Não custa nada, é totalmente gratuito!

Deixe a sua opinião, e compartilhe este post nas suas redes sociais. Até logo!

Emocionario: O dicionário de emoções que está bombando em Espanha.

(Para leer el texto en español pincha en: Emocionario)

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Era um sábado pela noite e como costumamos fazer saímos para passear em família. No dia seguinte era o aniversário de um amigo do meu filho e resolvemos comprar-lhe um livro de presente, por isso os três entramos em uma livraria.

_ Mamãe olha o que encontrei!

Meu pequeno  estava sentado no chão com um livro sobre as suas pernas e me olhava com um grande sorriso nos lábios, como se tivesse encontrado um tesoro.

_ É o  Emocionario, mamãe. Adoro esse livro, minha professora tem um na  sala.

Maria, sua professora, sempre escolhe materiais excelentes para seus alunos, e para nós pais é uma grande fonte de referência. Assim que não houve dúvida, compramos o livro e até agora não me arrependo dessa decisão.

Durante os últimos anos observei um grande incremento na publicação de materiais sobre educação emocional, entre os quais destaco: Filmes  (Divertida mente – Inside Out), livros (Pais brilhantes, professores fascinantes – de Augusto Cury/ A inteligência emocional – de Daniel Goleman), Contos infantis (O Monstro de Cores) etc.

Hoje quero mostrar para vocês un livro que está causando sensação aqui na Espanha. Se trata do “Emocionario”, um dicionário de emoções para que as crianças possam explorar, conhecer e compreender os seus sentimentos.  Seu grande éxito consiste no fato de que não se trata de um simples dicionário ilustrado, se trata de um projeto editorial muito mais complexo, formado de três partes:

1 – O livro

Se trata de um “percurso emocional”, onde uma emoção nos leva a outra, conforme podemos ver no índice:

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Cada emoção tem uma descrição, explicando como a sentimos, como se desenvolve, e como pode ser o seu oposto ou como ela pode transformar-se em outra emoção.

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 O livro está composto de 42 emoções, com ilustrações de ilustradores diversos.   Na Guia para explorar as emoções  você poderá encontrar ajuda para falar sobre o tema com o seu filho, que perguntas fazer-lhe e muitas sugestões mais.

2 – Diário da Gratidão

Diário  propõe que criança expresse suas emoções e sentimentos. Também, através de exemplos cotidianos, convida a indagar nos pequenos elementos da vida que podem conduzir ao agradecimento. Também contêm desenhos e 85 frases motivadoras.  Aqui você pode conhecer um pouco mais sobre o Diário da Gratidão.

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3 – Material de Apoio gratuito

Além do livro e do diário (que podem ser encontrados em qualquer livraria de Espanha, ou em lojas online), a   Editora Palabras Aladas  também oferece material gratuito na sua página de internet:

 – Guia de exploração leitora  é um instrumento de apoio para pais, professores e educadores. Nela se oferece pautas de leitura para adaptar o conteúdo do “Emocionario” a pessoas de diferentes idades, além de propor formas de combinar o uso do Emocionario com o Diário da Gratidão e as Fichas para colorir e responder. s un instrumento de apoyo para padres, profesores y educadores. En ella se ofrecen pautas de lectura para adaptar el contenido del Emocionario a personas de distintas edades y para emplearlo en diferentes contextos. Además, se proponen formas de combinar el uso del Emocionario con el Diario de la gratitud y las Ficha.

 – Fichas de atividades (para colorir e responder) servem para compreender melhor cada um dos 42 estados emocionais contidos no livro. Estão em formato PDF e podem ser baixadas para imprimir.

–  Guia “Ideias para explorar as imagens” do Emocionario: Nela você poderá encontrar perguntas e sugestões de como explicar cada estado emocional, e suas imagens para que a criança possa compreender melhor suas próprias emoções.    Faça clic em PDF Propuestas IMG para vê-la. 

 – A Oficina sobre as emoções está baseada no Emocionario.  Você pode baixar o material de forma gratuita para realizar a oficina em sala de aula, na sua casa, livraria ou onde queira.

Tanto eu como o meu menino amamos o  “Emocionario”.  Cada noite líamos juntos uma emoção e falávamos sobre esse sentimento, e outros sentimentos que sentimos durante o dia. Foi muito bom aprendermos juntos. Além disso, quando Alejandro tem alguma dúvida sobre algum sentimento, ele mesmo pega o livro e busca o sentimento para compreendê-lo melhor. Fiz uma pesquisa por internet para verificar se no mercado editorial de Portugal e Brasil já é possível encontrar materiais parecidos, porém observei que andam um pouco atrasados em relação a essa tendência. Espero que as editoras se dêem conta logo que este nicho de mercado ainda não está coberto, e trabalham para suprir esta falta.

Você pode ajudar-nos a chegar às editoras compartilhando este post nas redes sociais. Talvez assim elas busquem material que ajudem aos pais e professores do Brasil e Portugal a trabalhar melhor a educação emocional entre as nossas crianças. Obrigada por me acompanhar e até logo! 😉

De passeio na Feira do livro com o meu filho

(Para leer el texto en español pincha en: Feria del libro con mi peque)

Feria del libro Castellón 2016

– Mamãe, onde vamos agora?
– Na feira do livro,”cariño”.
– Não! Prefiro ir a outro lugar…
– “Cariño”, ontem te levei ao parque para brincar e te fiz companhia em algo que tu gotas. Hoje é a tua vez de acompanhar-me em algo que eu gosto.
– Está bem, mamãe.

Foi assim que começou a minha manhã neste último sábado, de caminho à Feira do Livro de Castellón. Mas quando chagamos lá, meu menino mudou completamente de ideia. Era como se ele tivesse entrado em um mundo mágico, cheio de coisas incríveis para descobrir. Se num princípio a ideia era que ele me acompanhasse, quando entramos percebi que era eu que o estava acompanhando. Alejandro ia de uma mesa à outra, lendo de tudo e fazendo-me perguntas sobre vários livros.

11 feria del libro Alejandro 2

Quando chegamos na sua seção favorita “Livros infantis”, ele sentiu-se completamente a vontade e começou a olhar tudo. Encontrou os seus livros de Ana Llenas que tanto gosta, principalmente “O monstro de Cores” . Também estava “Emocionario” um livro que desejo fazer um resenha dentro de pouco tempo.

3 feria del libro Ana llenas

Particularmente gostei de alguns livros infantis ilustrados:  Las Fábulas de La Fontaine e Pinocho (Pinóquio), que são clássicos; além de Cosquillas para el Corazón (Cócegas para o coração).

Depois de olhar de tudo, decidi comprar “Cuentos para Entender el Mundo” (Contos para entender o mundo) de Eloy Moreno. Aproveitei que Eloy estava presente e pedi uma dedicatória.  Ele é um encanto de pessoa, já estou lendo o seu livro e logo farei uma resenha para vocês.

Feria del Libro Eloy Moreno

O mais lindo de toda a manhã foi o que o meu filho me disse: Mamãe, um dia os teus contos também estarão na feira. “Que Deus te ouça filho.”

Que surpresa para o meu filhão quando ele encontrou o seu super amigo Juan. Enquanto eu estava na fila para pegar minha dedicatória eles passearam por toda a tenda, buscando livros que gostavam. O difícil foi convencê-lo que já era hora de ir para casa. Adorei ver que aquele corpinho inquieto e nervoso está habitado com um leitor precoce.

A Feira do livro de Castellón é bem pequena, no entanto melhor isso que nada. 😉  Agora vou deixar para vocês uma lista das feiras internacionais mais importantes. Eu nunca fui a nenhuma, assim que se você visitou alguma delas conte-nos como foi a experiência.

 Frankfurt Book Fair:
http://www.book-fair.com/

Feria Internacional del Libro de Guadalajara (México)
Información sobre la feria y programa de actividades. Plano de la exposición y catálogo de expositores.
http://www.fil.com.mx/

Feria Internacional del Libro de Buenos Aires
Información práctica sobre la feria, programa de actividades, catálogo de expositores, participaciones especiales y personalidades, prensa y publicidad.
http://www.el-libro.org.ar/ 

LIBER. Feria Internacional del Libro
Información general a visitantes y expositores. Relación de expositores y catálogo oficial. Calendario de actividades.
http://www.salonliber.es/ 

Rio de Janeiro Internacional Book Fair: Rio de Janeiro – Brasil. Septiembre. http://www.fagga.com.br

Feria del Libro de Bogotá
Información general sobre la feria, expositores y noticias.
http://www.feriadellibro.com/

Cairo International Book Fair
Página oficial de la Feria Internacional del Libro de El Cairo.
http://www.cairobookfair.org/
Hong Kong Book Fair
Información general (en inglés) de la Feria Internacional del Libro de Hong Kong.
http://hkbookfair.hktdc.com/ 

London Book Fair Exhibition
Página oficial de la Feria Internacional del Libro de Londres.
http://www.londonbookfair.co.uk/
Salon du Livre (París)
Página oficial en francés e inglés del Salón Internacional del Libro de París.
http://www.salondulivreparis.com/

Obrigada pela companhia e até logo 😉

contoterapia claudine bernardes

Um conto para unir laços: Arthur o Supergato.

(Para leer el texto  en español pincha en: Arthur el super gato)

Arthur el super gato Claudine Bernardes
Texto e ilustração: Claudine Bernardes

Um conto unindo dois mundos

No ano passado o meu filho estudou a vida dos gatos (no jardim de infância). Como de costume, sua professora pediu aos pais que enviemos informação e conteúdo para que as crianças possam compartilhar com toda a classe. Como gosto muito de contos, pensei que seria uma boa ideia escrever um conto e assim também poderia exercitar e melhorar minhas ilustrações (já sei que ainda tenho muito trabalho pela frente).

O resultado foi: Arthur o supergato.  Todos os contos que escrevo tem uma finalidade que vai mais além da lúdica, porque acredito que um conto pode fazer muito mais que somente entretener as crianças. Esse enfoque segui ao escrever o conto, cujos personagens são todos reais: Meu filho (narrador e personagem), Tia Fran (minha irmã) e Arthur (o gato da minha irmã). O conto é narrado pelo meu filho, e a ideia que plasmei é de como se ele estivesse lendo o conto e passando as páginas do livro (observe que nos cantos das páginas aparece a sua mão). Misturei imagens reais (fotos feitas pela minha irmã) com as minhas ilustrações.

Quando mostrei o resultado final para o meu filho, ele ficou encantado. Se sentiu conectado com uma parte de mim que ainda não conhecia: O Brasil.

Meu filho ainda não esteve no Brasil e só conhece alguns membros da minha família que estiveram aqui na Espanha. No entanto a tia Fran ainda não esteve aqui, ele só a conhece através do computador. Poder entrar no mundo mágico dos contos, ser um dos personagens e compartilhar essa história com a tia e seu gatinho fez com que ele se sentisse mais próximo da minha família que vive no Brasil

Depois que imprimi o conto, meu filho levou sua história ao jardim e a contou, cheio de orgulho, aos seus amiguinhos. Foi um sucesso!

É importante que seus filhos conheçam a sua história

Viver longe do seu  lugar de nascimento, longe da sua cultura, não deve ser um impedimento a que seus descendentes tenham acesso a essa cultura. É importante que os seus filhos conheçam a sua história, porque também faz parte da história deles. Compartilhe com eles as suas aventuras de criança, as lendas locais os “causos”, os personagens que fizeram parte da sua infância.  Suas histórias enriquecerão a vida dos seus  filhos e os deixarão mais próximos a você.

Agora deixo o conto completo (pulsa sobre a imagem para vê-la mais grande):

cuento Arthur el Super Gato Claudine Bernardes

Espero que tenha gostado. Deixe a sua opinião e se puder, compartilhe o post. Até breve! 😉

 

Contoterapia – Que bicho é esse?

(Para leer el texto en Español pincha en: Cuentoterapia)

A caixa de imaginação contoterapia

Hoje vou compartilhar com vocês algo muito importante para mim e que tem sido um grande instrumento na educação do meu filho.

Antes de ser mãe havia lido dezenas de livros sobre como educar os filhos. Com tanta informação, pensei que já estava preparada e que tiraria de letra essa tarefa. Hoje dou risadas de mim mesma, e da minha grande ignorância. Os primeiros anos com o meu filho foram desastrosos e eu me sentia perdida e desesperada.  Foi então que descobri o mundo mágico dos contos e como poderia usá-los para educar ao meu pequeno terremoto. Para minha surpresa, ele reagia positivamente e captava os ensinamentos das historias que eu criava e havia uma mudança de comportamento.

Um exemplo: Ele começou a utilizar constantemente a palavra tédio. “Que tédio, mamãe!” “Que entediado estou.” “Não me divirto nada, que tédio!”

Criei horror a essa palavra. Eu não podia aceitar que o meu filho crescesse pensando que a vida é um tédio. Então, criei um conto cuja mensagem final é “Quem tem imaginação nunca se entediará.” Esse passou a ser o seu conto favorito e consegui arrancar essa “maldita” palavra do pensamento dele.

Houve uma mudança de pensamento, baseada na reflexão aprendida através do conto.

Depois dessa experiência comecei a pesquisar sobre o assunto e vi que existem muitos profissionais tanto na área da educação como da psicologia que realizaram vários estudos sobre a influência dos contos na conduta humana. Acabei me apaixonando pelo assunto e agora estou fazendo uma Posgraduação em Contos e Fábulas Terapéuticas.

O Conceito de Contoterapia que mais se identifica ao enfoque que estudo é:

A contoterapia é a técnica e ferramenta que se baseia no uso de contos e material didático, para abordar diversas situações socioemocionais e comportamentais apresentadas por algumas crianças, entre elas: manifestações de tristeza, ansiedade, emoções positivas e negativas, baixa regulação como condutas imediatistas, impaciência, deficiência no controle de impulsos e intolerância. Também estão comportamentos perturbadores como: agitação, distração, gritos, maltrato físico ou verbal por parte da criança. Além disso também podem ser tratadas temas como: conflito armado, morte, mudanças na estrutura familiar e déficit em habilidades comunicativas. (1)

Conforme explica Bruno Bettelheim, os contos

Ajudam as crianças a elaborar seus medos e conflitos afetivos, a criar identificação positiva e formar referentes que lhe darão segurança no seu processo de amadurecimento. Os contos são especialmente adequados para as crianças, já que prendem sua atenção, porque são capazes de diverti-las, aumentar sua curiosidade, estimular sua imaginação e enriquecer sua vida, ao mesmo tempo que ajudam a desenvolver seu intelecto, reconhecer suas emoções, tratar a ansiedade e abordar seus sonhos.

No entanto, algo que tenho percebido é que a contoterapia está enfocada para ser um instrumento dentro da educação escolar, quando a minha proposta é aproximar esta técnica à esfera familiar.

O instrumento principal será um conto, uma historia para ser contada pelo pai/mãe ao filho/filha. Além da história darei algumas sugestões de como trabalhá-la para alcançar um objetivo determinado. Um exemplo simples é o meu livro “Carlota não quer falar”, no qual aplico as técnicas da contoterapia para criar um espaço onde pais, professores e psicólogos podem trabajar as capacidades emocionais das crianças. Tudo isso através de um conto interativo, um jogo (Ludos das Emoções com trinta cartas) e um Projeto de Educação Emocional, cheio de jogos, dinâmicas e atividades. Através deste material as crianças aprenderão sobre os sentimentos, e se fortalecerão os vínculos familiares.  

Bem, não quero ser muito extensa nesse post, já que se trata de uma introdução a outros, onde pouco a pouco vamos desenvolvendo e compreendendo como aplicar a contoterapia em casa.

Obrigada por acompanhar-me até aqui. Se você tem alguma sugestão ou dúvida deixe seu comentário, será um prazer trocar ideias. Até breve.

 


(1) Cuentoterapia un programa funcional de intervención psicopedagógica de conductas internalizantes y externalizantes en niños de básica primaria. Autores: Martínez Luján, Catalina. Ramírez Atehortúa, Cristina. Pineda Córdoba, Manuela.

logo do blog a caixa de imaginação

Você está criando pássaros em gaiola de concreto?

(Para leer el texto en Español pincha en: Pájaro en jaula de concreto)

pássaro na A Caixa de Imaginação
Ilustração: Claudine Bernardes

O passarinho na gaiola de concreto

O pobre passarinho está preso na gaiola.
Dão-lhe de beber e dão-lhe de comer.
Esperam que cante…
mas, cantar o quê?
Cantar de como é triste a sua prisão?
Que suas asas doem e deseja sua libertação?

O pobre passarinho está preso em sua triste gaiola,
feita de tijolo e revestida de cimento.
Dão-lhe de comer, dão-lhe de beber,
ensinam-lhe a ler.

O triste passarinho já nasceu numa jaula.
Entretanto, ainda é pássaro e anela voar.
Sem perder a determinação,
suas frágeis asas chocam-se
constantemente contra a prisão.

O pequeno pássaro deseja fugir da estreita
gaiola revestida de cimento,
por isso molesta, protesta,
mas ninguém lhe presta atenção.

Inscrevem-lhe em atividade extraescolar,
talvez assim deixe de importunar.
Com a mente cansada e a asa quebrada
o pobre passarinho cai rendido,
mas, ainda assim, não desistiu de voar.
(Claudine Bernardes)

As vezes sinto que estou criando um pássaro numa gaiola de concreto.

Brincar é a atividade mais importante para as crianças.

Não se trata somente de diversão, é também uma maneira de desenvolver-se e de aprender. Segundo o artigo de Melinda Wenner Moyer, na revista “Mente y Cerebro” nº 46 (A importância de brincar),

“A brincadeira estimula a inteligência e reduz o stress. Além disso, de acordo com diversos estudos realizados, a falta da brincadeira na infância, junto com o maltrato, constituem duas variáveis que deterioram o desenvolvimento.”

Lembro-me que de pequena, brincar era o centro da minha vida. Sozinha, com os irmãos, primos ou vizinhos, nos sobrava tempo e o bairro era o nosso jardim de jogos. Estudava? Claro que sim! No entanto tínhamos a liberdade de fazer o que quiséssemos com o nosso tempo livre. Eram outros tempos, não nego. Hoje em dia as crianças já não vivem com tanta liberdade, principalmente aqui na Espanha, onde a maioria das famílias vivemos em edifícios. Soma-se a esta realidade o fato de que na maioria das famílias, ambos pais trabalham e as crianças devem passar cada vez mais tempo ocupadas. Começam a estudar cada vez mais jovens (meu filho aos quatro anos já sabia ler), e para ocupar o tempo são matriculados em diversas atividades extraescolares.

Você pensa que estou exagerando?

Conheço a muitas crianças que chegam no colégio às 8h da manhã (algumas antes), almoçam lá, e as 17h, quando termina a aula, devem participar de inúmeras atividades extraescolares (dança, patinagem, futebol, piscina, matemática etc.). Depois dessa frenética atividade diária, a pobre criança chega em casa e ainda deve fazer os deveres, estudar para provas, jantar, tomar banho e cair rendida de sono… porque no dia seguinte começa tudo outra vez.

É como se cada momento da vida da criança devesse estar programado. Ocupar o tempo dos filhos com qualquer coisa, virou uma obsessão na cabeça dos pais.

Sobre isso, Melinda Wenner Moyer adverte que

“Atualmente os pais priorizam para seus filhos as atividades estruturadas, deixando pouca margem para brincadeiras e jogos livres, os quais beneficiam a criatividade, a cooperação e a conduta social.”

O quê podemos fazer para ajudar as nossas crianças?

Como mãe gostaria que meu filho tivesse uma infância tão feliz como a minha, porém, sou consciente de que não lhe posso dar algo igual. O poema e a imagem que aparecem nesse post, foram feitos por mim para lembrar-me sobre a minha responsabilidade quanto à felicidade do meu filho. E para que isso não caísse no esquecimento, coloquei a imagem num quadro e a pendurei na parede, em frente da minha mesa de trabalho.

Meu escritorio

Outra coisa que fizemos (meu marido e eu) foi criar algumas regras de conduta que nos ajudariam a não manter nosso filho em uma jaula:

1 – A educação do nosso filho é nossa responsabilidade: Hoje em dia a maioria dos pais delega ao estado a responsabilidade sobre a educação de seus filhos. O colégio é um apoio, porém, como pais decidimos estar sempre envolvidos na sua educação, essa é nossa responsabilidade. Dessa forma, nosso pequeno passa no colégio somente o tempo essencial e obrigatório.

2 – Brincar sem outras pretensões: Brincar por brincar, fazendo suas escolhas, bagunçando toda a casa se é necessário (com a responsabilidade de organizar seus brinquedos depois que termine de brincar).

3 – Ir ao parque: não temos jardim, e nosso edifício não tem área de jogos, por isso nos esforçamos por levá-lo ao parque com frequência. Ali pode brincar com outras crianças, inventar mundos entre as árvores e despertar sua imaginação.

4 – Atividade extraescolar limitada: decidimos que somente lhe matricularemos em uma atividade extraescolar, a qual será escolhida levando em conta as suas preferências.

5 – Brincar com a imaginação e reforçar a concentração: Nosso pequeno tem dificuldade em concentrar-se, por isso utilizamos jogos lúdicos que fomentam a concentração (ludo, jogo da velha, Oca etc.), além disso buscamos fazer trabalhos manuais em família e criamos nossas próprias histórias infantis.

Sou consciente, que tentando ser bons pais já cometemos muitos erros. Muitos dias serão duros outros nem tanto, porém nunca desistiremos de dar o melhor, para que o nosso filho sinta-se amado da mesma forma como nos sentimos amados pelo nosso Criador.

Se você entende o Espanhol, recomendo que veja esse vídeo:

Seria ótimo receber a sua opinião ou sugestão. A Caixa de Imaginação é um instrumento de comunicação bilateral, sinta-se a vontade para fazer parte do nosso canal. 😉

Lugares que me convidam a escrever: Alejandro

(Puedes leer este texto en Castellano: Lugares que invitan a escribir “Alejandro”)

Alejandro dormindo

Dorme, meu coração, porque enquanto sonhas velarei por ti. Estás tão sereno que ninguém diria que acordado tu és meu tsunami e minha alegria. Segues crescendo, meu amor, mas enquanto eu seja a tua “mamá querida” te guardarei nos meus braços e te encherei de carinhos. Já virá o dia em que terás vergonha de fazer-me mostras de afeto em público. Mas ainda assim, te olharei nos olhos e ali, escondido dentro de ti, verei todo o amor que tens por mim. Descansa entre sonhos, minha vida, e perdoa-me por todos os erros que cometi pelo caminho. Eu sei que foram muitos! No entanto, se há algo que possa dizer em minha defesa, é que me equivoquei, não por amar pouco, sim por amar intensamente e desejar que fosses o melhor de mim. Ah, “mi niño”! Não entendo como pudeste transformar toda minha vida em tão pouco tempo. Me mostraste que me falta paciência, me sobra intolerância e ainda assim me amas. Sigo aprendendo, “cariño”, porque contigo estou no caminho… espero caminhar ao teu lado durante muitos anos. Dorme, meu coração.

Alejandro piscina

Oceano

Se há um lugar que me convida a escrever, e onde encontro inspiração, esse lugar é o meu filho. Talvez você dirá que pessoas não são lugares, no entanto terei que discordar. Todas as pessoas somos lugares! Há pessoas que são oásis, enquanto outras são deserto; há pessoas lar, pousada, parada de descanso; há também pessoas ponto de partida, estão as que são ilhas enquanto outras são pontes. Alejandro é um oceano, onde às vezes sinto que me afogo por não saber nadar. É tão belo em seu azul infinito, porém no mesmo lugar onde reina beleza e calma também há tempestade e perigosos monstros marinhos. Às vezes observo meu reflexo nas suas águas e vejo que o monstro sou eu. Não é fácil ser mãe, entretanto é inspirador. Os sentimentos que experimentei, durante estes últimos cinco anos, mudaram minha forma de ver o mundo, de ver-me e de compreender as outras pessoas. Tudo isso me motivou a escrever. Não só isso! Despertou a escritora adormecida. Estou agradecida a Deus por ter colocado esse pequeno furacão na minha vida, porque nele eu vi o quanto me sobra e o quanto me falta. Te amo meu oceano!

Alejandro Paola

E para terminar, deixo umas frases que extraí de uma entrevista da grande escritora Isabel Allende. Nesse trecho ela fala sobre o processo criativo, espero que goste:

“O processo criativo é misterioso e passa num lugar do corpo e da mente ao qual não temos acesso na vida consciente. Por que uma pessoa quer escrever sobre um tema em particular? Porque é o momento. Para escrever minha primeira novela demorei 39 anos. (…)

Se vai gestando como um bebê e chega o momento em que a história está madura para nascer. Esse momento ninguém pode determinar, pode ser cinco anos, pode ser cinco minutos. (…)

Há momentos na vida que são umbral (entrada, limiar). A adolescência é um umbral (…) também está o momento em que uma mulher dá a luz e nascem os filhos. Quando a pessoa se transforma em pai ou mãe. Porque entra em outra etapa da vida.”

Lembre-se que A Caixa de Imaginação é um canal de comunicação, por isso estou esperando os seus comentários. Até breve!