Quem tapa minha boca
não perde por esperar
o silêncio de agora
amanhã é voz rouca
de tanto gritar.
Quem tapa meus olhos
nada esconde de mim
Sei seu nome e o seu rosto,
o lugar que estou
sua noite sem fim.
quem tapa meus ouvidos
me faz escutar mais
Igualei-me às muralhas
e o silêncio mais fundo
guarda o rumor do mundo.
Quem me quer sem memória
erra redondamente.
Lembro-me de tudo
e, cego, surdo e mudo
até do esquecimento.
E quem me quer defunto
confunde verão com inverno.
Morto, sou insepulto.
Homem, sou sempre vivo.
Povo, sou eterno
Hoje é o aniversário de Lêdo Ivo, um dos poetas que marcou minha adolescência. Foi na quinta série, aos 11 anos, no livro Palavras e Ideias, de José de Nicola e Ulisses Infante, onde li pela primeira vez esse maravilhoso poema de Lêdo Ivo. Hoje compartilho com você essa homenagem.
OS POEMAS
É meu corpo que escreve os meus poemas.
Minha alma é a sucursal da minha mão.
As palavras me buscam no silêncio.
Palavras são estrelas que reclamam
o papel branco: céu, constelação.
(Lado Ivo)
Lêdo Ivo é jornalista e escritor de prosa e verso. Nasceu em Maceió, Alagoas, no dia 18 de fevereiro de 1924. Faleceu no dia 23 de dezembro de 2012, aos 88 anos, na Espanha.
Em 1982, Lêdo Ivo foi distinguido com o Prêmio Mário de Andrade, conferido pela Academia Brasiliense de Letras ao conjunto de suas obras. Em 1986, recebeu o Prêmio Homenagem à Cultura, da Nestlé, pela obra poética. Eleito “Intelectual do Ano de 1990”, recebeu o Troféu Juca Pato do seu antecessor nessa láurea, o Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns.
Lêdo Ivo é considerado uma das figuras de maior destaque na moderna literatura brasileira, notadamente na poesia. Seu romance Ninho de cobras (1973) foi traduzido para o inglês, sob o título “Snakes’ Nest”, e em dinamarquês, sob o título“Slangeboet”. No México, saíram várias coletâneas de seus poemas, entre as quais “La imaginaria ventana abierta”, “Oda al crepúsculo”, “Las pistas e Las islas inacabadas”. Em Lima, Peru, foi editada uma antologia, “Poemas”, e na Espanha saiu a antologia “La moneda perdida”.
Eleito em 13 de novembro de 1986 para a Academia Brasileira de Letras, Cadeira nº 10, sucedendo a Orígenes Lessa, foi recebido em 7 de abril de 1987, pelo acadêmico Dom Marcos Barbosa.
Vamos a alguns videos:
E essa foi a homenagem de “A Caixa de Imaginação” a Lêdo Ivo. Até logo 😉
(Para leer ese texto en Español pincha en: Soy Jardín)
Ilustração: Claudine Bernardes
Sou Jardim
Posso parecer uma muralha sombria,
feita de ásperas pedras,
enegrecida pelo tempo.
Mas, dentro conservo um jardim,
onde vivem flores e pássaros.
Dentro de mim a vida sorri.
Ainda que pareça velha,
porque sou velha,
o tempo dentro de mim se congelou.
Se te atreves a olhar-me,
despojado de preconceitos,
verás que por dentro sou um jardim.
Que as flores nascem dentro de mim.
Sei que chegará o dia,
em que meus movimentos se retardem,
que meus músculos se travem.
Inclusive a memória,
o bem mais precioso que tenho,
se irá e me deixará.
Ainda assim, se te atreves a olhar-me,
despojado de preconceitos,
verás que dentro levo canção.
Porque na minha vida, as vezes amarga,
por momentos tormentosa e afligida,
sempre fui uma muralha,
que guardava dentro um jardim
e uma bela canção.
Fora…
fora deixei tudo o que é feio,
mau e sujo.
Tudo o que poderia matar o jardim
que guardo dentro.
(Claudine Bernardes)
Meu conselho de hoje é simples:
Ainda que lá fora ocorra um furacão, ainda que não sejas belo ou já não sejas tão jovem, guarde dentro a sua beleza. Custodia como um tesouro o mais valioso que você tem, porque o que você leva dentro é a essência do seu caráter.
Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida. Provérbios 4:23
O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o coração”. Lucas 6:45
E você o que leva dentro?
Obrigada por passar pela minha Caixa de Imaginação. Espero os seus comentários. Até logo. 😉
(Para leer la entrada en Español pincha en: Empatía)
Empatia
A bailarina girava y girava enquanto centenas de olhos atentos a observavam.
A bailarina saltava e saltava, enquanto centenas de corações saltavam com ela.
Todos desejosos de sentir a mesma liberdade, a mesma destreza e o mesmo controle sobre seu próprio corpo.
A bailarina dançava conduzindo a plateia a dançar com ela.
A bailarina caiu, torcendo o pé e chorando de dor.
Mas ela não estava só, centenas de lágrimas caíram compartindo a sua dor.
(Claudine Bernardes)
Nos últimos dias a palavra “empatia” permeia a minha mente, como se me buscasse constantemente (que dramática essa frase – risos)
A EMPATIA é
“a capacidade de dar-se conta do que as outras pessoas estão sentindo e compartilhar esses sentimentos em algum grau”.
López, F., Carpintero, E., Campo, A., Soriano, S. y Lázaro, S. (2006). La empatía y el corazón social inteligente. Cuadernos de pedagogía nº 356.
Hoje não vou falar como desenvolver a empatia, nem nada pelo estilo (talvez fale sobre isso em outro post). Quero falar sobre algo que li hoje mesmo, e que chamou a minha atenção: Os Neurônios Espelho e a conexão com a empatia.
“Ao observar um espetáculo de música ou um teatro, as vezes experimentamos a necessidade de realizá-lo, inclusive sentimos sensações derivadas ao observá-lo. Segundo estudiosos isso acontece porque enquanto observamos o espetáculo, no nosso cérebro se ativam uns neurônios especiais, chamados neurônios espelho.
Os neurônios espelho são um grupo de células que foram descobertas pela equipe do neurobiólogo Giacomo Rizzolatti e que parece que estão relacionadas com os comportamentos empáticos, sociais e imitativos. Sua missão é refletir a atividade que estamos observando.
Foram realizados inúmeros estudos e se comprovou que existe um grupo de células que se ativam no cérebro quando um animal ou ser humano realiza uma atividade, e quando se observa a outros executando uma ação, produzindo uma representação mental da mesma. É daí que surge a palavra “espelho”.
Um neurônio espelho, por tanto, é uma célula nervosa que se ativa em duas situações:
1. Ao executar uma ação;
2. Ao observar a execução de uma ação.
Curiosidades sobre os neurônios espelho:
Este tipo de células se encontram na corteza frontal inferior do cérebro, próximas a zona da linguagem, permitindo que os pesquisadores estudassem a relação existente entre a linguagem e os gestos e sons.
Os neurônios espelho são as células encarregadas de fazer-nos bocejar quando vemos outra pessoa bocejando. Também é graças a eles que as vezes imitamos um gesto de alguém que está próximo sem saber o motivo.
Além disso, os neurônios espelho desempenham um papel fundamental na psicologia, no que se relaciona com a parte comportamental, como é a empatia, o aprendizado pela imitação, a conduta de ajuda aos outros etc., demonstrando uma vez mais que somos seres sociais.”
Foto de Arquivo: Claudine Bernardes Lugar: Desierto de ls Palmas, Castellón de la Plana
No Meio do Caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra.
Tinha uma pedra no meio do caminho.
No meio do caminho tinha uma pedra.
(Carlos Drummond de Andrade)
Drummond nos deixou bastante claro que no meio do seu caminho tinha uma pedra. Porque sempre há pedras no caminho, no meu, no teu, no vosso, sempre há pedras.
Outro dia enquanto pedalava encontrei uma pedra no meio do caminho. A resposta foi rápida, a escolha fácil: desviei da pedra. Há pedras que podem ser desviadas, porque o caminho é largo e bem asfaltado. Entretanto, há momentos em que o caminho é um verdadeiro pedregal, então qual é a opção? Desistir da caminhada e dar meia volta com o rabo entre as pernas? Sim, essa é uma opção. Quem nunca desistiu que atire a primeira pedra! Porém, não podemos viver constantemente dessa maneira, porque sempre haverá um caminho pedregoso para vencer, uma montanha para escalar, um rio para cruzar.
Quando entrarmos em caminhos pedregosos, lembremos que as pedras que não podem ser removidas ou desviadas, poderão ser escaladas, porque Deus nos criou com mãos e pernas para escalar. Também tenha em conta que estes caminhos pedregosos geralmente são os que nos conduzem aos lugares mais lindos. Quem como eu gosta de caminhar ou pedalar entre as montanhas, sabe que a subida é muito cansativa, cheia de pedras, buracos, encostas íngremes e escorregadias. Mas não deixamos de enfrentar esses árduos caminhos, porque é ali, entre pedras, espinhos e suor, onde nos sentimos mais perto do nosso Criador.
entrada: A pedra e o caminho. Foto de Arquivo: Claudine Bernardes lugar: Desierto de las Palmas
Seria ótimo receber a sua opinião ou sugestão. “A Caixa de Imaginação” é um canal de comunicação bilateral, sinta-se a vontade para fazer parte do nosso blog.
(Para leer el texto en Español, pincha en: Cazador de mí)
Fotografia de arquivo: Claudine Bernardes
Caçador de mim
Por tanto amor, por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz, manso ou feroz
Eu, caçador de mim
Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar longe do meu lugar
Eu, caçador de mim
Nada a temer
Senão o correr da luta
Nada a fazer
Senão esquecer o medo
Abrir o peito à força
Numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura
Longe se vai sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir o que me faz sentir
Eu, caçador de mim
Nada a temer
Senão o correr da luta
Nada a fazer
Senão esquecer o medo
Abrir o peito à força
Numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura
Vou descobrir o que me faz sentir
Eu, caçador de mim
(Milton Nascimento)
“Identidade”, a busca nossa de cada dia
Me lembro quando era só uma adolescente e li por primeira vez essa poesia. Sim, porque na época ainda não a conhecia como uma canção (clica para escutar a canção). Me senti imediatamente identificada. Sei que não sou a única, porque essa canção fala muito da condição humana: Somos caçadores de identidade.
Vivemos a intensa busca de algo que ainda não descobrimos o que é. Buscamos por nodos os lados, debaixo de cada pedra, em cada canto, nas gavetas escondidas e lugares desconhecidos. Não sabemos exatamente o que é, e não deixaremos de buscar. Entretanto, sabemos que nos falta algo. Nos sentimos como um quebra-cabeça ao qual lhe falta uma peça, aquela peça definitiva que dará sentido a tudo, que deixará coerente o conjunto.
Sei que muitos não estarão de acordo comigo, porém, creio com todo o meu coração que o “homem tem um vazio do tamanho de Deus”, como uma vez disse Dostoiévski. Creio que ao “homem” (gênero humano) lhe falta essa identificação com o eterno. Buscamos incansavelmente por essa eternidade perdida, porque Deus colocou o desejo de eternidade no nosso coração. Sabemos que um dia vamos morrer, porém isso não nos parece natural. A vida é natural, porque fomos criados para a eternidade. Onde a encontramos? Onde ela estará escondida?
Ele fez tudo apropriado a seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim este não consegue compreender inteiramente o que Deus fez. Eclesiastes 3:11
Qual é a sua opinião? Sinta-se livre para comentar, para complementar meu pensamento ou discordar completamente. Só quero saber o que você pensa.
(Para leer el texto en Castellano pincha en: Cambios)
Fotografia de Arquivo: Claudine Bernardes
Mudanças
A mesma de ontem?
Não, jamais volterei a ser.
Porque a pessoa de ontem
morreu quando dormi.
Hoje acordei um pouco diferente,
um pouco transformada.
Sou uma variação da pessoa de ontem,
uma nueva versão.
Ainda que a mudança seja pequena,
para alguns imperceptível,
te garanto…
não sou a mesma.
Choro mais nos filmes,
menos nos velórios.
Minhas perdas são menos sofridas.
No entanto, a pessoa de hoje
sofre mais com a perda alheia.
Insólito, verdade?
Confesso, gosto de mudar.
Gosto de “morrer-me para mim”
cada dia.
Porque assim, tenho a oportunidade
de voltar a tentar.
Bom, hoje já falei demais
e vivi o suficiente.
Chegou a hora!
A pessoa de hoje deve morrer.
(Claudine Bernardes)
Ano novo, mudanças e recomeços.
Acredito piamente na oportunidade diária de recomeçar, de mudar e de voltar a tentar. Amo cada dia, cada segunda-feira e cada ano novo, porque são sinônimos de esperança de que coisas novas podem passar.
Entretanto, sei que cada um de nós deve ser dono das oportunidades diárias que Deus nos brinda para melhorar como pessoa. Não podemos deixar que os dias passem sem que ocorram mudanças necessárias em nosso caráter. Essa é nossa responsabilidade. Infelizmente vejo pessoas que durante sua juventude eram adoráveis, cheias de esperança e fé, porém com o passar dos anos elas permitiram que esses bons sentimentos morressem nas suas vidas. Se tornaram em pessoas piores, tristes, mesquinhas. Creio que todos os dias devemos morrer, e voltar a nascer como uma pessoa melhorada, revigorada cheia de esperança, ainda quando tempo esteja nublado.
Te peço que faça esse exercício comigo.Observa-te no espelho e faça essas perguntas:
Como é essa pessoa de hoje? Já foi melhor? O que perdeu pelo caminho? Perdeu a fé, o amor próprio, a esperança? Que maus hábitos acreditas que hoje devem morrer quando dormires?
Lembre-se que todos os dias temos a oportunidade de mudar, porém nem todas as pessoas que estão na nossa vida esperarão as mudanças. Além disso, haverá um dia em que O DIA terminará para nós.
Fotografia e texto: Claudine Bernardes
Estás de acordo com essa reflexão? Espero receber o teu comentário. Obrigada por passar pela minha “A Caixa de Imaginação”. Até breve 😉
(Para leer el texto en Español pincha en: Soy lo que soy)
Ilustração e texto: Claudine Bernardes
Sou
Quem sou?
Sou a voz que não se
aquieta na tua consciência.
Que as vezes logra ser escutada
quando o teu “eu”,
teu sujo, fútil e pequeno “eu”,
se acalma.
Não sou uma estrela,
não sou um ser que flutua
em algum lugar desconhecido.
Estou no teu lado cada dia…
cada dia.
Posso calar-me,
se queres.
Mas não deixarei de existir
porque tu assim o queiras.
Posso falar
através de uma flor,
de um raio de sol,
mas não sou nem isso nem aquilo.
Sou o caminho, sou a porta,
a verdade e a vida. Sou o que sou.
E estarei ao teu lado cada dia…
cada dia.
Lembre-se que “A Caixa de Imaginação” é um canal aberto. Ficarei muito feliz de poder ler os seus comentários. 😉
O pobre passarinho está preso na gaiola.
Dão-lhe de beber e dão-lhe de comer.
Esperam que cante…
mas, cantar o quê?
Cantar de como é triste a sua prisão?
Que suas asas doem e deseja sua libertação?
O pobre passarinho está preso em sua triste gaiola,
feita de tijolo e revestida de cimento.
Dão-lhe de comer, dão-lhe de beber,
ensinam-lhe a ler.
O triste passarinho já nasceu numa jaula.
Entretanto, ainda é pássaro e anela voar.
Sem perder a determinação,
suas frágeis asas chocam-se
constantemente contra a prisão.
O pequeno pássaro deseja fugir da estreita
gaiola revestida de cimento,
por isso molesta, protesta,
mas ninguém lhe presta atenção.
Inscrevem-lhe em atividade extraescolar,
talvez assim deixe de importunar.
Com a mente cansada e a asa quebrada
o pobre passarinho cai rendido,
mas, ainda assim, não desistiu de voar.
(Claudine Bernardes)
As vezes sinto que estou criando um pássaro numa gaiola de concreto.
Brincar é a atividade mais importante para as crianças.
Não se trata somente de diversão, é também uma maneira de desenvolver-se e de aprender. Segundo o artigo de Melinda Wenner Moyer, na revista “Mente y Cerebro” nº 46 (A importância de brincar),
“A brincadeira estimula a inteligência e reduz o stress. Além disso, de acordo com diversos estudos realizados, a falta da brincadeira na infância, junto com o maltrato, constituem duas variáveis que deterioram o desenvolvimento.”
Lembro-me que de pequena, brincar era o centro da minha vida. Sozinha, com os irmãos, primos ou vizinhos, nos sobrava tempo e o bairro era o nosso jardim de jogos. Estudava? Claro que sim! No entanto tínhamos a liberdade de fazer o que quiséssemos com o nosso tempo livre. Eram outros tempos, não nego. Hoje em dia as crianças já não vivem com tanta liberdade, principalmente aqui na Espanha, onde a maioria das famílias vivemos em edifícios. Soma-se a esta realidade o fato de que na maioria das famílias, ambos pais trabalham e as crianças devem passar cada vez mais tempo ocupadas. Começam a estudar cada vez mais jovens (meu filho aos quatro anos já sabia ler), e para ocupar o tempo são matriculados em diversas atividades extraescolares.
Você pensa que estou exagerando?
Conheço a muitas crianças que chegam no colégio às 8h da manhã (algumas antes), almoçam lá, e as 17h, quando termina a aula, devem participar de inúmeras atividades extraescolares (dança, patinagem, futebol, piscina, matemática etc.). Depois dessa frenética atividade diária, a pobre criança chega em casa e ainda deve fazer os deveres, estudar para provas, jantar, tomar banho e cair rendida de sono… porque no dia seguinte começa tudo outra vez.
É como se cada momento da vida da criança devesse estar programado. Ocupar o tempo dos filhos com qualquer coisa, virou uma obsessão na cabeça dos pais.
Sobre isso, Melinda Wenner Moyer adverte que
“Atualmente os pais priorizam para seus filhos as atividades estruturadas, deixando pouca margem para brincadeiras e jogos livres, os quais beneficiam a criatividade, a cooperação e a conduta social.”
O quê podemos fazer para ajudar as nossas crianças?
Como mãe gostaria que meu filho tivesse uma infância tão feliz como a minha, porém, sou consciente de que não lhe posso dar algo igual. O poema e a imagem que aparecem nesse post, foram feitos por mim para lembrar-me sobre a minha responsabilidade quanto à felicidade do meu filho. E para que isso não caísse no esquecimento, coloquei a imagem num quadro e a pendurei na parede, em frente da minha mesa de trabalho.
Outra coisa que fizemos (meu marido e eu) foi criar algumas regras de conduta que nos ajudariam a não manter nosso filho em uma jaula:
1 – A educação do nosso filho é nossa responsabilidade: Hoje em dia a maioria dos pais delega ao estado a responsabilidade sobre a educação de seus filhos. O colégio é um apoio, porém, como pais decidimos estar sempre envolvidos na sua educação, essa é nossa responsabilidade. Dessa forma, nosso pequeno passa no colégio somente o tempo essencial e obrigatório.
2 – Brincar sem outras pretensões: Brincar por brincar, fazendo suas escolhas, bagunçando toda a casa se é necessário (com a responsabilidade de organizar seus brinquedos depois que termine de brincar).
3 – Ir ao parque: não temos jardim, e nosso edifício não tem área de jogos, por isso nos esforçamos por levá-lo ao parque com frequência. Ali pode brincar com outras crianças, inventar mundos entre as árvores e despertar sua imaginação.
4 – Atividade extraescolar limitada: decidimos que somente lhe matricularemos em uma atividade extraescolar, a qual será escolhida levando em conta as suas preferências.
5 – Brincar com a imaginação e reforçar a concentração: Nosso pequeno tem dificuldade em concentrar-se, por isso utilizamos jogos lúdicos que fomentam a concentração (ludo, jogo da velha, Oca etc.), além disso buscamos fazer trabalhos manuais em família e criamos nossas próprias histórias infantis.
Sou consciente, que tentando ser bons pais já cometemos muitos erros. Muitos dias serão duros outros nem tanto, porém nunca desistiremos de dar o melhor, para que o nosso filho sinta-se amado da mesma forma como nos sentimos amados pelo nosso Criador.
Se você entende o Espanhol, recomendo que veja esse vídeo:
Seria ótimo receber a sua opinião ou sugestão. A Caixa de Imaginação é um instrumento de comunicação bilateral, sinta-se a vontade para fazer parte do nosso canal. 😉
“A memória, nossa máquina do tempo, guarda segredos, dívidas e palavras. Também fabrica ilusões e desejos que não medem consequências, caminhando pela fina linha que separa a nostalgia dos sonhos.”
(Juan Carballo)
Não, o título não está equivocado. É exatamente assim “A máquina do tempo”, escrita, composta, declamada e cantada por “Juan Carballo”.
Não sou crítica musical ou literária, e explicar a beleza dessa obra (porque considero esse trabalho uma obra de arte) é uma tarefa difícil. Mas te peço, querido leitor, que escute a melodiosa composição de poesia-musical realizada por Juan Carballo. O autor é de origem galega ou seja, sua família procede de Galícia (Galiza), que está no norte de Espanha e divisa com Portugal. Por essa razão você observará que suas composições estão no idioma “gallego” (Língua Galega). Na verdade não é difícil de compreender, porque, na minha opinião, a Língua Galega é o idioma que possui mais semelhança com o português.
“A Máquina do Tempo” além de estar formada por melodiosas canções, poesias profundas e vozes que acompanham perfeitamente a intenção dos textos, também se completa com belas ilustrações de Nuria Díaz.
Na minha opinião as ilustrações completam e aportam muito valor ao livro/disco.
Agora, escutemos um pouco do seu trabalho em audio:
Para conhecer um pouco mais sobre Juan Carballo você pode entrar no seu site ou blog.
Então, qual a sua opinião? Já havia escutado alguma música na língua galega? Espero seus comentários. 😉
(Para leer esta publicación en Español pincha: No quiero flores)
Quando eu fechar meus olhos,
será o mais natural possível,
Sem mágoas, remorsos
ou arrependimentos.
Quando apagar-se a luz
da minha vida neste corpo,
Não quero que lágrimas
sejam derramadas sobre
a matéria que se fará presente.
Não espero lamentações nem dor.
Quando meu espírito deixar meu corpo, e
meus olhos não brilharem mais,
ou sorriso não existir mais em minha face,
não se entristeçam por isso.
Eu fui para o meu Criador.
Não quero coroas caras,
não deixem que as flores
sejam sepultadas comigo,
Não as matem por mim.
Deixem-nas viverem
até que o sol as queimem
e elas sequem e murchem naturalmente.
Porque então, neste dia eu serei
como uma flor seca pelo sol da vida.
Uma flor que um dia nasceu,
deixando que sua raiz se aprofundasse na terra-vida.
Que fez o máximo para deixar o dia
dos que a viam mais alegre e perfumado.
Não chorem pela flor que murchou,
se alegrem pelas lembranças que ela deixou.
(Claudine Bernardes)
Fotografia e edição: Claudine Bernardes
Essa poesia revela uma verdade que compreendi: “Sou viajante com pé na estrada, um visitante com hora marcada”. Escuta a linda música da Roberta Spitaletti:
Obrigada por passear pela minha “Caixa de Imaginação“. Se gostou, compartilha com os seus amigos. Para receber minhas publicações, basta clicar em “seguir“. Será um prazer contar com a sua presença e ler seus comentários. 😉